¡Cuéntame!

Capítulo 8

Na academia, Lucero volta a esconder o rosto no peito de Manuel enquanto ele morria de rir só de lembrar.

- Não foi engraçado, Manuel! - Ela diz sem graça.

Manuel, ainda rindo responde: - Ah, com certeza foi!

- Eu estava bêbada! Além disso você não pode me culpar. Tudo o que você dizia demonstrava segundas intenções! - Ela disse enquanto ele beija o topo da cabeça dela.

- E tinha. Ou você acha que te convidei para fazer esse show a toa? - Disse em tom bem safado e mexe duas vezes as sobrancelhas, mesmo que ela não pudesse ver.

Então, Lucero toma fôlego para responder, começam a ouvir barulho de passos, seguidos de alguém forçando a fechadura.

- Minha Virgenzinha de Guadalupe! - Ela se levanta rapidamente. - Tem alguém tentando entrar!

- Deve ser o zelador...

Lucero e Manuel começam a tatear o chão em busca de suas roupas. Manuel encontra com mais facilidade, se vestindo em poucos segundos. Lucero encontra sua calça, colocando também rapidamente. No entanto, se desespera.

- Manuel, não encontro minha camiseta!

- O que? - Pergunta surpreso.

- NÃO ENCONTRO! - Lucero responde desesperada.

- Mulher, se acalme!

- Manuel, estão prestes a abrir essa porta e vão me ver com os peitos de fora! É isso que você quer? - Ainda que não desse pra ver, Manuel fecha a cara imediatamente.

-Só por cima do meu cadáver.- Dizendo isso, Manuel tira sua camiseta, entregando para ela.

- Veste isso!

- Mas... - ela tenta responder.

- Veste logo - Ele ordena.

Em um ato de desespero, ela obedece, e em uma fração de segundos, a porta se abre. O zelador entra, juntamente com o porteiro, que segurava uma lanterna e uma vizinha que segurava seu cachorro no colo.

- Dona Lucero! Senhor Mijares! A moradora do 402 foi até a portaria informando que ouviram vozes aqui dentro! Viemos imediatamente... Está tudo bem? - Todos ficam em silêncio por alguns segundos. Manuel estava sem camisa a medida em que Lucero usava a sua, servindo-lhe quase como um vestido.

- Estávamos fazendo exercícios quando a energia acabou e ficamos presos. Obrigado por terem vindo abrir. - Disse Manuel.

- E o Manuel fez a gentileza de me emprestar sua camisa pois eu estava... Com frio. - Lucero diz tentando se justificar rapidamente, no entanto se arrepende assim que se ouve. Era uma desculpa ridícula e ninguém acreditaria. Para a sua sorte, a vizinha somente observava enquanto que os dois homens desconversam.

- Bom, agora que está tudo bem, vamos fazer uma ronda no condomínio. Quem sabe quem mais pode estar em apuros... Se precisarem de algo, estamos à disposição. Esperamos que a energia volte logo. - Disse o zelador.

- Aqui... Fiquem com isso. Assim podem voltar para a casa sem problemas. - O porteiro se aproxima, entregando uma lanterna para Lucero, e nesse momento percebe o quanto as bochechas dela estavam coradas.

- Obrigada.

Tanto o porteiro como o zelador saem primeiro da academia, deixando Lucero, Manuel e a vizinha do 402, que os olhava com desconfiança. Depois de alguns segundos, a vizinha se apressa em acompanhar os homens, porque queria estar inteirada de qualquer confusão que a falta de energia poderia ter causado no condomínio.

- Depois disso eu não vou sair de casa nos próximos cinco anos!

- Deixa de ser exagerada, Nena. Aposto que ninguém reparou!

- Você é um péssimo mentisoso, Manuel! - Dessa vez com a lanterna, ela encontra sua camiseta. No desespero, a veste, mas não se lembra do top. Joga blusa de Manuel para ele se vestir.

- Anda, veste isso e vai pra sua casa. - Lucero já começando a se recriminar por ter cedido a essa tentação.

- E você? - Ele pergunta.

- Eu vou pra minha! Boa noite.

- Depois do que fizemos? - Manuel diz se aproximando e abraçando. - Vou ter que dormir sem você? - com voz de manha.

- Pensasse nisso antes de me dar o divórcio, meu querido Manuelito. - diz se desvencilhando dos braços dele.

- Mas você quem pediu! - Ele se justifica.

- E você por acaso faz tudo o que eu peço? - Ela ergue uma sobrancelha, volta a se aproximar dele, e acaricia seus lábios.

- Você não me provoca, Lucero!

Lucero se aproxima, ameaçando beija-lo. Ele fecha os olhos esperando pelo beijo, quando ela se afasta e diz: - Boa noite, spawli. - Ela sai da academia, deixando-o perplexo, sozinho no escuro.