Capítulo 4

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Tessa

Minha cabeça tombava levemente para frente, o sono tomando conta do meu corpo e dos meus sentidos.

Meus olhos queriam se fechar mas eu me negava a isso, eu bocejei, vendo névoa ao redor de todo o rio.

— Isso é normal? -bocejei apontando para a névoa.

— É névoa, princesa, fique tranquila. -disse Dumas.

Eu esfreguei meus olhos, com sono.

— Chegamos. -ele disse.

Eu ergui meu olhar de imediato, me erguendo. Eu fiquei de pé, encarando o que a névoa revelava mais á frente, outro porto, uma ponte negra, com crânios enfeitando a mesma, dentro dos crânios, fadas, transformando aquilo em lanternas com o seu brilho.

A imagem do crânio brilhando é assustadora.

A jangada parou diante dele e eu deixei o remo alí, com um pulo eu subi a ponte e o fantasma flutuou ao meu lado, eu encarei a jangada ser levada pelo o rio dos mortos.

— E agora? -sussurrei.

— Vem, estamos perto da minha casa. -ele acenou com a cabeça.

Eu o segui, caminhando com cautela, vendo a névoa cobrir ao pé das árvores, de forma que eu não conseguia ver o chão, estava frio.

— Por que você mora aqui? -respirei abraçando meu próprio corpo.

Ele me encarou de relance.

— Fantasmas, espíritos, qualquer criatura do terror ou renegada, sombria ou não, apenas com os dons que aterrorizam devem viver aqui. —ele respondeu— é como uma divisão, a floresta negra são para os seres de natureza obscura e apenas eles, para nos manter longe dos seres de luz e bondade, as fadas são permitidas aqui pela tecelã dos ossos, somente por isso elas podem entrar, e com o passar dos anos, uma pequena manada de unicórnios se descolou para cá, e vivem aqui, vagando pela floresta, são seres tão puros que todos os seres sombrios desta floresta os respeitam e não tocam nem mesmo em um fio de sua crina.

— Há classes sociais na floresta negra? -perguntei saltando um tronco de madeira podre.

Eu chiei baixo, tentando não levar a mão às costas e piorar a situação dos ferimentos que alí havia.

— Não há leis aqui, estas são as terras sem dono, sem coroa, vence quem é o mais forte, sobrevive o que é mais temido, conquista respeito quem é o mais poderoso. -ele disse.

— A tecelã dos ossos é uma delas? -questionei recuperando meu fôlego.

— A tecelã é uma exceção, o poder dela fez todas as criaturas sombrias a respeitarem e a coroarem rainha do rio, apenas do rio, pois das terras, nas terras todos aqui governam de sua forma, não há leis onde você está pisando agora, se te matarem não haverá nenhuma lei que prenda a criatura que o fez, aqui a única lei que reside é fique vivo. —uma pausa de silêncio mortal— Ou morra tentando.

Eu estremeci.

— As náiades são servas dela? -perguntei.

— Não, porém as náiades reconhecem o poder da tecelã e a respeitam. —ele disse— a tecelã governa apenas o rio e os ossos, apenas, mas se ela quisesse algum dia tomar governo da floresta negra, ela conseguiria.

Eu chutei uma pedrinha, então ergui meu olhar, enxergando mais á
frente.. um pequeno palacete, um palacete negro que dava a aparência de ser abandonado, como nos filmes de terror, as janelas embaixo e na parte de cima do pequeno primeiro andar estavam sendo foscas pela névoa.

Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora