Capítulo- 18

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Meus pés já estavam doendo, mas a ansiedade que sentia a cada música que começava, era inevitável!. Minha mente estava em branco, eu não consigo me lembrar de nada que até a algumas horas atrás, estavam me preocupando! E quando me lembro, parece haver tempo demais para resolver tudo.

- Vem, vamos sentar um pouco!- Eros sussurrou no meu ouvido.

Ele não costuma dançar, mas essa noite foi até engraçado de ver os seus movimentos desajeitados. Que logo pegaram um ritmo, assim que colei seu corpo no meu e nos movimentei em sintonia.

Eu não bebi o bastante para ficar bêbada, tudo aqui parece mais forte do que as bebidas normais. Então preferi não passar do limite, mas mesmo assim, eu estou me divertindo como nunca antes.

- Queria dançar mais...- Faço um beicinho para Eros, ele apenas me olha com um sorriso e volta a me puxar pela multidão.- Vamos embora antes das 03:00.

- Por que?- Pergunto na direção do loiro.

- Acho que você não vai querer entrar em uma orgia essa noite, ou vai?- Ele fala isso com toda a calma do mundo, enquanto leva um canudinho de ferro até a boca.

- Quem sabe...- Seu olhar incrédulo ao ouvir minhas palavras.- Nunca iremos saber do que gostamos, se não experimentarmos.

- Pequena coisa, eu vou chamar um uber e vamos embora agora.- Começo a rir do seu ataque de preocupação.

- Olhe aquela garota!- Eros estava literalmente indo chamar um uber. Mas olhou na direção da mulher encostada na parede.

A garota de pele brilhante e de estatura alta, suas tranças eram longas e escuras, seu corpo era esguio! Seu quadril largo ganhava destaque no vestido preto colado ao corpo. Seus pés estavam descalços, mas ao seu lado, uma bota de couro preta.

- Ela é linda, agora o uber está dando oito reais. Merda!- Bato em sua coxa com força, o fazendo olhar para mim.- Se quer ir lá beijar ela tudo bem, pequena coisa.

Continuo olhando em seus olhos, eu não queria de fato beijar a garota, mas imaginei que ele teria sei lá...ciúmes?.

- Não sinto ciúmes, Hellena! Na verdade, seria uma bela visão.- Eros parecia ler meus pensamentos, mas seus olhos ainda estavam distraídos com o celular em sua mão.

- É mesmo?- Sorrio em sua direção.

- O uber chega em nove minutos, aproveite seu tempo, la mia bellezza.- Eu parecia uma criança após ganhar doces.

Levanto do sófa de couro em que estávamos sentados, sinto um tapa forte em minha bunda, me viro para olhar o sonso, mas ele desvia para olhar as paredes. Logo continuo meu caminho, indo lentamente na direção sa bela garota.

Me viro em busca de apoio e vejo Eros levantar os polegares na minha direção.

- Oi?- A menina diz com um sorriso.- Tudo bem?.

- Ham...- Por um segundo eu perdi a fala.

- Vem cá!- Fico surpresa ao ser puxada em sua direção, seus lábios pressionaram os meus com certa força. Mas logo o beijo se tornou lento e delicado.

Ela virou o meu corpo, me fazendo encostar na parede, sem quebrar o beijo. Abro um pouco os olhos, não sei se me arrependo de fazer isso. Eros estava me olhando com uma intensidade estranha, ele parecia bravo, mas contido.

Logo o ar acabou, e provavelmente os oito minutos também. Vou em direção ao meu melhor amigo que logo se levantou e foi até a porta, agora ele estava em completo silêncio.

                          ♧Eros♧

- Você está bravo?- Sim.

- Não, só com sono.- Eu nunca estou com sono, eu estou bravo.

Odeio sentir ciúme, não é a primeira vez que saímos e Hellena fica com alguém, não sei o por que dessa merda de sentimentos me deixarem bravo agora.

