• tarde com o papai •

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Encaramos a televisão no mais puro tédio, mas sem forças pra procurar ou fazer qualquer coisa que não fosse olhar para a merda da televisão.

Denki ainda estava de ressaca, apesar de não sentir mais enjoos e ter liberado — finalmente — o banheiro depois de ter passado mais de uma hora abraçado na privada de madrugada. Nem fiz questão de trazer ele pra cama de novo, sabendo perfeitamente que o melhor seria ele botar tudo pra fora mesmo.

Quando ele voltou, o rostinho abatido e os olhos inchados, preparei um chá de boldo — as plantas que meu pai mantém em casa finalmente tendo algum uso — e entreguei pra ele junto com remédio pra dor de cabeça.

Ele fez careta, mas tomou tudinho. Depois, voltamos pra cama e dormimos até dar uma hora da tarde, quando meu pai resolveu que independente do tempo em que ficamos fora ontem/hoje, era hora de levantar.

Véio desgracento.

E agora estamos aqui, deitados no sofá, assistindo um programa ridículo que passa a tarde na tv aberta só porque a preguiça fala mais alto.

— Você mandou mensagem pra sua mãe, amor? - perguntei, olhando pra cima, já que estava deitada em seu peito.

— Mandei. - a voz rouca pelo desuso. Estava com uma mão atrás da cabeça, e pela sua feição parecia bem melhor do que umas horas atrás. — Ela te mandou um beijo, inclusive.

— Hm, tão fofa. - e eu pensando que não ia me dar bem com a minha sogra.

— O ALMOÇO JÁ TÁ PRONTO CAMBADA! - meu pai grita da cozinha.

— Aish. - Denki resmunga, franzindo a testa. Acho que a dor de cabeça ainda tá presente.

— TAMO INDO. - grito de volta.

— Pelamor S/N, para de gritar meu! - diz irritado, já se levantando do sofá. Rindo baixinho eu vou atrás dele. — Fez o que de bom sogrinho? - coçando a barriga por baixo da camiseta, observando preguiçosamente meu pai se movimentar pela cozinha, assim como eu.

— Macarronada e costela gaúcha cozida. - a boca chega encheu de água com o cheiro que subiu.

— Porra, tô morrendo de fome. - resmungo, me sentando em uma cadeira, ficando no meio dos dois e começando a me servir.

— Obrigado pela comida. - Denki agradeceu, enchendo o prato dele também.

Devoramos a comida do meu pai, terminando e pegando a louça pra lavar já que ele fez tudo. Eu fui lavando enquanto Denki secava. Não demorou pra gente voltar pra sala, vendo meu pai assistindo uns vídeos de coreografia, tudo de música antiga brasileira.

Parei no lugar quando ele começou a dançar também. Arqueei minha sobrancelhas vendo ele rebolar a bunda, bem bonitinho junto do Daniel Saboya.

— Eita, não sabia que teu pai dançava assim. - Denki comentou, se pendurando no meu pescoço.

— Iih meu fi, não viu nada. - desdenho, tirando meu celular do bolso e abrindo a câmera. Faria questão de marcar minha mãe quando postasse no insta. Sorri, focando bem na parte da coreografia que ele rebolava de novo.

— Para de me filmar demoninha e vem dançar com o papai, vem! - exclamou, todo animado. — Denkizinho vem também!

Troquei olhares com o loiro, e após uma conversa rápida mental, demos de ombros. Larguei o celular em cima do sofá, indo pro lado dele e começando a imitar os movimentos do homem na tela.

Denki se juntou também, meio travado no início. Ficamos mais de meia hora gastando caloria, suando feito porcos quando decidimos parar. Me joguei de qualquer jeito no chão, respirando ofegante.

— Bora jogar Uno? - Rodrigo sugere, já se levantando da poltrona. — Acho que a S/N esqueceu da última vez que ela veio aqui.

— Eu não esqueci, foi proposital. - corrijo. — E trás logo, mal posso esperar pra acabar com você. - sorrio quando ele ri irônico.

— Ah tá, vai achando minha filha.

— Se a nossa relação acabar, eu vou culpar o jogo. - Denki disse, apontando pra mim.

— Ok amor, digo o mesmo.

E nisso foi-se a tarde até a noite jogando rodadas e mais rodadas de Uno. Meu namoro quase acabou em duas delas. E eu juro que quase fui deserdada em outras cinco.

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só quem já jogou uno sabe o quão destruidor de relações é

𝐊𝐀𝐌𝐈𝐍𝐀𝐑𝐈 𝐃𝐄𝐍𝐊𝐈, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora