金 ≀ théâtre et art " woosan

Você é um idiotinha.

Os raios do sol batem na janela, ultrapassando as cortinas e batendo em minha face, já com irritação por causa da claridade, aperto os olhos com força para não encarar a claridade presente.  Já meio que acostumado com ela, abro os olhos lentamente, o sol estava clareando o ambiente, sinto algo pesando em minhas costas e minha cintura, olho para minha cintura e vejo uma mão sobre ela, sigo o meu olhar para o braço branquinho, depois o ombro, a clavícula, o pescoço, o rosto, o cabelo. Choi San estava completamente adormecido, suas bochechas estavam inchadas, seus olhinhos estavam bem fechadinhos serenamente.

Com muita dificuldade, pego meu celular que estava sobre a mesa e olho o horário matinal, era 11:37 da manhã; dormimos tanto assim? Sério mesmo?

Com muita luta, consigo sair dos braços quentinhos de Choi e me dirijo para o toalete. Sim, eu sou chique e falo toalete. Faço minha necessidades matinais, pego minha escova de dentes que sempre esteve aqui e passo a pasta sobre ela, escovo os dentes calmamente, hoje deve ser um dia tranquilo.

Já sentindo a ardência vir em minha boca, cuspi a espuma e abri a torneira. Não quero ter um mal hálito na frente das visitas, certo?

Até aí, estava tudo muito tranquilo, tranquilo até demais. Escuto risadas conhecidas e alguns gritos de raiva.

Saio do banheiro e já pulo no susto.

— S-San, o que aconteceu com você? — indago supreso.

— Yeosang pintou minha cara em formato de barba e sobrancelhas irritadas. — respondeu de braços cruzados já sentado na ponta da cama.

Aiai esse Yeosang, aposto que não tem coragem de fazer a mesma coisa com o Seonghwa. Eu acho.

— Ah mas, não está TÃO ruim assim, parece até um empresário de 47 anos amargurado por não terem apoiado sua proposta. — sorrio amarelo após o que eu disse.

San solta um risinho baixo e abaixa a cabeça. Seus cabelos parecem um ninho de avestruz — se é que existe ninho dessa ave — de tão bagunçado que está, ele levanta a cabeça e continua se olhando pelo mini espelho que está em suas mãos.

— Vai ficar parado aí até secar essa tinta ou vai lavar logo? — indago me encostando na parede perto do banheiro.

Ele se levanta preguiçosamente e caminha-se para dentro do banheiro.

Saio do quarto ainda sonolento, desço as escadas que dão diretamente para a sala principal, atrás se encontra a cozinha, mas eu não quero comer nada agora, sou acostumado a não comer de manhã.

Vou até a geladeira e pego uma jarra d'água para pôr em um copo de vidro. Bebo o líquido bem devagar para não me engasgar facilmente.

— Bom dia, Woo. — Seonghwa aparece com uma aparência morta, seus cabelos estavam mais bagunçados que o de San e a sua carinha está como se fosse atropelado por um caminhão pipa.

Respondo com um sinal de mãos indicando um ' legal ' como bom dia, não posso perder o frescor da água por causa de um bom dia, certo?

Seonghwa dá um mero riso e pega uma maçã no recipiente de frutas. Estou achando que essas frutas estão estragadas de tanto ficarem nesse recipiente, eu sei que o Yeosang só come besteiras na vida e não para nada para comer uma frutinha sequer, por isso que ele adoece facilmente.

Já acabando de tomar a deliciosa água, devolvo a jarra na geladeira e deixo o copo na pia. Já estava pronto para organizar meus materiais para ir até a casa de San.

— Não vai comer nada, Woo? — escuto uma indagação de Seonghwa.

— Esse 'bicho não come nada de manhã, amore. — Yeosang interrompe minha fala, me referindo como bicho.

— Mas por que?

— Porque desde pequeno eu já sou acostumado a não comer de manhã, daí eu nunca quis mudar minha rotina. — respondo já indo até o quarto.

Abro a porta e me deparo com San olhando para um ponto fixo sem se mexer, ele estava arrumado e seus cabelos voltaram a ser cabelos, a tinta já tinha saído mas ainda vejo algumas partes em suas sobrancelhas.

Vou até ele coloco uma destra sobre seus olhos e ele se assusta.

— Está no mundo de saturno a quanto tempo? — indago rindo de seu semblante assustado.

— A nenhum minuto, eu acho. — ele responde baixinho.

— Tudo bem, vou só pegar os materiais e a gente já vai. — me dirijo até um armário fixo que fica perto da janela de vidro. Eu sempre guardo alguns dos meus materiais aqui à sete chaves.

— Você tem seus materiais na casa do Yeosang? — pergunta se aproximando.

— Sim, eu guardo muito bem para o Yeosang não abrir esse armário e brincar de tinta. — respondo já abrindo o cadeado que estava em meu bolso direito.

Abro o armário e lá está a razão do meu viver, estava as tintas, pincéis, telas, apoiadores, luvas e aquarelas.

Vejo os olhinhos de San brilharem quando vê o que tem dentro do armário.

— É muito lindo, Woogie. — elogia.

— Sim, essa é a minha vida.

Pego os materiais necessários e coloco na cama.

— Vamos, quero te apresentar o meu amor o quanto antes. — diz animado.

Sinto uma onda de raiva, tristeza e curiosidade. Quem será esse tal amor dele? Eu achei que ele era sozinho.

Faço um estalo de desaprovação e pego os materiais colocando em minha mochila.

— Vamos. — passo por ele e desço as escadas.

— Vão aonde? — Yeosang indaga.

— Vamos para a casa do San, tenho uma obra para fazer. — respondo já abrindo a porta.

— Cuidado no caminho, tenham um ótimo dia. — diz Seonghwa abraçando Yeosang e Chiquinho de lado.

— Obrigado, Seong. Vocês também, tenham um ótimo dia em "família". — San agradece já segurando a maçaneta da porta.

Saímos da casa de Yeosang e fomos para o carro de San, ele abre a porta do passageiro para eu entrar.

— Os mais novos primeiro. — diz San se referindo a entrar dentro do veículo.

— Obrigado. Calma, como assim você sabe que eu sou mais novo que você? — indago surpreso.

— Bom, digamos que eu te stalkeei no Instagram. — respondeu com um sorriso amarelo.

— Você é um idiotinha.

— idiotinha? — ele ri.

— Sim, um idiotinha. — entro no carro e ele fecha a porta, rodeia o veículo e entra.

— Acho engraçado seus apelidos. — ele liga o carro e dá a partida, seguindo para a sua residência.

Espero que tudo dê certo, não quero me estressar hoje.