Vejo que agora é sua vez de ficar emburrada enquanto entramos no carro.

- Você está brava?- Pergunto com o tom mais sonso que encontrei.

- Estou.- Adoro essa sinceridade.

- E por que?.

- Porque você me estressa, falou que estava tudo bem eu beijar a garota. Depois ficou com essa cara de poucos amigos.- Ela cruzou seus braços enquanto olhava para a janela. O motorista arregalou os olhos, provavelmente se perguntando se assumi o papel de corno.

- Não estou bravo porque você beijou alguém!- Coloco minha mão em sua perna esposta pelo vestido curto.- Estou bravo porque não era eu.

Vi seu sorriso no reflexo da janela, esse sorriso lindo que me conquista todos os dias.

Hellena já teve esses picos de autoestima antes, nós saíamos e ela se divertia! Beijava outras pessoas e eu também, depois nos encontrávamos e bebiamos juntos. Mas algo mudou, eu me senti desconfortável! Não foi como as outras vezes, eu queria estar no lugar daquela garota, queria tocar Hellena de novo e sentir seus lábios novamente.

Por mais que ela não queira pensar naquilo, aquela bendita noite não saí da minha cabeça! Hellena não saí da minha cabeça. Eu a quero de novo e sinto que sempre vou querer, e sei que vai ser impossível me esquecer de seus gemidos manhosos.

- A viagem deu oito reais!- O uber parou o carro na porta da casa da minha melhor amiga.

Pego em minha carteira e o entrego, vejo Hellena descer do carro primeiro e ir até sua porta, sem demorar muito eu logo vou atrás.

- Algo está me dizendo que hoje você não vai dormir aqui.- Ela começa a falar, se encostando no muro preguiçosamente.

- Acho melhor ir para casa, descansar um pouco e afastar certos pensamentos que insistem em me rodear.- Hellena que antes estava com sua cabeça baixa, agora olhava fixamente para meus olhos com um sorriso ladino.

- Que pensamentos são esses, Eros?- Solto uma gargalhada, que saí mas rouca do que eu esperava.

- Em uma certa garota com cabelos ruivos, nariz arrebitado, tímida as vezes. Mas que implorou para eu ir mais forte.- As bochechas de Hellena ficaram vermelhas como tomates.

- Imagino que deva ter sido bom, ouvir ela fazer tal coisa.- Seus olhos não quebraram nosso contato, ela continuava sustentando meu olhar.

- Como anjos cantando, me senti no paraíso.- Dei uma pausa para ver seu sorriso crescer.- Mas estava na terra, fodendo a garota que eu amo! Se isso não é o paraíso, eu não sei o que é.

- Eu preciso entrar, já cheguei tarde por dias demais!- Suas bochechas ainda queimavam.

Me aproximei de seu corpo pequeno com a intenção de beijar sua testa, mas Hellena se colocou na ponta dos pés e acabei dando um selinho em seus lábios.

- Agora sim, eu posso entrar!- Meu sorriso era gigante, assim como o dela!.

Logo Hellena se foi, e eu também. Minhas asas pesaram nas minhas costas e eu fui em direção aos céus. Me sinto um adolescente, mas é impossível não agir como um, quando se trata da minha garota.

Chego em minha casa sem muita demora, vejo que a porta está aberta e logo fico em alerta ao pôr os pés para dentro da casa. Escuto um resmungo baixo e continuo andando com passos cautelosos.

Ao chegar na sala, a visão de meu irmão logo aparece, tudo estava escuro enquanto ele se mantinha deitado no chão.

- Esqueceu a porta aberta.- Digo me aproximando de seu corpo, mas ele continua imóvel.

Pego meu celular para iluminar a cara dele, mas fico sem reação ao ver a poça de sangue ao seu redor. Meu mundo parou, eu não sabia o que fazer, Anteros é um dos meus pontos fracos, assim como Hellena! Preciso chamar alguém, imediatamente.

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