Capítulo 30

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Tessa

Podia sentir os estalares, podia ouvir o som das correntes.

Eu ofeguei me debatendo.

Encarando a cela escura na qual estava.

Estou presa, presa.

Eu gritava, tentava sair, tentava me libertar, mas era impossível, eu sentia cada maldita chicotada em minhas costas que ardia como o inferno.

Eu solucei, tentando me libertar.

Eu via o par de olhos vermelhos brilhando na escuridão enquanto o rei gargalhava.

Eu encarei a esfera surgir diante de mim, eu estiquei minha mão, só mais um pouco...

Ela se distanciou, sendo puxada por magia até a escuridão onde os olhos vermelhos brilhavam.

— Não tão rápido, querida.

Mais uma chicotada e o meu grito ecoou.

Eu abri os meus olhos, ofegante, o meu peito subindo e descendo, o suor brilhando e gotejando em meu corpo.

O coração batendo de forma desenfreada.

Eu chutei os lençóis, me erguendo da cama, eu caminhei até a sacada, que estava aberta, por onde o vento entrava, circulando por todo o quarto.

As brisas frias da noite me receberam com rajadas no rosto.

Lágrimas caíam sem controle enquanto eu chorava baixinho.

Eu abracei os meu próprio corpo fortemente.

Eu encarei a lua e as estrelas que brilhavam intensamente todas as noites.

Eu fechei os olhos lentamente, deixando as lágrimas caírem.

— Damon.. -sussurrei em um choramingo baixo.

Doía, e como doía.

Nunca pensei que fosse sentir uma dor assim com a ausência de alguém.

Nunca pensei que a ausência de Damon fosse me fazer sentir essa angústia e necessidade de tê-lo por perto, não sabia que o seu afastamento me doeria mais do que doeu quando ele sumiu diante de mim.

Ele levou algo meu junto, talvez eu nunca descubra o que, mas levou algo meu.

O amor dói, o amor é uma dor.

Eu ofeguei baixinho, abrindo os meus olhos, as lágrimas caindo como uma cachoeira.

Eu o amo.

Eu amo o Damon Vilassa, o amo tanto que chega a ser estranho, chega a assustar.

Porque a cada palavra e a cada gesto era devolvido de forma ardente e selvagem por ele, e talvez seja por isso que ele tenha partido, porque ele não sabe como lidar com esse sentimento assim como eu.

Não sabe lidar com a paixão, com... O amor.

Eu poderia estar o amando, mas, não sabia se o general sentia isso, ele fora embora para se distanciar de mim, para lutar contra isso sozinho, ele sentia igual, se não igual, era parecido.

Eu inspirei fundo, esfregando os meus braços.

— Queria ter tido tempo com você. -sussurrei.

Mas infelizmente a mãe não quis assim.

Amanhã seria o baile, amanhã, amanhã eu traria a liberdade para todos e morreria por isso, e eu estava satisfeita.

Morreria pelo o certo.

Feita De Sombra Até Os Ossos | O Retorno Dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora