Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos Imortais

Capítulo 1

Tessa

Eu havia acabado de chegar do trabalho, estava cansada, porém nem mesmo o cansaço me impediria de ir ao cemitério hoje a noite.

Eu suspirei e encarei minha irmã mais velha surgir. Annet.

— Ah, já chegou. -ela me encarou de cima a baixo, enrugando o nariz.

— O que foi? -inclinei a cabeça, fazendo a cortina de cabelos negros caírem.

— Você está suja, pelos deuses, está fedendo. -ela fez careta.

Eu suspirei.

— Tenho que ajudar na fazenda do comissário Edward, se não, não teremos dinheiro todo o mês e nem comida na mesa, Annet, e você sabe. -a encarei.

Ela revirou os olhos.

— Tanto faz. -ela disse.

— Se me ajudasse... Você e a Louise, teríamos até mais dinheiro aqui em casa. -argumentei.

— Eu não vou cuidar de animais fedorentos, pôr minhas mãos na terra, nem mesmo limpar estábulos. —ela fez careta— muito menos Louise irá fazer tal coisa.

Eu suspirei.

— E eu tenho que fazer?

— Você é bruta, está acostumada a trabalhar, imagina eu a cortar a lenha? Você tem calos nas mãos, é mais fácil para você, minhas mãos são delicadas assim como as de Louise, são macias, sabe o que é macio? Pois bem, precisamos ter as mãos impecáveis, nenhum homem irá nos querer, que dama tem calos nas mãos? -ela questionou.

— Do que estão falando? -Louise adentrou a sala, com seu belo vestido rosa, com flores desenhando em sua barra.

— Veja só, a pirralha quer nos pôr para trabalhar. -bufou Annet me encarando, cruzando os braços.

Louise parou, me encarando de cima a baixo.

— Está louca? -ela me encarou espantada.

— Não é justo eu trabalhar duro para receber pouco todo o fim do mês, e então vocês gastam o pouco que ganho com roupas, jóias e sapatos caros, mal sobra para comprar o que comer. -falei.

— Está jogando na nossa cara a falta de dinheiro? -Annet me encarou com um olhar duro.

— Ninguém tem culpa do nosso pai ter gastado todo o dinheiro da família nos bares, com prostitutas e jogos de azar, porém vocês tem que aprender a segurar o dinheiro em rédeas curtas e não a jogarem fora! -me exasperei.

— E o que você sabe sobre dinheiro? Tessa, nada, você apenas trabalha para entregá-lo a nós. -ela disse.

Louise concordou.

— O que você sabe? -questionou Louise.

— Mais do que vocês que apenas desejam o luxo. -disparei.

— Eu sou sua irmã mais velha, então abaixe o tom. -ciciou Annet.

— Então você que deveria estar trabalhando duro até o Sol nascer, não eu. -falei.

Ela me encarou.

— Eu não sirvo para trabalho. -ela disse simplesmente.

— Você não tem servido para nada. —murmurei baixo— nenhuma das duas.

Ela me encarou com dureza, os olhos azuis quase brancos iguais aos meus me encararam de forma superior.

— Desde os dezesseis eu tento achar um jeito de nos tirar da pobreza. -ela disse.