Cap 11

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ANDRESSA ON

Meus amigos e eu estávamos na pracinha depois da aula como sempre tomando sorvete e rindo muito de nossas histórias pós-festa quando eu olhei para a lanchonete e vi de longe a minha amada....se me perguntarem; NÃO, eu não falei com Júlia na faculdade hoje, provavelmente nem vou falar, sempre fui fraquinha pra cair no papo das minhas ex, ela por ser tão recente e intensa não seria diferente, aliás, seria bem fácil igual ontem KK.

Marcelly percebeu minha tensão e me puxou pedindo pra eu sentar no mesmo banquinho que toda vez ficávamos abraçadas.
Conversamos ali por bastante tempo até:

Rafa: Eu não queria ir embora pq o papo tá muito bom, mas já vão dar 20:00H amigos. (Olhei para o relógio e nem me preocupei, moro sozinha msm)

Igor: Valhaaa, vamos embora povo. (Igor dá um pulo pra ir embora)

Eu: Mah, cê pode dormir comigo hoje? (Falei baixo e manhosa pra ruivinha aceitar)

Marcelly: Sim, só eu avisar minha mãe.

Igor: HUMMMMMMMMMM. Cuidado viu Marcelly, tu diz que é hetero, mas até eu que sou gay ficaria com a Andressa. (Pela fé, esse gay é impossíveeeel)

Eu: Aaah! Calaboca meu mano. Tô na bad pela Júlia só queria uma companhia pra dormir abraçada hoje. (Falo bem sincera)

Marcelly: Deixa ele falar bobagem amiga, eu te entendo, vamos embora. (Eu já disse que amo minha fadinha sensata?)

Igor e Rafa: Tchau, vão na paz e tenham juízo. (Falam juntos e com um certo tom de deboche)

Coloquei o braço no ombro de Marcelly e ela me abraçou pela cintura já que era baixinha. Começamos a caminhar em direção ao táxi que íamos pegar e senti alguns olhares sobre nós duas, acredito que tenha sido Júlia e seus amigos, mas eu não olhei só pra não demonstrar o quanto eu estava quebrada por ter terminado com Juh.

Chegando em casa fui direto tomar banho, gritei do banheiro.

Eu: Maaaah? (Digo)

Marcelly: Euuuuu (Ela grita de uma forma engraçada)

Eu: Escolhe roupa pra ti usar aí no closet, amiga. ("Amiga" kkkk)

Marcelly: Vou já fazer isso bê. (Fala ela toda fofinha como sempre)

Terminei o banho e Marcelly entrou pra fazer o mesmo; vesti um topper preto e um short curtinho preto da nike. Marcelly saiu do banheiro já vestida; pegou uma calça moleton cinza, um topper alça fina preto e pegou uma de minhas sandálias da adidas.

Eu: UAU!! Que linda ela fica com minhas roupas, melhor do que em mim. (Falo elogiando Mah, sei que sua autoestima dispara)

Mah: Para boba, é só por hoje. (Vi ela corando igual um tomate)

Eu: Ue, se quiser ficar com essa roupa pra  ti, pode ficar. Ou melhor, agora ela é sua eai toda vez que vir aqui elas poderão te  salvar. Hehehhehe. (Mas se quiser ficar só de calcinha e sutiã pode ser também KKKK ei que isso??? Brincandoo)

Mah: Sériioo? Aaah, por isso que te amo garota kkk (Pulou pra me abraçar)

Senti uma certa tensão no abraço, mais da parte dela do que minha. Era um abraço gostosin, era leve e me dava conforto quando eu precisava. Soltei Marcelly pra que ela respirasse tranquila, porque se continuasse respirando rápido da forma que tava enquanto estávamos abraçadas não sei se ela continuaria viva KK.

Convidei Mah pra jantar, sentamos para comer enquanto ela me dava vários conselhos de como superar Júlia. Eu mudava de assunto, falei da escola, de trabalho, do futebol, contei algumas histórias engraçadas e ela ria feito criança sentindo cócegas. Apesar do motivo de Marcelly estar ali comigo aquela noite ser meio triste, acabou que a noite foi ótima, muito divertida, fizemos brigadeiro e pipoca para assistirmos filmes, vimos nossa série favorita, Riverdale (eu louca pela Cheryl, já Marcelly é doidinha pelo JugHead) vai entender né? Kkk. Por fim dormimos de conchinha.

