Pelo-curto terminou de se banhar na água do caldeirão do necromante, pegou seu machado e num golpe só, decepou a cabeça de Hendrish.
Arifa deixou escapar um grito e pulou de lado.
Por Leivisa!
O bestial inclinou-se para pega a cabeça, ainda pingando sangue. Era o troféu que precisava para deixar de ser um proscrito e ser aceito como membro da tribo. Ele lambeu o sangue que pingava e ao ver isso, Arifa não aguentou mais e vomitou.
Kerdon estava desacordado e muito ferido, Josselyn ajoelhada ao seu lado, fazendo curativos. Estava concentrada naquilo e conseguiu ignorar o que Pelo-curto vinha fazendo.
— Por todos os Deuses, criatura! — Zane puxou o braço de pelo curto fazendo-o baixar a cabeça decepada do necromante. O bestial rosnou para ele.
— Não faça isso! — Zane ordenou ao bestial que resmungou apenas.
— O que vamos fazer agora, Jô? — indagou Zane.
— Teremos que pernoitar aqui. Melhor trancar bem as portas. Não queremos nenhum zumbi entrando aqui.
— Tem certeza? Não é perigoso ficarmos aqui?
— Parece que Hendrish vivia aqui sozinho. Não acredito que alguém possa vir aqui e causar problemas, ao menos não hoje. Leve a Arifa e vejam se conseguem encontrar algo. Cartas, livros, comida... Qualquer coisa de útil.
— Mas e o bicho aqui? — Zane apontou para Pelo-curto.
— Eu vou falar com ele.
E então, Josselyn disse para o bestial que aguardariam ali até o amanhecer. Só depois seguiriam para levar a cabeça ao líder da tribo. Pelo-curto sentou-se escorado perto da lareira abraçado à cabeça de Hendrish e determinado a não deixar ninguém tomá-la de si. Em pouco tempo, estava cochilando.
Zane encontrou uma vela apagada e acendeu o pavio estalando os dedos. — Segure isto — deu-a para Arifa.
—Você está bem?
Arifa estava machucada, dolorida, enojada e com gosto de vômito ainda na boca, mas ainda assim, conseguiu responder — Não estou morta.
— Vamos ver se encontramos algo.
Arifa, sentindo-se zonza e em choque, devido ao conflito recente, ficou apenas segurando a vela enquanto Zane investigava a cabana. Logo encontraram um cômodo onde havia uma cama tosca e uma escrivaninha. Arifa sentou-se na cama e passou a vela para Zane. Acima da escrivaninha havia um candelabro e Zane acendeu três velas que estavam ali.
— Vou examinar esses papéis. Tenho certeza que esse necromante não estava atuando sozinho. Deve haver mais deles. O que acha?
Arifa não respondeu. Zane virou-se para vê-la e constatou que ela estava deitada adormecida com uma das pernas para fora da cama.
— Vamos, acorde.
Arifa sentiu um toque gentil em seu rosto. Era a mão de Josselyn que acariciava sua face, tirava pedacinhos de lama endurecida do rosto, do cabelo, das orelhas.
— Joss?
— Está bem, querida?
— Minha perna... Meus braços... E também... aquela coisa.
— Coisa?
— Sim, o monstro que estava te atacando. Acho que compreendi agora . Eu me desdobrei, eu acho. A silfina apareceu na minha mão. Eu usei ela contra o monstro.
— Você me salvou. Salvou a todos nós.
Deu a mão para ajudá-la a ficar de pé. Arifa fez uma careta de dor.
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O Coração de Tleos
FantasiAtenção, se você não leu os livros anteriores, cuidado com spoilers da sinopse. Depois dos eventos ocorridos em Herdeiros de Kamanesh, Arifa Desbrin se vê envolvida na eminente possibilidade de sua terra natal sucumbir ante o avanço dos demônios. Pa...