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Atenção: o capítulo a seguir contém cenas de agressão física/verbal. Se você não se sente confortável ao ler esse tipo de conteúdo ou tem gatilho. Recomendo pular para o próximo.

Lívia

Acordei mais uma vez com água gelada na cara. Todos os dias estavam sendo como esse, eu era acordada dessa forma e torturada o resto do dia... Eu só pedia a Deus pra acabar com meu sofrimento. Não físico e sim psicológico. Enquanto estive aqui descobri coisas que eu não imaginaria nem em um sonho lindo. Eu achava que estava sozinha nesse mundo. Que no momento que meus pais morreram era eu e somente eu. Mas faz poucos dias que descobri que tenho um irmão!

- Acorda, caralho! Tá na Disney não. - ouvi uma voz grossa. - Levanta porra! - disse me puxando me fazendo ficar de pé.

Me empurrou me fazendo cair sentada em uma cadeira que tinha ali. Ele se aproximou amarrando minhas mãos para atrás e meus pés rentes a cadeira. Ouvi conversa de homens, levantei minha cabeça com dificuldade e abri meus olhos tentando enxergar qualquer coisa. Vi três homens entrando, um deles eu conhecia. Era o desgraçado do Sapinho.

Sapinho: E aí, minha linda. - disse passando a mão entre meus cabelos. - Ela já abriu o bico? - perguntou pro cara que me amarrou na cadeira.

- Não, chefe. - respondeu.

Sapinho: Você tá testando minha paciência é isso mermo? - disse se abaixando na minha altura. - Cadê o filho da puta do seu irmão?

Lívia: Comendo sua mulher, seu corno. - cuspi na cara dele e senti o mesmo me dando um soco no rosto tão forte que foi o suficiente pra me fazer cair junto com a cadeira.

Sapinho: Tu não perde a marra nem a beira da morte? - disse chutando minhas costelas.

Confesso que doía pra caralho. Afinal era todos os dias as mesmas perguntas e as mesmas torturas. Eu não sabia nem que tinha um irmão até dias atrás, como ia saber o paradeiro dele?

Sapinho: Eu vou te perguntar a última vez, sua vagabunda. - disse pisando no meu pescoço me fazendo ficar com falta de ar. - E se a respostar for a mesma tu vai se arrepender de ter nascido, sacô? - disse tirando seu pé do meu pescoço. - Cadê o seu irmão? - disse gritando.

Lívia: Pode me perguntar mil vezes e a resposta vai ser a mesma. Não sei caralho! - disse com dificuldade regularizando minha respiração.

Sapinho se aproximou de mim me desamarrando e me puxando pro banheiro

Sapinho: Toma um banho que tu tá nojenta! - disse me empurrando me fazendo cair no chão.

Fiquei sentada ali por alguns minutos, eu não conseguia nem chorar. Só sentia dor e raiva. Muita raiva! Não entrava na minha cabeça porque de uma pessoa fazer isso com a outra. Eu era inocente. Não sabia nem da existência do meu irmão. Não sabia o porquê de ser torturada. Não sabia o que meu irmão tinha feito de tão grave pra chegar nessa situação. No fundo eu queria sair daqui viva e poder conhecer a única família que ainda tenho.

Sai dos meus pensamentos quando ouvi batidas na porta e era um dos seguranças me apressando pro banho. Eu já li fanfic e sabia muito bem o que ia acontecer. Não ia facilitar pro Sapinho. Não ia deixar ele abusar de mim. Eu não ia passar por isso mais uma vez. Dei um soco forte no espelho que tinha ali. Me olhei no vidro todo despedaçado e não me reconhecia. Estava com olheiras fundas, vários hematomas pelo rosto e o resto do corpo. Um olho inchado, várias queimaduras nas pernas, inúmeros machucados na cabeça de tantas coronhadas que havia levado nos últimos dias. Eu diria que era um milagre eu ainda estar viva. Estava decidida a acabar com tudo isso.

Peguei um pedaço de vidro, fechei os olhos, fiz o sinal da cruz e cortei meu pulso fundo. Sentia minha pele se rasgar e o sangue escorrendo, fazendo uma poça de sangue no chão. Olhei pra toda aquela situação me sentindo fraca e perdendo os sentidos. Fechei os olhos pela última vez e me lembrei de todos os meus momentos bons na favela, dos meus amigos e principalmente dos meus pais...

Nos braços de uma bandidaOnde histórias criam vida. Descubra agora