Estavam à beira da clareira. Enquanto Arifa, Kerdon e Zane seguiram contornando-a, Josselyn instruiu os três bestiais a aguardar eles se aproximarem da construção.
Océu assumiu uma tonalidade violeta escura e as primeiras estrelas foram dando sinal de vida. Quatro luas estavam a meia altura no céu, quase cheias, e Josselyn agradeceu pela luminosidade que elas proporcionariam, mesmo quando a noite caísse por completo.
Arifa controlava a dor na coxa para que não a atrapalhasse de seguir o ritmo. Enquanto se aproximavam do flanco esquerdo da construção, viram que havia luz escapando de dentro, por algumas frestas na madeira. Não viram sinais de esqueletos ou quaisquer outros mortos-vivos.
Será que abandoram o local? Seria uma armadilha nos atrair para dentro do casarão?
Mais perto agora, puderam ver uma parte do terreno oculto atrás da casa. A luminosidade já em baixa, não permitiu ver detalhes, mas estava claro que havia dois cavalos ali nos fundos. Um dos cavalos, estava parado como uma estátua e dava para ver um pouco de luz atravessando seu tórax. Era um cavalo zumbi. O outro estava vivo.
— Se pegarmos, ou espantarmos, os cavalos Hendrish não terá como fugir — sugeriu Zane.
— Sim — concordou Kerdon. — o trio estava bem escondido fora da clareira, agachados para ficar atrás do mato que crescia perto da borda.
— Olha — apontou Arifa — Joss e os bestiais estão vindo.
Dali, podiam ver Jô caminhando à frente do grupo, sua espada e armadura reluzindo contra a forte luz lunar que banhava o local. Isso fez Kerdon rememorar o primeiro encontro que tiveram com o necromante. Ele contou para Arifa.
— Anos atrás, estivemos aqui com instruções para identificar bases de bestiais. Porém, encontramos um necromante acompanhado de um cortejo de zumbis. Zane queimou vários deles enquanto Josselyn e Ted avançaram derrubando vários com suas espadas. Rulf derrubava os zumbis com tiros certeiros de suas flechas contra os olhos. Estávamos levando a melhor quando Ted se afastou do grupo para perseguir o necromante.
— E o que aconteceu?
— Por dias, procuramos pelo Ted, mas tivemos que retornar. Não havia rastros nem sinal de luta. Ele simplesmente sumiu. Meses depois, o encontramos, desfigurado, sob o controle do necromante, próximo da Necrópole. Desta vez, nós vamos pegar aquele desgraçado!
— Certo — concordou Zane. — Arifa, tente espantar as montarias enquanto eu me aproximo para incendiar a construção.
Zane tocou o ombro de Kerdon e lhe disse — E você fica de olho em Josselyn e corre para ajudá-la, caso algum perigo surja.
— Hã... certo!
Arifa avançou andando agachada.
Ai, ai! Mas que droga!
Sua perna doía demais daquele jeito. Passou a andar ereta e mais ligeiro, apenas mantendo as costas um pouco encurvadas.
Zane caminhou lento respirando fundo e evocando a concentração necessária para evocar sua magia com potência máxima.
Enquanto isso, Josselyn, Pelo-curto, Dentinho e Come-Bosta vinham caminhando sobre a lama que vinha ficando mais espessa e funda à medida que avançavam. Então, o som de bolha e depois algo como um peido chamou a atenção deles. Algo se moveu, erguendo-se da lama. Era um corpo, um zumbi deitado, camuflado sob a lama. Aquele foi apenas o primeiro a se erguer, mais uma dúzia foi emergindo, e somou-se a estes, uma quantidade maior ainda, quase incontável.
— Merda! — gritou Josselyn — Emboscada!
Ela vinha sondando em busca de sinais mentais, algo que era até possível captar em carniçais e espectros, mas não em zumbis. Não tinham atividade mental alguma, e a energia escura que os animava era quase indetectável às sondagens feitas com o jii.
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O Coração de Tleos
FantasiaAtenção, se você não leu os livros anteriores, cuidado com spoilers da sinopse. Depois dos eventos ocorridos em Herdeiros de Kamanesh, Arifa Desbrin se vê envolvida na eminente possibilidade de sua terra natal sucumbir ante o avanço dos demônios. Pa...