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Katsuki encarou a mulher a sua frente antes de bufar encarando o teto, ele sequer sabia o que estava fazendo ali! Não precisava de terapia! O mundo que resolveu enlouquecer, não ele!

Encarou novamente a mulher, a psicóloga, ainda esperava calmamente que respondesse a pergunta que havia sido feita, porém Katsuki não estava com humor para isso. Podia muito bem passar uma hora inteira calado!

Olhou para as paredes inquieto, sentindo-se encurralado. Ela poderia ao menos para de o encarar! Isso já estava irritando e, por questões de segurança, usava essa pulseiras idiotas que não permitiam suas explosões!

Estava sendo tratado como um maldito vilão! Merda! Bem que Shigaraki falava que apenas sua peculiaridade poderosa era o suficiente para todos o odiarem e machucarem mesmo sem motivo!

Shigaraki...

Katsuki arregalou os olhos antes de encarar a mulher a sua frente, o coração aos saltos.

- Por que?

A psicóloga piscou, não entendendo a mudança abrupta do adolescente a sua frente. Ela não tinha medo dele, era apenas uma criança com muito para lidar, mas sabia que era parte das regras já que na ficha dele constava que poderia ter ataques de raiva.

- Terá de me falar mais para que eu possa entender sua questão.

Katsuki bufou irritado enquanto se endireitava no lugar, os olhos vermelhos injetados em orbes azuis gentis.

- Por que as peculiaridades definem o que você é?

- Oh... o que te faz pensar que define?

- Eu... eu vou ser um herói - Katsuki encarou suas mãos as sentindo aquecer, mas não explodiram - Porque eu nasci com uma peculiaridade brilhante então todos me garantiram que serei o herói que sempre quis, mas M- m-meu amigo nasceu com uma peculiaridade ruim então todos o odeiam e o tratam como o próximo vilão.

Não aguentando mais ficar sentado, o Bakugou levantou novamente, começando a divagar, se conseguisse se observar de fora notaria estar fazendo a mesma coisa que odiava em Izuku, murmurando enquanto teorizava.

- Sei que a peculiaridade é algo genético, que está em nosso DNA, inclusive é fator chave para definir nossas personalidades, o problema é que não entendo como isso pode definir nossos futuros...

- Por que não definem, Katsuki - A voz da psicóloga o congelou no lugar, seus olhos piscando como os de uma coruja ao encará-la novamente - Nossas peculiaridades nada mais são do que um novo membro em nosso corpo e isso não define o que somos, o que fazemos dela é que define.

O Bakugou assentiu, finalmente se acalmando ao sentar-se.

Shigaraki não era um vilão só porque sua peculiaridade era destrutiva, assim como Katuski também não era um vilão, eles poderiam ser heróis, os dois.

Katsuki poderia ser o player dois de Shigaraki, porém não precisavam ser os boss dessa campanha.

- Eu... eu tenho um amigo que foi muito maltratado por sua peculiaridade, ele ouviu sobre Stain e... bem, quero o ajudar - Segredou, Katsuki não estava louco, porém Shigaraki sim e ele ajudaria o mais velho.

Salvaria o amigo e mostraria ao mundo como nasceu para ser um herói!

A mulher sorriu satisfeita, se esse amigo era real ou não, não conseguiria descobrir em apenas uma sessão, porém já era muito bom que o garoto decidisse falar e ainda mais que tocasse no tópico mais sensível listado em sua ficha logo na primeira seção.

Esperava poder trabalhar mais isso com ele.

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Hitoshi sentiu as bochechas esquentarem com o elogio de Mic-sensei sobre sua postura enquanto continuava sua luta.

A aula de heroísmo era combate corpo a corpo sem peculiaridade e ele havia sido sorteado para lutar contra Kaminari.

O loiro era engraçadinho, fazendo piadinhas durante toda a luta, para grande descontentamento de Hitoshi que já não aguentava mais o ouvir falar! Por sorte, logo Mic-sensei anunciou o término das lutas e os dois se afastaram.

Izuku treinava com Aoyama e sorriu fechado para o loiro antes de correr para perto do irmão mais velho.

- Hey, Izu, você parece animado - O arroxeado sorriu para o menor que assentiu - Isso tudo porque conseguimos permissão para passar um pouco do horário passeando com aquela lá?

- Houro não é 'aquela lá', Toshi! - Izuku inflou as bochechas fazendo o irmão mais velho rir - E vai ser divertido!

- Hai, hai, vocês dois são tão cansativos, sinceramente...

- Além disso, Takahashi-kun e os outros estarão também.

- Por que esse destaque no representante idiota? - O Shinsou franziu o cenho com a risada do menor - Além disso, saber que ele estará conosco só me faz querer desistir de ir.

- P-preferia que estivessem sozinhos?

- Izuku!

O Midoriya riu satisfeito, apesar de ganhar um cascudo.

- Ei, Kirishima - A voz de Ashido o assustou fazendo o ruivo desviar o olhar dos filhos adotivos de Aizawa-sensei para a amiga - Limpa a baba que está escorrendo.

- Não sei do que está falando - Ejirou franziu o cenho fazendo a menor rir.

- Ata, todo mundo já notou, até mesmo o sr. Insônia - A rosada garantiu - Só não Midoriya...

- E não é para ele saber - O Kirishima chiou.

- Oh?! Então admite!

- Eu nunca neguei - Resmungando, Ejirou entrou seguindo para os vestiários enquanto ignorava os risos da melhor amiga.

Ele sempre foi extremamente transparente com seus sentimentos e sabia bem que tinha um crush na pequena bolinha de fofura que era Midoriya Izuku, porém seus esforços nada tinham de maliciosos, realmente queria a amizade do menor e, por hora, pensava em manter apenas amizade, afinal provavelmente o outro nunca confiaria em um ex-amigo do Bakugou o suficiente e Ejirou sabia bem disso.

Por isso também sabia que a amizade deles não seria tão fofa como a que Midoriya tinha com a 1-C, nem tão próxima como ele parecia estar desenvolvendo com Todoroki e estava tudo bem, não precisava ser próximo de todos, apenas manter bons relacionamentos.

Ejirou deixou o vestiário assim que terminou decidindo ir direto para os dormitórios, sabendo que um de seus amigos levaria sua mochila, apenas para dar de cara com Bakugou no caminho.

O outro parecia pensativo, o cenho franzido de sempre, as mãos nos bolsos enquanto encarava o céu róseo do entardecer, o ruivo engoliu em seco, pensando em uma maneira de sair dali sem ser notado, porém Katsuki virou o rosto bem nesse momento o encarando nos olhos.

Todos Merecem FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora