Valentim Souza, 30 anos
Vulgo VL, irmão da Lívia
**********Lívia ✨
Depois da sessão de fotos com a Isa, fomos em direção ao pagode quando ouço vários rojões sendo estourados, olhei pro céu rapidamente e vi o sinalizador. Merda! Esse era o sinal que o morro estava sendo invadido.
Lívia: Vai por aqui. - disse empurrando a Isadora pra entrar no beco. - Segue reto até o fim, depois sobe a escadaria que você vai chegar na rua da sua casa. Corre o mais rápido que você conseguir. Não para e não olha pra trás.
Isa: Mas e você?
Lívia: Eu vou ficar bem, não é a minha primeira vez.
Isa: E o Yuri? - disse chorando.
Lívia: O Yuri cresceu treinando pra isso Isadora, caralho! Vai logo. - ela assentiu seguindo pelo beco.
Peguei meu radinho e apertei o botão.
Lívia: É a polícia? - disse esperando uma resposta, e nada.
Resolvi voltar pro bar do seu Geraldo na esperança de encontrar alguém, já que eu estava desarmada. Não tinha mais ninguém na rua, estava tudo deserto. Não ouvia mais barulho de tiros. Não parecia uma invasão. Tinha algo de errado. Eu sentia isso!
Meu radinho logo apitou.
- Se você quiser teus amigos de volta, vem até a boca. - disse em um tom de deboche.
Não pensei duas vezes e fui em direção da boca. Subi sentindo meu sangue ferver de tanto ódio! Filho da puta. Fui cortando caminho pelos becos e vielas do morro. Depois de curvar a última vez no beco, avistei de longe a boca. Comecei a correr e entrei pela porta ofegante.
Lívia: Bota a cara, desgraça! - entrei gritando.
- Não sabia se tu viria. - Sapinho apareceu sorrindo pra mim.
Lívia: Seu filho da puta. - fui na sua direção. - O que tu quer? Fala de uma vez!
Eu sabia! Minha intuição não falhava. Desde que vi esse cara soube que não era uma pessoa de confiança. Estava se camuflando no nosso meio, pra depois atacar pelas costas quando menos esperávamos. Mais isso não vai ficar assim. Sou mulher? Sou! Mais sou A MULHER. Ele acha que vai entrar no meu morro, bagunçar e depois meter o pé como se nada tivesse acontecido? Pode até ser desse jeito com outro mané, mas não comigo.
Sapinho: O que eu quero é simples. - disse abrindo a porta da minha sala e entrando em seguida. - Tua vida pela dos seus amigos.
Quando a porta se abriu e eu vi aquela cena meus olhos automaticamente se encheram de lágrimas derramando as mesmas. Vi meus três amigos ajoelhados, amarrados e muito machucados. Corri em direção a eles quando senti alguém puxando meu cabelo.
Sapinho: Quem faz as regras aqui sou eu, piranha. - disse me jogando no chão. - Se tu vier comigo, eles serão poupados.
Lívia: Solta eles e eu vou com você. Por favor, não machuca eles. - disse com a voz trêmula e derramando algumas lágrimas.
Menor: Não encosta nela, seu desgraçado, eu vou te matar. Tu vai morrer da pior forma. - disse cuspindo sangue no chão.
Sapinho: É mesmo? - riu. - E quem vai me impedir? - disse se abaixando próximo a mim passando o polegar pelo meu rosto e em seguida me dando um tapa forte na cara.
Coloquei a mão no meu rosto sentindo o mesmo quente. Passei os dedos no meu nariz e senti o sangue escorrendo.
Vitinho: Seu filho da puta! - falou gritando tentando se soltar. - Me mata aqui e agora, porra! Se tu me deixar vivo eu vou atrás de você até no inferno mermão.
Pitoco: Desgraçado, traíra! Tua hora vai chegar.
Olhei pros meus amigos e eu conseguia sentir o ódio deles. Mais o que eu poderia fazer? Prefiro mil vezes perder minha vida do que eles perderem a deles. Eu já estava morta por dentro mesmo. Desde a morte dos meus pais eu não era a mesma menina dócil e gentil. A minha vontade iria se realizar. Finalmente eu iria parar de sofrer!
Sapinho se levantou chamando os dois homens que ficaram fora da sala. Os mesmos entraram me levantando e me puxando pra fora da sala. Saímos pela entrada de trás da boca e entramos em um carro.
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Nos braços de uma bandida
FanfictionApós a morte de seus pais, Lívia precisa assumir uma enorme responsabilidade: o tráfico do Complexo da Rocinha. "Vivendo longe de negatividade, sendo minha própria luz..."