41 - Fogo vivo

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Arifa estava boquiaberta observando a imagem flutuante do silfo.

Ele é magnífico...

Ele transmitia pensamentos que eram traduzidos em sua mente. Ele queria saber quem eles eram, e o que faziam ali. Antes que algum deles pudesse responder, Zane ajoelhou-se e implorou.

— Senhor Dashmiir! O senhor é minha última esperança!

Dashimiir se aproximou de Zane. Sua aparência se tornava gradualmente menos fantasmagórica. Ele tocou o braço de Zane e disse.

— Tire a luva e sua armadura.

Zane obedeceu revelando uma mão de aparência escurecida e cadavérica. A corrupção subia pelo antebraço suavizando-se apenas um pouco antes da altura dos ombros. O espírito observava sem nenhuma mudança em sua expressão facial.

— Você, Arifa, — Dashimiir chamou e ela deu um pulinho, surpresa por ser chamada pelo seu nome — venha até aqui.

Arifa obedeceu, evitando olhos do espírito e a encarava como se conseguisse derretê-la.

— Use a lâmina aqui — apontou para um feixe de raízes que atravessava a caverna de cima a baixo. — gentilmente introduza o gume na raíz.

Arifa obedeceu e viu um sumo branco lentamente sair dali.

— Incline a lâmina assim — Dashmiir indicou um ângulo mais baixo e logo a seiva da árvore passou a escorrer na lateral da espada.

— Já está bom. Você, Zanemar, venha aqui, depressa.

Kerdon e Josselyn franziram a testa ao ouvir o nome Zanemar. Então, aquele era seu nome verdadeiro. Foram colegas de classe por anos, e nunca souberam disso. O espírito então indicou que ele usasse seus dedos para limpar o sumo da superfície da lâmina.

— Ponha os dedos na boca e sugue toda a seiva.

Zane fez uma careta horrível. Certamente era a coisa mais amarga que já provara na vida. A seiva também era pegajosa e ardeu ao descer pela garganta. Zane tossiu muito.

— Não cuspa e nem vomite!

Zane fez força para engolir com lágrimas descendo de seus olhos.

— Venha, Arifa. Vocês dois, cuidem dele até que voltemos.

Os efeitos da seiva logo começaram no corpo de Zane. Sentiu uma ardência tomar seu estômago e se espalhar rapidamente pelos braços e pernas. Seu rosto ficou vermelho e começou a transpirar intensamente. Josselyn e Kerdon ampararam Zane ajudando-o a deitar-se ali no solo frio.

Dashimirr volitou de volta do caminho de onde viera seguido por Arifa. Eles desceram degraus naturais de terra e raízes, a silfina brilhando cada vez mais para iluminar o caminho. Arifa tremia um pouco.

Calma. Preciso ter calma.

Finalmente, chegaram a um local profundo, uma caverna de pedras cinzentas onde Arifa escutou sons de goteira. Havia um lago cuja superfície oscilava em padrões de ondas circulares enquanto era atingido por gotas vindas de estalactites do teto. Era um lugar lindo iluminado apenas pela forte luz azulada da silfina.

— No fundo dessas águas estão artefatos confiados a mim pelos Vetmös após o fim da grande guerra. Não são feitos para os Elkins como eu, ou nossos descendentes, que vocês chamam de silfos. Mas poderão funcionar em vocês humanos, já que carregam algum sangue dos antigos nas veias.

— O senhor viu a grande guerra?

— Infelizmente sim, senhorita. Agora, fique confortável para nadar e não ligue para mim, pois há muito não tenho olhos para as coisas da carne.

O Coração de TleosOnde histórias criam vida. Descubra agora