- Quer conversar agora?.- Eros me perguntou, enquanto me observava comer minha casquinha.
- Não, vou para casa dormir. Tchau, Eros!.- Ele merece isso! E eu preciso ir falar com John, ele precisa de uma explicação.
- Vai atrás dele, não vai?.- Seu olhar, tudo que eu conseguia ver através dele, era uma tempestade de raios.
- É...A vida continuou, Eros.- Se ele ainda precisava resolver suas coisas, não poderia estar comigo em sua cabeça. Eu não posso o atrapalhar.
- Ando ouvindo muito isso.- Suas sobrancelhas se juntaram, e Eros tentou forçar um sorriso.
- Sinto muito.
Lhe dei as costas e comecei a andar, parece não fazer sentido agora, mas talvez um dia faça. Preciso deixar Eros ir, para que possa tê-lo de volta algum dia! E eu esperaria. Eu juro que esperaria pelo resto dos dias que me faltam, mas agora, nesse mesmo momento, preciso que Eros vá.
Mesmo que isso esteja doendo, preciso o libertar! Eros moveu o mundo por mim diversas vezes, talvez essa seja a hora de eu mover o meu mundo, para que ele tenha mais espaço para seguir seu caminho.
Começo a caminhar em direção oposta da que estávamos. E como se o universo soubesse como me sinto nesse momento, o clima que antes era quente, se tornou frio e chuvoso. Porém, o que mais me assustou, foram os sons altos dos raios e trovões. Tão lindo, tão perigoso e tão...mortal.
Começo a me sentir sufocada enquanto caminho, meu coração se apertando no peito, minhas pernas se tornando um pouco mais fracas e minhas mãos tremulas. Não sei se conseguiria caminhar mais, eu não sei que merda está acontecendo. Mas sei que não estou suportando mais o meu peso.
Deixo meu corpo cair com força no concreto da calçada deserta e molhada pela chuva forte, não consigo gritar por ajuda, não consigo me mover direito, não consigo...Não consigo...
Eu preciso me mover, eu preciso conseguir andar, preciso sair dessa calçada e voltar a caminhar, preciso parar de tremer e firmar os pés! Preciso me forçar a levantar. Mas enquanto ainda estou deitada e quase inconsciente, vou calcular a distância para cada lugar que frequento! Por mais que esteja um pouco confiante, não sei se consigo caminhar até minha casa.
Para onde.
Para onde.
Para onde.Será que posso encher a cara quando conseguir levantar? Porquê eu meio que já estou no chão, me afundar um pouco mais não seria mal.
- Hellena?.- Escuto uma voz, mas acho que demorei demais para levantar e meu corpo voltou a tremer. Dessa vez, provavelmente por conta do frio.- Por que karalhos você está deitada no chão?.- Me forço a abrir os olhos que eu nem sabia que estavam fechados.
Vincenzo estava parado a minha frente, me observando como se me analisasse. Queria ter força para mandar ele a merda, mas seu olhar não tinha maldade, acho que ele só queria saber se sou estranha assim mesmo ou se tomei um tiro. No "universo" que ele vive, a segunda opção é mais comum que a primeira.
- Consegue levantar?.- Me levanto rápido demais, para quem não conseguia fazer isso a minutos atrás. Mas logo minhas pernas fraquejam novamente.- Certamente não.
Tento desviar de seus braços, não o conheço, não gosto que me toquem. Não gosto que toquem meu corpo, que o olhem, eu não gosto, eu não gosto, eu não gosto.
- Não vou fazer perguntas, fica aí! Eu já volto.- Como se eu conseguisse fazer diferente. Fiquei sentada na calçada.
Aproveitei que Vincenzo saiu do meu campo de vista, e abri a boca para pegar gotas de chuva com a língua. Eu certamente não estou no meu mais perfeito juízo.
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Fallen Cupid
Roman d'amourEros, aquele mesmo da mitológia! O tão amado e odiado cupido. Desde a pré-adolescência aprendendo a espalhar o amor. Em meio a isso, encontrou uma mortal chamada Hellena. A mulher ruiva sempre soube as lendas sobre o cupido escolher o amor de sua v...