19. o festival

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capítulo dezenove, o festival
(temp 2, ep 3)

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Johnny levou os dois adolescentes para a lanchonete que ele mais levava a filha, pediu hambúrgueres para os três. Mia e Miguel sentaram lado a lado, de frente para o mais velho, confusos com a razão de estarem ali.

- Bom, não é? Eu e Mia comemos bastante por aqui. - o homem quebrou o silêncio estranho e os dois apenas concordaram. Não gostava daquela situação entre eles, e principalmente não gostava de ver Mia tão quieta. - O segredo é picar a cebola. O sal não complica. Vegetariano não tem vez. Só uma grelha quente e carne boa.

O silêncio retornou. Miguel olhava de relance para Mia, vendo como a garota parecia chateada. Os três apenas comendo. Johnny precisava criar coragem para o que viria a seguir.

- Veem aquele prédio ali?

- O hospital? - Miguel perguntou.

- O que tem ele? - Mia estava ainda mais confusa.

- É onde o Robby nasceu. - a loira congelou, eles iriam finalmente ter essa conversa. - Dia 4 de fevereiro de 2002. Era uma segunda. O trabalho de parto durou 17 horas.

- Deve ter sido louco.

- Tenho certeza que foi. Eu não estava lá. - o homem abaixou o olhar, evitando os olhos verdes da filha. - Minha mãe tinha acabado de morrer. Eu estava mal. Não tive pai, só tinha ela. Aí fico sabendo que vou ser pai. Levei um susto danado. Então em vez de estar lá para recebê-lo no mundo, eu fiquei aqui enchendo a cara por três dias, tentando ter coragem de atravessar a rua. - ele agora olhou para a filha, que tinha os olhos marejados. - Eu não fui. Falhei com meu filho no primeiro dia dele nesse mundo. - a voz de Johnny começa a falhar. - E falho com ele todo dia desde então.

- Sensei, isso é pessoal, não precisa me contar.

- Não, eu... Eu devia ter contado há muito tempo, para os dois. É uma das coisas mais dolorosas da minha vida, por isso não conseguia reunir a coragem o suficiente para falar sobre isso. - o homem tinha os olhos vermelhos de tentar segurar as lágrimas. - Mas uma das melhores coisas foi poder criar você - ele olhou para Mia, que já chorava. - e poder ensinar você. - ele olhou para Miguel. - Quero que saibam que, não importa o que aconteça, eu prometo que sempre estarei do lado de vocês e vou fazer o melhor por vocês. - a menina apertou a mão do homem.

- Obrigada por me contar isso.

- Obrigado. - Miguel sorriu. O celular do moreno começa a vibrar e o da loira também. - Desculpa.

- O que foi?

- É da Aisha. - Mia respondeu, mal enxergando o estava escrito por conta das lágrimas. Miguel percebendo, continuou lendo a mensagem.

- Ela soube que o Miyagi-Do vai se apresentar no festival.

Mia olhou para o pai e pode ver as engrenagens rodando na cabeça dele.

- É mesmo? - ele disse. - Terminem de comer e mandem mensagem pra todo mundo, diga que nos encontramos no Festival. Eu vou pagar a conta.

Os dois mandaram mensagem para os amigos do dojô e marcaram o encontro, ainda sem entender 100% o que iam fazer. O silêncio se instalou entre eles dois, Mia ainda digerindo o que tinha ouvido.

- Você tá bem? - o moreno vira pra ela.

- Ainda não sei dizer com certeza, mas vou ficar.

- Me desculpe, eu devia ter falado com você antes de...

𝐃𝐎𝐍'𝐓 𝐁𝐋𝐀𝐌𝐄 𝐌𝐄 ━━ 𝐜𝐨𝐛𝐫𝐚 𝐤𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora