- Eu que te pergunto! É uma criança, o que faz aqui?.- Hera olha nos olhos da menina de cabelos ruivos cacheados, que batiam na sua cintura. Seus olhos eram tão verdes quanto a grama dos morros gelados. Suas roupas não passavam de trapos velhos, mas a menina era linda. Muito parecida com...
- Não sou criança, tenho dezoito anos! Me diga, quem são vocês?.- Tão magra, não passava de ossos e pele.
- Sou Hera e esse é o Eros!.- A sombra de um brilho estranho, passou pelos olhos da menina.
- O que fazem aqui? Não é seguro! Nunca foi.- A garota tinha uma expressão séria, ao analisar a barriga um volumosa de Hera.
Não consigo tirar meus olhos da menina! Seus cabelos ruivos e bagunçados, sua boca que não aparentava uma boa saúde e seu nariz arrebitado. Já o vi em algum momento da minha vida, sinto que a conheço e ao mesmo tempo que, ela é uma estranha! Uma completa estranha.
Ela parecia ter fome e muito frio, já que estava pálida e suas unhas roxas não me passaram despercebidas. Vou tira-la daqui, ou ela não irá sobreviver por mais tempo.
- Por que está com meu cavalo nas mãos?.- Ela olhava para Hera, que tinha pego o brinquedo novamente.
Hera olhou para o brinquedo com nostalgia, e logo voltou seu olhar para analisar melhor as feições da garota a nossa frente. Vi quando Hera arregalou os olhos com velocidade, ela soltou o cavalo novamente e levou suas mãos para a frente da boca, como se estivesse vendo um fantasma. Lágrimas molharam seu rosto, enquanto ela olhava para a menina. A garota ruiva estreitou os olhos e virou um pouco a cabeça, como se quisesse entender o por que de Hera ter feito aquilo.
- Hera, o que foi? É a bolsa?.- Fico desesperado e toco o ombro da mulher que chorava paralisada no lugar.
- Mérida?.- Foi a minha vez de arregalar os olhos. A garota ruiva abriu um sorriso gigante.
A garota correu na direção de Hera e a abraçou com força. Elas se ajoelharam, enquanto ainda mantinham o aperto uma na outra. Era uma cena bonita de se ver, mas eu ainda tinha várias dúvidas que precisavam ser respondidas logo.
- Meninas, não quero interromper! Mas eu tenho algumas perguntas.- Aquela poderia muito bem ser uma armadilha, então segurei o braço de Hera e a levantei com um puxão, e coloquei seu pequeno corpo atrás de mim.
- Quem é você?.- A garota levantou do chão, fazendo seus cabelos pularem um pouco. O que me permitiu ver as marcas roxas em seu pescoço, que agora foram escondidas pelos cabelos novamente.- Ela eu conheço, mas e você? Quem é você?.
- Sou Eros, prazer!.- Estendo minha mão, mas a menina se assustou e deu dois passos para trás.- Me desculpe, não queria te assustar. Eu conheço a sua irmã, sou o n...melhor amigo dela!.
Me corrijo antes de falar algo irreal, infelizmente! Mesmo que eu morra hoje, quero que ela saiba que até em meus últimos momentos, pensei nela. E quando me curei daquele veneno, foi por ela, mesmo que a emoção que tenha me feito ficar bem, tenha sido o ódio. Foi por vê-la naquela situação, onde eu não era a pessoa com os braços em volta do seu corpo.
- Ouvi sobre você, coisas horríveis!.- Franzo a testa para Mérida, que abre um pequeno sorriso.- Mas se a pessoa que fez isso comigo, te julga ser mal e se acha do bem, talvez você não seja alguém ruim.- Mérida colocou a mão nos cachos e os levantou, dando espaço para que vejamos seu pescoços com marcas horríveis e que pareciam extremamente dolorosas.
- Mérida, pode não ser o momento adequado, querida.- Hera se colocou ao meu lado novamente e beliscou minhas costelas, tirando um gritinho de dor do fundo da minha garganta, e uma risada nasal de Mérida.- Mas pode me dizer como veio parar aqui, e quem a mantém aqui?.
- Claro, venham comigo!.- Mérida se virou e começou a caminhar pelos corredores horríveis e nada adequeados para uma criança.- Não demorem, e façam pouco barulho! As paredes ouvem e abraçam.
Seguimos seus passos. Aproveitei que Mérida não estava olhando e análisei seu minúsculo corpo, precisava olhar todos os seus machucados com precisão e guardar todas as marcas na minha mente. Faria o mesmo no culpado, e adoraria ouvir seus gritos para que eu parasse.
- Chegamos!.- Mérida abriu uma porta vermelha, o quarto também estava aos trapos, mas bem melhor que o outro.- Aqui ninguém tem a autorização de vir, teremos privacidade, antes que ele apareça de novo.
Olho em volta, e vejo Mérida andar até a cama e tirar a roupa que estava vestindo, por reflexo fecho meus olhos na mesma hora, e depois sinto a mão de Hera tampar meus olhos. Eu realmente não entendi o que ela estava fazendo. Senti um corpo se aproximar da minha orelha, e me abaixei um pouco, já que era muito mais alto do que as duas pessoas presentes alí.
- Ela não é mais acostumada a viver em sociedade, Eros! Vive sozinha e isso provavelmente é normal para ela.- Assenti, agora faz mais sentido.- Vou soltar seus olhos, ela acabou de pôr o vestido.
- Ele chama esse lugar de céu, durante todas as tardes desde que eu saí da casa dos meus pais, ele manda eu colocar esse vestido e o esperar nessa sala.- o vestido era muito grande para seu corpo, da cor vinho e feito para o corpo de uma mulher já formada.
- E você está o esperando agora, Mérida?.
Pergunto e a garota parecia ter saído de um transe mental, seus olhos se arregalaram e ela começou a olhar o vestido em seu corpo com nojo. Seus dedos foram levados até o tecido, e Mérida começou a puxar cada centímetro do vestido, que logo começou a se rasgar nas suas mãos. Vi quando lágrimas começaram a cair dos seus olhos, enquanto Mérida segurava o trapos que restaram do vestido na mão, como se pudesse queima-lo apenas com o olhar.
Olho para Hera, que parecia igualmente sem reação. Dou um passo na direção da garota em choque, ela me olha com olhos encharcados e eu estendo minha mão novamente, para ajudá-la a se levantar e sairmos daquela casa macabra logo. Mas Mérida pulou nos meus braços e chorou ainda mais, agora abraçada ao meu corpo. De primeira eu só arregalei os olhos pois me assustei, mas depois segurei seu corpo de volta, e o abracei também.
Próximo capítulo vai ter a verdade sobre a Mérida, e a volta do nosso casal que só nos faz sofrer! Aguardem.❤
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Fallen Cupid
RomanceEros, aquele mesmo da mitológia! O tão amado e odiado cupido. Desde a pré-adolescência aprendendo a espalhar o amor. Em meio a isso, encontrou uma mortal chamada Hellena. A mulher ruiva sempre soube as lendas sobre o cupido escolher o amor de sua v...