Gálius desceu as escadas correndo e viu que os dois estavam indo embora.
— Esperem!
Arifa e Kerdon se viraram para ver a estranha figura de Gálius. Ele estava vestindo apenas calças e sua pele estava tão vermelha que parecia que ele ia explodir.
— Meu nome é Gálius, eu vou com vocês.
— Filho! — disse Kyle — Se esqueceu do seu dever?
— Pai, eu confio em você. Cuide do Coração para mim até eu voltar.
Kyle balançou a cabeça. Não gostava nada daquela ideia, mas pelo olhar obstinado do filho, viu que seria inútil tentar dissuadi-lo.
— Está bem. Mas cuide-se!
— Me chamo Arifa, esse aqui é o Kerdon.
— Muito prazer, Sir. Pimentão. — disse o homenaseano zombador.
— Kerdon! — Arifa o repreendeu.
— Não tem problema — Gálius riu — eu normalmente não sou assim...
— Sabe usar isso aí? — indagou Kerdon olhando para a espada curta na mão de Gálius.
— Meu pai me ensinou.
— Ótimo — disse Arifa toda ajuda é bem-vinda! — ela desembainhou a silfina com a mão esquerda e entregou na mão de Gálius.
— Pegue essa espada, vai precisar de algo melhor para o que vamos enfrentar.
Gálius deixou de lado a espada que obteve do guarda caído e pegou a silfina, admirando a lâmina de qualidade superior.
— É só um empréstimo — ela ressaltou. Ela segurava a Espada de Tarquis com firmeza na destra e sentia que ela era muito superior à sua lâmina sílfica.
Gálius segurou aquela espada e se lembrou imediatamente das batalhas que travou em outra vida lutando ao lado dos elfos como Lex. O cabo, o pomo, formato da guarda e o chanfro na lâmina que terminava de modo ondulado. A pegada era familiar, bem mais confortável do que a empunhadura da espada do guarda.
— Acredita que pode nos levar lá no alto? — Arifa apontou para a parte posterior do palácio real. — Vamos ter uma boa visão da batalha de lá.
— Claro — respondeu Kerdon. Já estava muito habituado ao uso do medalhão.
— Como assim? Você voa? — indagou Gálius.
— Faço portais... Você vai ver... — então Kerdon se concentrou. Escutou a voz de Rayera o aconselhando "Lance a luz guia." Kerdon fez surgir um pontinho de luz acima do palácio. "Agora desça-o lentamente, quando sentir que tocou em algo sólido, é só abrir o portal logo acima." Kerdon seguiu o procedimento, isso não levou nem três segundos. Kerdon abriu o portal e imediatamente a fumaça malcheirosa saiu por ele.
— Primeiro as damas — ele fez uma vênia para Arifa.
Arifa cruzou o portal entrando sem enxergar bem o outro lado devido à fumaça. Mas dava para ver que havia algumas plantas do outro lado.
— Segue ela... É só andar, vai — Kerdon incentivou Gálius que parecia hesitar, achando aquilo a coisa mais estranha.
Gálius entrou sendo seguido por Kerdon.
— Que loucura! — disse Gálius em sua língua natal. Arifa e Kerdon não faziam ideia do que ele dissera.
Gálius se viu no terraço do palácio real no meio dos jardins. Havia um pouco de fumaça por ali que vinha do fogo que consumia as alas frontais do palácio. Distante dali, bem ao fundo, e no patamar mais elevado dos terraços, Gálius pode ver a ponta da estufa, o local onde esteve com o Rei-Deus, há pouco menos de uma hora.
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O Coração de Tleos
FantasyAtenção, se você não leu os livros anteriores, cuidado com spoilers da sinopse. Depois dos eventos ocorridos em Herdeiros de Kamanesh, Arifa Desbrin se vê envolvida na eminente possibilidade de sua terra natal sucumbir ante o avanço dos demônios. Pa...