Capítulo- 28

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- Quer conversar agora?.- Eros me perguntou, enquanto me observava comer minha casquinha.

- Não, vou para casa dormir. Tchau, Eros!.- Ele merece isso! E eu preciso ir falar com John, ele precisa de uma explicação.

- Vai atrás dele, não vai?.- Seu olhar, tudo que eu conseguia ver através dele, era uma tempestade de raios.

- É...A vida continuou, Eros.- Se ele ainda precisava resolver suas coisas, não poderia estar comigo em sua cabeça. Eu não posso o atrapalhar.

- Ando ouvindo muito isso.- Suas sobrancelhas se juntaram, e Eros tentou forçar um sorriso.

- Sinto muito.

Lhe dei as costas e comecei a andar, parece não fazer sentido agora, mas talvez um dia faça. Preciso deixar Eros ir, para que possa tê-lo de volta algum dia! E eu esperaria. Eu juro que esperaria pelo resto dos dias que me faltam, mas agora, nesse mesmo momento, preciso que Eros vá.

Mesmo que isso esteja doendo, preciso o libertar! Eros moveu o mundo por mim diversas vezes, talvez essa seja a hora de eu mover o meu mundo, para que ele tenha mais espaço para seguir seu caminho.

Começo a caminhar em direção oposta da que estávamos. E como se o universo soubesse como me sinto nesse momento, o clima que antes era quente, se tornou frio e chuvoso. Porém, o que mais me assustou, foram os sons altos dos raios e trovões. Tão lindo, tão perigoso e tão...mortal.

Começo a me sentir sufocada enquanto caminho, meu coração se apertando no peito, minhas pernas se tornando um pouco mais fracas e minhas mãos tremulas. Não sei se conseguiria caminhar mais, eu não sei que merda está acontecendo. Mas sei que não estou suportando mais o meu peso.

Deixo meu corpo cair com força no concreto da calçada deserta e molhada pela chuva forte, não consigo gritar por ajuda, não consigo me mover direito, não consigo...Não consigo...

Eu preciso me mover, eu preciso conseguir andar, preciso sair dessa calçada e voltar a caminhar, preciso parar de tremer e firmar os pés! Preciso me forçar a levantar. Mas enquanto ainda estou deitada e quase inconsciente, vou calcular a distância para cada lugar que frequento! Por mais que esteja um pouco confiante, não sei se consigo caminhar até minha casa.

Para onde.
Para onde.
Para onde.

Será que posso encher a cara quando conseguir levantar? Porquê eu meio que já estou no chão, me afundar um pouco mais não seria mal.

- Hellena?.- Escuto uma voz, mas acho que demorei demais para levantar e meu corpo voltou a tremer. Dessa vez, provavelmente por conta do frio.- Por que karalhos você está deitada no chão?.- Me forço a abrir os olhos que eu nem sabia que estavam fechados.

Vincenzo estava parado a minha frente, me observando como se me analisasse. Queria ter força para mandar ele a merda, mas seu olhar não tinha maldade, acho que ele só queria saber se sou estranha assim mesmo ou se tomei um tiro. No "universo" que ele vive, a segunda opção é mais comum que a primeira.

- Consegue levantar?.- Me levanto rápido demais, para quem não conseguia fazer isso a minutos atrás. Mas logo minhas pernas fraquejam novamente.- Certamente não.

Tento desviar de seus braços, não o conheço, não gosto que me toquem. Não gosto que toquem meu corpo, que o olhem, eu não gosto, eu não gosto, eu não gosto.

- Não vou fazer perguntas, fica aí! Eu já volto.- Como se eu conseguisse fazer diferente. Fiquei sentada na calçada.

Aproveitei que Vincenzo saiu do meu campo de vista, e abri a boca para pegar gotas de chuva com a língua. Eu certamente não estou no meu mais perfeito juízo.

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