Pela parte da manhã fizemos nossa higiene, comemos e no comecinho da tarde fomos nos arrumar para ir à faculdade. Mah pegou uma de minhas camisas grandes rosa da Nasa, uma calça rasgada preta e foi com a mesma sandália Adidas. Eu vesti uma camisa preta do nirvana, coloquei uma bermuda frouxa clarinha rasgada, e minha havaiana branca.

Como de costume chegamos de braços cruzados, era impossível não perceber os olhares sobre mim e Marcelly.


*flashback on*

Até o 8º ano do ensino fundamental eu costumava ser uma garotinha de boas, aquela good vibes que nada estraga, sabe?
Me vestia com a roupa que eu queria, deixava o cabelo da forma que eu achava melhor, fazia o que me fazia bem. Mas chegando ao 9º ano eu vivi coisas terríveis que não desejo a ninguém, comecei a sofrer bulliyng por conta do meu jeito de falar, de me comportar, as pessoas me diziam o que eu tinha que vestir, como eu tinha que pentear meu cabelo, e até que eu tinha que usar maquiagem para me encaixar no padrãozinho de beleza da sociedade. Desde então eu me sentia feia, senti uma exclusão imensa, eu me via entrando na depressão, eu era sozinha. Pra mim era como se eu tivesse que viver uma grande farsa pra agradar todo mundo, mas eu escolhi me agradar e isso me gerou uma consequência dura, que foi ser só. O meu ensino médio e o começo da faculdade não foram tão fáceis quanto pareciam, toda a escola me tachou como "Pegadora", "cafajeste", " passa rodo", todos esses apelidos foram chaves pra que eu me afundasse de novo, eu ficava com tão poucas pessoas, mas essa era a "imagem" que o povo tinha de mim. Acho que essa coisa de ser vista como algo pejorativo à sociedade me machucava muito, ainda machuca, mas aconteceu o que eu mais temia, me acostumei com o trauma como se fosse agora algo normal, olhares e COMENTÁRIOS.

Fomos andando normalmente, Marcelly conhecia muito bem esse meu lado escuro e tentou me acalmar quando percebeu os olhares sobre nós.

Marcelly: Andy? Olha pra mim. (A baixinha pede quando vê meus olhos já querendo lágrimar)

Eu; Fala. (Olho pra ela, ela segurou meu rosto com as duas mãos)

Marcelly: Você sabe que não importa o que faça, sempre vai ter alguém pra julgar. Então faça o que você achar melhor, desde que não pise em ninguém. Deixa pensarem o que quiserem, o que importa é QUE VOCÊ SABE SUA VERDADE. (Deu ênfase no final)

Eu: Posso te abraçar? (Ela me abraçou forte sem nem responder. Era meio que inevitável meu choro diante da situação, lembrei de Júlia o que piorou tudo)

Marcelly: Te amo muito bê, eu não ligo pra o que vão pensar ou falar, sei muito bem do teu caráter fica em paz. (Mah sabia usar as palavras certas sempre)

Eu: Te amo, obrigada por estar aqui sempre que sou fraca. (Ficamos alguns segundos abraçadas)

Fomos embora pra nossa sala pra evitar aquelas pessoas tóxicas, quando trombamos com Júlia e seu grupinho.

Manuella: Olha aí Juh, ela já está com outra, eu disse que não valia a pena sofrer amiga. (A amiga de Júlia falava debochada e com uma certeza na voz)

Júlia: PARA MANU!! Me desculpe por isso Andressa. (Senti que ela ficou constrangida por Manuella dizer que ela estava sofrendo com o término)

Eu: Tudo bem, tenham uma boa tarde. Temos que ir. (Falo e puxo rapidamente Marcelly para o corredor, eu sabia que não ia segurar o choro por muito tempo)

Marcelly dizia pra eu relaxar, comprou água pra que eu tentasse me acalmar. No final eu continuei mal e Mah me levou até minha casa...

PRÓXIMO CAP....

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