Capítulo 20

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Tessa

Eu amotoei os galhos, vendo então Damon lançar mais lenha em cima.

A noite havia caído, e as estrelas agora cintilavam mesmo que poucas.

Eu iria fazer menção de acender o fogo quando Damon direcionou   sua mão até a lenha, uma chama atingiu a madeira que rangeu, sendo consumida por ele, crepitando agora com o fogo.

O Pegasus amarrado a uma árvore, onde ele poderia aproveitar as maçãs que ali tinham.

Eu sentei no chão, me recostando na árvore enquanto encarava o fogo dançar na lenha.

Damon se espreguiçou do meu lado, os braços atrás da cabeça.

— Qual é a sua história?

Eu pisquei.

— O que? -questionei atônita.

— Você tem uma história, todos temos, qual é a sua? -ele questionou.

— Qual é a sua? -respondi com outra pergunta.

Um riso nasal.

— Esperta.

Ele se remexeu levemente.

— O irmão mais velho que mal fala com o irmão mais novo. —uma pausa— que teve de cuidar a vida inteira do caçula quando a  sua mãe morreu, e que ambos seguiram caminhos diferentes depois de adultos, os caminhos que ele tomou não agradavam o mais novo, que gostava da honra, mesmo sendo o general dos exércitos de um dos tribunais.

Eu pisquei.

— Você é um general? -o encarei surpresa.

— Ex. —me corrigiu— não sei se o meu senhor ainda me considera tal coisa depois de eu ter sumido.

— Por que sumiu? -o encarei.

— Porque o meu irmão achou que o que estava dando errado na vida dele, só dava errado por eu estar por perto.

— Se afastou para que ele tivesse oportunidades? -pisquei.

Ele acenou positivamente, lentamente.

— Você... Foi nobre, mesmo a culpa não sendo sua. -falei.

Ele deu um riso de escárnio.

— Ele achou que eu fosse a causa dos seus problemas, mas mal sabia ele que eu era quem resolvia os seus problemas pelas costas. —ele disse— Se Dumas está vivo hoje, é porque eu resolvi todas as suas richas de bares, que conversei civilizadamente com as garotas as quais ele dormia e o pai surgia querendo o matar, pagando altas quantias para que eles não o fizessem, fui eu quem brigou em seu lugar contra os machos que ele arranjava briga quando estava bêbado e sóbrio.

— Você cumpriu o papel de irmão mais velho, cuidando de Dumas, mesmo que ele o culpasse. -refleti.

Ele assentiu, encarando a fogueira de forma distante.

— Eu prometi a nossa mãe, que cuidaria e protegeria ele até o último segundo. -ele disse.

Eu assenti.

— Eu também prometi a minha, há muito tempo. -sussurrei.

Ele me cutucou levemente com o cotovelo.

— E a sua? Oh escolhida. -ele zombou pouco, aliviando a tensão.

Eu suspirei de forma pesada.

— A irmã mais nova que teve de sair para sustentar a sua família apenas com dez anos. —murmurei— que trabalhou em uma fazenda como uma condenada para ser assediada constantemente pelos filhos do dono e quase abusada por um, para receber pouco no fim do mês e as duas irmãs gastarem com luxos, mal sobrando para comprar o que comer.

Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora