Capítulo 15

537 66 15
                                    

Tessa

Podia sentir as chicotadas queimarem em minha pele, e então, o fogo atingindo as minhas costas. Eu via apenas os rostos horrendos dos cavaleiros fantasmagóricos, a cada estalar, a cada grito meu.

Dumas estava diante de mim, não mais fantasma, seu corpo não estava transparente como antes.

Eu gritava por seu nome, o implorava que me ajudasse. Mas nada ele fazia, apenas observava sem emoção enquanto eu era açoitada.

Um par de olhos vermelhos brilhando na escuridão, jundo de um sorriso que brilhou como mil facas.

— Eu vou achar você. -ele cantarolou.

Eu me debati na cama, soltando um grito, mais uma chicotada, e outra.

— Não. -soluçei.

— Eu vou achar você.

Mais uma chicotada e eu gritei de novo.

— Tessa!

Outra voz se mesclou, olhos azuis brilhando na escuridão.

O tempo está acabando, Tessa.

Tessa! Acorde! -um rosnado bruto.

Algo segura os meus pulsos e eu me debati, gritando.

— Isso é um pesadelo! Acorde dele!

Eu solucei alto.

— Acorde!

Algo puxou em meu peito como uma linha de pesca. Me fazendo puxar o ar com força, eu abri os meus olhos, assombrada. Meu olhar girando para todos os lados como se eu estivesse a ver uma alma perturbada.

— Tessa!

Eu encarei quem estava diante de mim, um par de olhos dourados brilhantes, ferventes. Damon estava por cima de mim, sem camisa, com uma respiração ofegante, quase selvagem.

— Foi um pesadelo. -ele disse.

Meu peito subia e descia, meu coração retumbando de forma animalesca, quase saindo pela minha boca.

— Foi um pesadelo. -ele repetiu.

Um pesadelo, um pesadelo é o que foi, apenas isso.

Eu deixei a minha cabeça cair na cama, vendo as sombras e a escuridão tão densas que não havia quarto, apenas elas.

Damon soltou os meus pulsos e eu fiz um basta com uma mão, a escuridão recuou com um sussurro do vento. Retornando para mim, minhas sombras recuaram das redondezas, retornando a sua mestra.

Eu isnpirei fundo e soltei o ar.

— Quando disse que não queria perturbar com as suas sombras, achei que estivesse sendo fresca de novo. —ele murmurou tomando o seu fôlego— mas que caralho de poder é esse? -ele me encarou de olhos arregalados.

— Não tenho que lhe responder essa pergunta. -murmurei.

Ele saiu de cima de mim, da cama, ficando ao lado da mesma.

Eu me sentei, bagunçando os meus cabelos.

— Como diabos ouviu? —questionei— eu pus um escudo de som aqui.

— O escudo caiu. —ele disse— o seu terror o quebrou.

Eu suspirei escondendo o rosto em uma mão, a outra apoiada no colchão.

Ninguém nunca havia me acordado de um pesadelo, nem mesmo no palacete do medo, quando nem mesmo eu sabia criar um escudo, ninguém me acordou ao ouvir os gritos.

Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora