ghost II

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POV MATTHEO

Estou na torre da astronomia observando o luar iluminar as redondezas que cercam Hogwarts, meu corpo preso aqui enquanto minha mente viaja para longe. Por um breve momento, penso em minha irmã, como será que ela está em Beauxbatons? Qual será o motivo que a fez não me mandar outra carta?
Chloe sempre foi uma garota boa, melhor que todas as pessoas que eu já havia conhecido, e a nossa criação nunca mudou o seu jeito.

Chloe Riddle é o tipo de pessoa que vai te dar um abraço quando é preciso e vai te repreender sempre que você fizer uma besteira. Ela é astuta e inteligente, uma verdadeira sobrevivente.

— Mattheo? — uma voz feminina chama por meu nome, tirando-me de meus pensamentos.

Me viro, a fim de visualizar a pessoa que havia chegado.

Ofereço um breve sorriso a garota de olhos azuis que estava parada ali, esperando por uma resposta.

— Oi, Maia. — digo de forma suave, no mesmo tom baixo que a garota havia dito anteriormente.

Me aproximo da garota, observando seus olhos. Eles eram azuis, claros como o céu da manhã, tempestuosos, vivos como a cor do mar. O sentimento transmitido por eles era diferente do que se espera. O azul transborda melancolia ao mesmo tempo que impõe poder. Eram os olhos mais lindos do mundo.

— Então... — ela diz, fazendo-me centrar o foco.

— Então... — repito sua fala, sem saber exatamente o que dizer.

Não sei o porquê de eu ter a chamado aqui, e agora não sei exatamente como agir com sua presença.

Seus olhos brilhavam e nesse momento, eu me pergunto o que se passa em sua cabeça. Queria entrar em sua mente e desvendar os mistérios de sua confusão, queria entende-la. Mas não é a maneira certa de fazer isso. Preciso conquistar sua confiança e sei que não será fácil.

POV MAIA

Mattheo me encarava como se tivesse uma enorme interrogação em sua mente, mas não dava sinal se iria realmente perguntar o que queria saber, então, eu mesma falei.

— Certo, Mattheo. — começo, fazendo o garoto desviar os pensamentos. — O que você quer?

Minha voz e meu tom soaram mais autoritários  e frios do que eu esperava, mas não faço nada em relação a isso.

— Queria te ver, apenas isso. — ele diz, o que me faz dar um sorriso irônico.

Eu realmente não acreditava nisso, talvez eu estivesse sendo cética demais e chata demais, mas realmente não consigo acreditar que alguém queira realmente me ver sem ter interesse em nada.

Mattheo franze o cenho ao perceber o sorriso irônico estampado em meu rosto.

— Sério, Riddle? — pergunto enquanto cruzo os braços. — Nenhuma das suas garotas quis foder com você? Por isso me chamou aqui?

Percebi o que tinha dito só depois, quando as palavras duras já tinham saído da minha boca e o atingido.

Eu não posso permitir que ninguém me ache ingênua, que achem que tem poder sobre mim ou que posso ser facilmente manipulada. Eu já havia passado por isso uma vez e eu jurei pra mim mesma que não aconteceria novamente.

— Isso é sério? — ele diz analisando minha expressão em busca de algum sinal. — Você acha mesmo que eu faria isso?

Sem quebrar o contato visual, respondo-o com uma única palavra.

— Acho. — era verdade, eu realmente achava. Já me ocorreu uma vez e pra ser sincera, não sei até onde as pessoas iriam para satisfazer seus próprios desejos. Por isso, não duvido do que sejam capazes. Não duvido que possam quebrar outras pessoas para se sentirem inteiros. E principalmente, não duvido porque isso já aconteceu comigo.

O garoto ergue as sobrancelhas após ouvir minha resposta, e então, sem falar absolutamente nada, vai embora.

Não posso o julgar por isso, mas não posso me culpar por agir assim.

Uma pessoa quebrada não pode manter a outra inteira ao mesmo tempo que junta seus cacos.

É difícil pra mim compreender sentimentos de outras pessoas quando eu não sei lidar com os meus.

Saio do ambiente momentos após achar que o garoto já estava a uma boa distância, para não ser obrigada a me aproximar.

Estou caminhando pelos corredores enquanto somente uma luz fraca ilumina o local, meus braços estão cruzados e minha cabeça cheia.

Em um movimento rápido, sou puxada e prensada na parede. Mattheo está na minha frente, olhando em meus olhos.

— Eu não faria aquilo. Só pra você saber. — ele diz enquanto me segura ali.

— E quem me garente, Mattheo? — questiono.

O garoto não responde, apenas cola nossos lábios em um beijo calmo e intenso. Eu não conseguia entender ele, de jeito nenhum. Gostaria de saber o que fez ele se interessar por mim tão de repente.

Sua boca era macia e fazia pressão contra a minha, a sensação causava arrepios em meu corpo e o calor aumentava à medida que o beijo tomava mais intensidade.

Em algum momento, nós paramos para respirar, e enquanto seus olhos se prendiam ao meu, eu tomo uma decisão.

— Eu preciso ir. — digo baixinho com a respiração ainda irregular.

O garoto não se opõe, apenas se afasta, me dando espaço para sair.

Vou embora sentido seu olhar me seguir, mas não ouso encara-lo de volta.

Sentimentos são complicados, por isso optei por ignora-los ao invés de senti-los.

Tell me a history - Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora