Capítulo 7

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Tessa

Nós seguimos o rio como mama Inês havia nos ensinado.

— Como eu sei que você não vai mudar de idéia, só queria te dizer que foi um prazer conhecê-la, princesa. -Dumas disse se espreguiçando na jangada.

Eu prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Encarando o fantasma de relance.

— Sua fé em mim chega a emocionar. -debochei.

Ele sorriu divertido.

— Tenho bastante fé em você, Tessa querida, mas o Chesterry não é brincadeira. -ele disse.

— O nome dele é Chasterry, certo?

Um aceno positivo.

— Então por que homem das sombras? -perguntei curiosa.

— Esse é o "apelido carinhoso" que a mama Inês pôs nele, nada carinhoso porém.. —ele olhou para os lados, e então aproximou seu  rosto do meu ouvido— ele é quem tem amizade com os demônios abaixo, ele também é um encantador de sombras. -sussurrou.

— O que é um encantador de sombras? -perguntei.

— É um ser que carrega sombras fantasmagóricas consigo desde que nasceu, eles tem o poder de falar com as criaturas do outro lado, conversar com demônios sombrios e criaturas das trevas, eles falam a língua das trevas, a língua das cobras. —ele disse— eles podem se esconder nas sombras, falar com elas e com prática e domínio controlá-las, porém nunca ouvi falar de nenhum que o fizesse, mas há boatos de que as sombras dele o obedecem.

— Então todos o chamam de homem das sombras?

— Só a mama Inês, todos deste rio e desta floresta o conhecem como "Esfinge". —ele respondeu— e ele prefere que o chamem apenas por esse nome, e ninguém aqui é louco de contrariar e amanhecer enforcado por uma de suas sombras. -ele deu de ombros.

Ele me encarou.

— Por tanto se você acabar sendo pega por ele na cabana, o chame de Esfinge, não queira ter a fúria dele em suas costas. -ele apertou.

Eu estremeci, eu pus as lâminas que mama Inês havia me dado nas botas e cintura, escondendo uma no rabo de cavalo.

— Estamos chegando. -murmurou Dumas.

Pude ver o fantasma estremecer em sua órbita quando a névoa se tornou densa ao ponto de eu não conseguir enxergar nada.

Só senti que havíamos parado quando a jangada parou tocando levemente algo fixo, apertei meus olhos, enxergando uma cabana, eu encarei a mesma, a estudando, havia poucas janelas, duas na frente e possivelmente deveria haver alguma atrás, a porta estava intacta, a cabana era intacta, convidativa se não fosse pelos esqueletos presos na frente, como se aquilo servisse de identificação.

Eu inspirei fundo, subindo na pequena ponte de madeira, podia ver uma canoa negra ao lado dela, amarrada.

Eu encarei Dumas uma última vez antes de mergulhar na névoa, sendo engolida por ela.

Eu saí daquela nuvem de nevoeiro, encarando a cabana, com cuidado eu caminhei até a mesma, dando passos cauteloso, tomando cuidado para não fazer o menor ruído. Eu pisei nas pequenas escadas e as mesmas não fizeram o menor barulho.

Convidativo, uma perfeita armadilha para pássaros. Eu caminhei devagar até a porta, não conseguindo enxergar nada através das janelas, eu testei a maçaneta, vendo a mesma abrir a porta destrancada. Fácil demais, muito fácil.

Eu entrei para dentro e com cuidado eu fechei a porta, meus ouvidos de imediato captaram um som, não qualquer som, uma música.

Podia ouvir uma voz antiga e elegante cantando.

Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora