A recuperação de Zane seria lenta e não dava para ficar no templo por semanas, aguardando-a. Ele ficou sob os cuidados de Yaren e seus seguidores enquanto Arifa, Josselyn e Kerdon deixaram o templo para retornar a Kamanesh. Os medalhões que levavam, cujos poderes ainda eram um mistério, eram uma esperança para ajudar a cidade a se defender das crescentes ameaças. Havia uma tempestade nervosa se formando, aquela manhã. O trio teve que fazer duas viagens para descer para a base do planalto, usando a gaiola. Josselyn e Arifa desceram primeiro. Arifa não conseguia se habituar àquela coisa, e fez todo o trajeto de olhos fechados.
Depois ficaram de mãos dadas, olhando a gaiola subir para buscar Kerdon.
— Como se sente? — Josselyn indagou.
— Estou melhor. Ele não manifestou sua presença desde a última vez. Mas ainda estou preocupada...
— Com o que?
— Não sei, tudo. O futuro... Tudo parece estar piorando. Não sei até quando iremos resistir.
— Nós temos que ser fortes e temos que fazer isso por todos aqueles que não podem lutar, os velhos, as crianças... Simplesmente não podemos desistir.
— Eu queria que você estivesse sempre comigo, Joss, para me passar essa confiança.
Josselyn se inclinou e deu um beijo carinhoso em Arifa. — Prometo que estarei sempre com você. — sorriu.
Arifa ficou com as orelhas vermelhas — Seu nariz está um gelo.
— E você está quente, o que é isso, febre?
— Não sei, acho que é o medalhão. — Arifa pegou a mão de Josselyn e colocou sobre no lugar em que o medalhão estava, abaixo de suas roupas.
— Ele está quentinho.
— Ele me protege contra o frio.
Então, Josselyn se afastou de Arifa. Kerdon já estava chegando. Josselyn ficou andando de um lado para o outro, sentindo o peso da caixa com os demais medalhões na bolsa que levava a tira colo.
Kerdon desceu do elevador e disse — Eu podia ficar o dia inteiro subindo e descendo nessa geringonça.
Arifa fechou a cara.
— Olha — ele disse, bem-humorado — vocês duas não precisam ficar assim só por minha causa. Já saquei a um tempão o que está rolando...
— Rolando? Não tem nada rolando — Josselyn respondeu com rispidez.
Kerdon chegou perto do ouvido da amiga e disse — Me engana que eu gosto, hahá.
Josselyn respondeu dando um soco no ombro dele.
— Ai, ai! Você pode me socar, Jô, mas não vai mudar os fatos. — E então disse perto do ouvido dela — A única coisa que eu desaprovo é o fato dela ser novinha demais.
— Vai cuidar da sua vida, Kerdon! — Josselyn deu passos largos em direção ao estábulo onde haviam deixado as montarias. Constatou estarem bem cuidadas, o pessoal descia lá de cima para dar comida, água e até limpava os cochos.
"Vamos menina" ela comunicou-se com a sua égua "é hora de cavalgar". O animal relinchou, animado. Em pouco tempo, colocaram as selas e arreios e estavam prontos para partir.
A primeira hora de cavalgada foi tranquila. Conversaram um pouco a respeito do demônio que vivia no templo de Yaren.
— Conheço gente que colocaria fogo naquele lugar se soubesse que Yaren abriga um demônio — Kerdon ponderou.
— Principalmente o pessoal da Igreja de Lacoresh — concordou Josselyn.
Arifa não prestava muita atenção na conversa e ouviu um aviso dentro de sua mente "cuidado!". Imediatamente olhou em volta até que viu algo no céu, vindo atrás deles.
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O Coração de Tleos
FantasiaAtenção, se você não leu os livros anteriores, cuidado com spoilers da sinopse. Depois dos eventos ocorridos em Herdeiros de Kamanesh, Arifa Desbrin se vê envolvida na eminente possibilidade de sua terra natal sucumbir ante o avanço dos demônios. Pa...