15 - Jantar em família

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— Madra-ladra? Que tipo de nome é esse? — indagou Rencock com a mão na bolsa — devo esconder minha bolsa de dinheiro?

Kerdon gargalhou — Não... ladra aqui não significa isso. Quer dizer água quente.

A casa tinha uma longa escadaria de madeira. A entrada também era de madeira pintada de vermelho e verde.

— Bem-vindos, viajantes! — veio um jovem balançando um incensário fumegante na direção deles.

Foram recebidos na casa de banho e sentiram bons odores por ali. Kerdon pediu serviços completos e colocou na conta de sua família. Logo, foram levados para duas salas de banho distintas.

Arifa e Josselyn foram atendidas por duas senhoras que as ajudaram a tirar as peças de armadura e roupas. Elas vestiam roupões cinzentos amarrados com faixas grossas de um tecido vermelho. Os cabelos cobertos por lenços de mesma cor. As pessoas de homenase tinham a pele um pouco mais morena e, em geral, cabelos pretos ou castanhos.

Havia um tablado de madeira escura e molhada, e uma escada que conduzia a uma parte mais alta. As senhoras entregaram duas toalhas grandes, molhadas e bem quentes para elas. Havia banquinhos para se sentar e uma banheira rasa, apenas para molhar os pés. Além disso, ao lado, uma mesinha com barras de sabão preto e escovas de vários tamanhos.

— Quer que esfregue as costas? — perguntou a mulher mais velha a Josselyn que consentiu.

Elas começaram a esfregar com força e isso chegou a incomodar Arifa, que gemeu reclamando. As criadas de sua família auxiliavam no banho de modo mais gentil. Um caldo marrom descia da pele de ambas tingindo a água límpida sob seus pés à medida que eram esfregadas.

As mulheres usavam um pregadorzinho tapando os narizes e as empurram escada acima. Arifa, que estava envergonhada com a situação, só olhava para baixo, mas lhou pela primeira vez para Josselyn. Viu seu corpo muito branco, marcado por vergões vermelhos nos lugares onde as mulheres esfregaram mais com as escovas.

O olhar das duas se cruzou e houve uma percepção instantânea e compartilhada da situação ridícula que vivenciavam. A cara fechada e torcida das senhoras as empurrando como se fossem excrementos varridos da rua. Elas tentaram segurar as risadas em vão e no momento que entraram na banheira escaldante estavam às gargalhadas.

— Tá quente, tá quente! — Arifa se queixou em meio às gargalhadas.

As senhoras saíram de perto, e da porta, uma delas disse com a voz anasalada devido ao pregador no nariz — Logo bai espriar um bouco.

A pele de ambas, muito branca, logo tomou uma tonalidade rosada forte. Não demorou para relaxarem se recostando na grande banheira que tinha quatro posições de assento em cruz. Estavam uma ao lado da outra e Arifa notou que Josselyn olhava para seu corpo.

— Que foi? — ela indagou.

— Você é muito musculosa — observou Josselyn. — Sua barriga é bem dividida.

— É... eu faço muitos exercícios.

Josselyn era forte também, mas não tão magra quanto Arifa. Tinha mais volume em suas formas se seios três vezes maiores que a outra.

— Você está tensa. — observou Josselyn — tensa demais para alguém que está tomando um banho quente.

— Tô mesmo. Eu sei lá... Aqui é tudo tão estranho. Mas o principal é que não consigo parar de pensar nessas pessoas, tudo o que vimos... E sobre os demônios. Aquele ataque a Kamanesh, anos atrás... Aquilo foi infernal.

— Entendo... É realmente difícil relaxar — Josselyn se aproximou de Arifa e tocou seus ombros. Arifa se retraiu. — Que foi?

Arifa olhou bem nos olhos de Josselyn, ela agora bem mais perto do que seria normal para uma conversa e apertou os lábios.

O Coração de TleosOnde histórias criam vida. Descubra agora