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Lívia ✨

No fim de tudo tomamos banhos juntos e não transamos. Vitinho disse que não queria me machucar e eu concordei com ele. Eu estava com apenas um dia de recuperação e não conseguia nem rir sem sentir dor, imagina transar. Peguei minha toalha e sai enrolada na mesma, vesti a roupa do hospital e calçei minha havaiana.

Saímos do banheiro juntos e eu fui em direção a cama sentando.

Lívia: E o morro como tá? - perguntei deitando.

Vitinho: Tá mec. - disse olhando o celular e mudando sua feição. - Preciso trocar uma ideia com você.

Lívia: Fala aí. - respondi.

Vitinho: É... É o seguinte pô, eu não queria te dar essa notícia... Mas é foda! Melhor tu saber agora do que mais tarde, tá ligada? - suspirou - O Menor morreu! - disse rápido quase na velocidade da luz.

Lívia: O que você disse? - disse sentindo meus olhos encherem de lágrimas.

Se fez um nó na minha garganta e eu senti uma formigação pelo meu corpo. Meu coração batia mais rápido, minha cabeça doía, eu não conseguia raciocinar. No meu peito se fez um buraco enorme eu não conseguia acreditar nisso.

Vitinho: Tu tá bem porra? - disse me balançando. - Olha pra mim Lívia, caralho. - me deu dois tapas leves no rosto. Olhei pra ele e via um semblante de preocupação no seu rosto.

Lívia: Eu tô bem. - sorri fraco.

Vitinho: É claro que tá. - disse em um tom debochado. - Vou chamar alguém, tenta não morrer. - disse se afastando e saindo do quarto. E ele estava certo, eu não estava bem.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Sentia meu estômago embrulhar, minha vontade era vomitar. Eu tremia, não conseguia focar minha mente em um único pensamento, parece que eu nem estava na Terra.

Tentei regularizar minha respiração, mas foi em vão. Sentia minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Não conseguia acreditar nisso. Já era de se esperar, mas a gente nunca está pronto pra perder alguém, ainda mais uma pessoa tão querida, Henrique era praticamente minha família. Nós crescemos juntos, brincávamos juntos e ele era meu melhor amigo! Passei o pão que o diabo amassou nesses dias pra ele sobreviver e no fim foi tudo em vão...

Sai dos meus pensamentos quando ouvi meu nome ser chamado.

- Lívia? - olhei pro doutor que estava tentando chamar minha atenção. - Olha pra mim, tudo bem? - assenti com a cabeça. - Respira fundo. Inspira com o nariz e expira pela boca. - assenti com a cabeça, fiz o que ele pediu e senti minha respiração normalizar. - Está melhorando?

Lívia: Sim... - respondi com a voz trêmula.

- Certo. A enfermeira vai trazer um calmante para você relaxar e dormir um pouco, tudo bem? - assenti com a cabeça.

Ele saiu em seguida com as enfermeiras e Vitinho se aproximou de mim pegando na minha mão. Não sei porque mas ele estava me fazendo um bem inexplicável. Essa sensação de cuidado e carinho que ele tinha comigo me tranquilizava. Mais eu não podia confundir as coisas. Certamente ele só estava fazendo isso por eu ser a patroa dele. É... Era isso! Mas talvez no fundo eu queria que não fosse.

Vitinho: Tá melhor mermo? - assenti com a cabeça sorrindo fraco. - Tu me deu maior susto, pô! - riu.

Lívia: Acho melhor você ir, não é bom tu ficar moscando aqui no asfalto. - Vitinho assentiu com a cabeça, se despediu com um beijo na minha testa e foi embora.

Puta que pariu, Lívia. Tu não tem tempo pra se apaixonar. Você não pode se apaixonar. Lembra? Todas as vezes que você deixou se levar pelos seus sentimentos você sofreu. Você tem um compromisso com o morro, você não tem tempo pra essas coisas banais, você não pode cair no golpe dele. Ele só quer transar e te usar. É sempre o que eles querem. Querem privilégios pelo seu status.

Lívia: Acorda, mulher! - falei dando um tapa fraco no rosto.

Nos braços de uma bandidaOnde histórias criam vida. Descubra agora