Tessa
Eu já havia dado adeus a jangada que ao me deixar em terra firme. Se foi junto do rio.
Eu inspirei fundo, era pouca distância para sair da floresta negra, até onde eu podia ver no mapa.
E eu caminhei sem medo algum por aquela floresta. Sabendo que ninguém iria me incomodar, e se o fizesse, morreria.
O nevoeiro e o ar frio do silêncio da floresta negra me abandonaram quando pisei em território fora de seus domínios, em outro território, a floresta negra é um território vasto de árvores negras e verdes como o pântano, porém também há uma parte vazia deste lugar, onde só há terra para percorrer.
E assim o fiz, porque agora, agora eu estava no tribunal terral. Estava nas terras do lorde que as governa. E não estava interessada em saber se ele me mataria por estar as invadindo. E nem estava com medo disso.
Uma alma já jurada de morte não tem mais nada a temer nesse mundo. E eu tão pouco como uma estremeceria diante disso, era a mim que deveriam temer acima de tudo.
Correndo por terra, eu estava correndo, tentando acelar meu avanço e o meu percurso, sabia que seria um longo caminho até alguma aldeia desta corte, mas nada nesta vida é fácil a não ser que você dê a si mesmo de mão beijada.
Com a respiração ofegante, eu avancei, vendo o Sol brilhar acima de mim, não mais na escuridão da floresta, agora eu estava vendo o astro que brilhava para todos aqueles que tinham esperanças de vê-lo nascer e se pôr com a fé de que voltará amanhã.
☆๑☆
Eu estava morta. Cansada, confesso que nada é como nos livros, os guerreiros bravos vencem sua jornada, chegando a onde querem de cabeça erguida, músculos fazendo pose e postura impecável.
Eu era o oposto deles, estava a pior decadência dos mundos. Estava completamente acabada, e não sabia se me recuperaria nas próximas horas o tanto de energias gastas na corrida até aqui. Intercalando sempre, uma caminhada, uma corrida, e assim se passaram horas de apenas disso.
Mas para a minha sorte, eu cheguei a aldeia, completamente fodida dos pés e dos pulmões que pareciam um relógio cuco quebrado tentando bombear o ar.
Eu admiro os atletas que correm, admiro de verdade, mas eu sou sedentária e nunca poderei seguir essa carreira, nem em um carrinho de mão.
Eu arrastei meus pés pelas ruas da aldeia, tentando ao máximo parecer alguém normal, os fios de cabelo escondendo as minhas orelhas humanas de qualquer olharam curioso que quisesse averiguar a minha raça.
Estava a escurecer, a noite estava para cair e eu não sabia que merda fazer.
Encontrar a esfera, esse é o plano, mas eu teria de achar o Damon Vilassa para isso.
Mas... Quem disse que ele não poderia vir até mim?
Eu encarei diante de mim uma taberna, um bar rústico desde sua fachada esculpida na pedra, á sua placa com as letras escritas na pura madeira.
Eu adentrei o mesmo, ouvindo músicas tocadas em flautas e violões, cinos. Músicas com pegadas alegres arrastadas para o bruto medieval. Eu encarei o movimento, por poucos segundos olhares vieram em minha direção, mas quando demonstrei meu desinteresse neles, os mesmos se dissiparam da mesma forma que surgiram.
Eu caminhei até o balcão, sentando em um banco.
— O que deseja? -um ogro me encarou, pele esverdeado repleta de manchas e algumas verrugas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos Imortais
FantasyNo México onde o dia los muertos estava a se passar, Tessa, uma jovem de dezoito a anos estava se preparando para deixar seus sentimentos e suas palavras no túmulo de sua mãe, mas algo aconteceu, um fantasma a perseguiu e ela não sabia como raios po...