Capítulo- 30

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Essa foi de foder o cu do palhaço. Já se faz um bom tempo que não sou o mesmo guerreiro frio de anos atrás, e que sou apenas eu, Eros. O cupido do amor, irmão protetor, melhor amigo de uma das garotas mais incríveis que eu poderia conhecer e, um cara que fez amigos incríveis e mortais, porque assim, se sente normal. E não um homem que já matou milhares de pessoas, e que não sentia remorso algum ao sentir o cheiro de sangue escorrendo por todo o corpo.

- Que porra aconteceu aqui?.- Eu estava sentado no chão do banheiro, enquanto costurava alguns ferimentos. Depois daquela ilusão com ventos, Zéfiro me atacou diversas vezes. Por mais que eu também tenha conseguido o acertar, creio que fiquei pior.

Eu realmente fiquei mais fraco.

- Eros, está aqui.- Antes poder dizer algo, solto um murmúrio de dor, ao enfiar uma agulha na coxa. Eu vou curar facilmente mais tarde, mas preciso deixar os ferimentos fechados para que seja mais rápido.- Que porra rolou aqui e por que você parece uma peneira?.

- Você é tão engraçado, Anteros.- Meu irmão se encostou no batente da porta, trocando o peso dos pés.

Fiquei com preguiça de continuar costurando, até porque meus dedos estão sujos de sangue e está umas quarenta e cinco vezes mais difícil do que geralmente é. Antes eu era quase invencível, temido por todos! Já que meus ferimentos se fechavam tão rápido quanto se abriam. Mas agora...agora eu estou frágil.

Antes eu era invencível! Mas agora, um Deus tão fraco como Zéfiro, me deixou nesse estado deplorável. Sinceramente, isso é vergonhoso.

- Tentei matar Zéfiro.- Digo e ele me olhou sorrindo, mas com um olhar preocupado.

- A julgar por seu estado, posso chutar que você não conseguiu.- Solto uma risada e Anteros me acompanha.- O que aconteceu conosco, irmão?.

- Amar mortais aconteceu!.- Suspiro e volto a dizer.- Perdemos o jeito para ser imortais, tem noção que tentei me matar? Eu nem morro, Anteros.

Meu irmão se sentou ao meu lado, enquanto ria da minha desgraça. Belo irmão.

- E eu não posso te julgar, a uns meses atrás tentei arrumar alguma forma de me tornar mortal. Tão estúpido quanto o que você fez.- Meu coração se apertou no peito.

- Não é estúpido, eu estava extremamente depressivo e bêbado.- faço um carinho nos cabelos do meu irmão, ignorando ardência dos ferimentos.- E você, quer ter uma vida normal! Eu nunca te julgaria por tentar ser feliz.

- Também não te julgo por estar beirando a loucura, irmão! Todos nós nos esgotamos as vezes.- Anteros deu um soquinho no meu braço e arregalou os olhos.- Por que não está se curando?.

- Fiquei fraco, estávamos falando disso a minutos atrás.- Meu irmão arregalou os olhos que pareciam querer saltar para fora do seu rosto.

- Sabe que uma coisa não tem nada haver com a outra, né?.- Reviro os olhos.- O que está sentindo?

- Minha pele parece estar queimando por inteira, gosto metálico na boca e dificuldade para respirar.- Estava tão ocupado sentindo vergonha de mim mesmo, que nem reparei que estou tendo sintomas.

- Você está morrendo.- Anteros diz isso com naturalidade.- O PORRA!.

- O que foi?.- Isso atiçou minha curiosidade.

Meu irmão se levantou na velocidade da luz e começou a andar de um lado para o outro, como se estivesse formando mil teorias ao mesmo tempo. O observo andar igual a uma barata tonta e isso acaba me fazendo rir um pouco, mas Anteros nem percebeu.

Minha casa vai precisar de uma reforma, acho que acabei quebrando coisas demais. Eu iria amar que Hellena decorasse do jeitinho dela. Acho que é por isso que amo tanto seu quarto, tem partes dela para todo lado. E aqui, aqui só tem migalhas de algo grandioso. Ela é, algo grandioso.

Fallen CupidOnde histórias criam vida. Descubra agora