Capítulo 22

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Manuel foi examinado, tiraram radiografias e recebeu o diagnóstico que teria que fazer uma nova cirurgia, de urgência. Rapidamente, Manuel foi encaminhado a sala de cirurgia, foi nesse momento então que Lucero percebeu que precisava de ajuda. Ligou para a mãe, que já sabia dessa reaproximação entre ela e Manuel, para pedir ajuda e contar o que aconteceu.

Duas horas depois, mama Lu chega no hospital com Antônio e uma blusa para Lucero, como ela havia pedido. Pouco tempo depois, chegaram os filhos, a ex-cunhada Pilar com uma mala de roupas para Manuel, e dois sobrinhos. A cirurgia demoraria mais uma hora e Lucero tentava disfarçar o quanto que ela estava angustiada.

- Lucero? Eu ainda não entendi... como que Manuel machucou o joelho? – Perguntou Pilar.

- Ah... foi como eu disse... ficamos presos no elevador do prédio, e ele tentou subir no... no corrimão pra tirar a gente de lá e acabou batendo o joelho.

- Manuel não pensa não? Não tem idade pra isso mais não. – disse Antônio.

- Mas porque vocês simplesmente não apertaram o botão para acionar a portaria? – Voltou a perguntar a Pilar.

- ÉEEEh... não sei... não pensamos... – Lucero sentia um pouco o tom de acusação nas perguntas da Pilar.

- Se você quiser Lucero, eu fico aqui com o meu irmão. Pode ir, você deve estar cansada... os meninos me falaram que vocês gravaram o dia todo!! – Continuava Pilar.

- Não vou sair, sem saber noticias do Manuel. Já estou aqui mesmo. Vou esperar. Mas obrigada por se preocupar. – Lucero acrescentou essa ultima parte em tom de deboche, e foi se sentar com os filhos enquanto esperava por notícias.

- Má, meu pai vai ficar bem, né? – Perguntou Lucerito que estava bem nervosa. Era incrível a relação dela com o pai.

- Claro que sim! Não se preocupe. Seu pai é forte e vai se recuperar bem rápido, você vai ver. E logo vai estar jogando futebol! – Acrescentou brincando para aliviar o estresse.

A filha a abraça e ficam ali esperando o término da cirurgia.

(...)

Pouco tempo depois o médico sai, e diz que a cirurgia foi um sucesso, aliviando a todos os presentes. O médico acrescentou que o cantor estava na sala de observação, até passar o efeito da anestesia, e que depois iria para o quarto. Só aí, poderia receber visita.

Houve uma certa discussão sobre quem ficaria com o paciente no hospital. Lucero queria ficar, mas não queria dar na cara, e Pilar insistia que o seu filho acompanhasse Jos e Lucerito que decidiram ficar no hospital. A contragosto Lucero acabou indo embora para a casa.

Lucero lembrou da Runa, a cachorrinha da família, que a essas alturas deveria já ter comido o sofá, mastigados os chinelos, feito xixi por toda a casa, virado todos os vasos de planta e pisado com as patas de terra por toda a casa... Era uma cachorrinha comportada, mas quando estava entediada, era bem criativa em aprontar. E Lucero temia pelo que ia encontrar pela frente.

A casa do Manuel estava estranhamente silenciosa, arrumada com a cachorrinha deitada atrás da porta, como se esperasse por um de seus donos. Quando viu Lucero, soltou um latido forte, e começou a saltar de alegria. Lucero, com um sorriso no rosto, abraçou Runa, e a Levou para a sua casa.

A casa estava silenciosa, e Lucero exausta. Já era madrugada. Então resolveu ir tomar banho e tentar descansar um pouco. No hospital, Manuel despertava da anestesia, e ao ver a enfermeira, pediu que chamasse a Lucerito. Minutos depois, Manuel ouve a batida na porta.

- Pode entrar! – Manuel diz com o maior sorriso no rosto, quando ele a vê.

- Pai? - Disse Lucerito se apressando para abraçá-lo. – Você queria em ver?

O sorriso do Manuel se desfez quase que imediatamente. Não porque ele não queria ver a sua filha, mas porque ele esperava a sua Lucerito e não a Nena.

- Filha.... ah, éeee.... estava pensando na sua música, e, - ele tentava disfarçar.

- Pá, depois você me fala. Não é o momento, você acabou de fazer uma cirurgia, e eu tive... – respirou fundo e deixou a lágrima escorrer, ainda abraçando o Manuel – medo.

- Ah filha... não se preocupe! Você vai ter muito pai ainda. E onde está o seu irmão?

- Ei Pai! – Diz Jos sem graça, apenas com a cabeça pra dentro do quarto.

Manuel faz o movimento para ele passar e junto com ele, o sobrinho também entra.

- Nossa, estou me sentido importante com essa visita ilustre! – Brinca se referindo ao sobrinho.

- Minha mãe achou melhor eu ficar pra fazer companhia para eles tio! Já é madrugada e não podia deixar os meninos sozinhos. Como o senhor está? – Perguntou.

- Estou bem, obrigado. Daqui a pouco, já estarei pronto pra outra.

- Eu vou buscar um café. Alguém mais quer? – Perguntou o sobrinho.

- Eu vou com vc. Também quero um. – Respondeu a Lucerito, saindo e deixando o Jos com o pai.

- E a sua mãe? Onde ela está??

- Ela foi pra casa por insistência da minha tia, pai. Mamãe estava cansada e bem preocupada também. Então foi pra casa descansar. – disse o jovem, e continuou – Pai, como você machucou o joelho?

- O joelho??? Éeeeeee.... o joelho? Então...hoje, quando eu estava indo pra minha casa, eu vi a fofoqueira da Ana Martha, com aquele cachorro chato dela. O cachorro me olha julgando o tempo todo... eu tenho medo dele. Aí, pra despistar a mulher resolvi ir de escadas, mas pisei em falso em um degrau, e caí. Foi isso.

- HAHAHAHAHAHAHHA.... Deus castiga pai! Fica fugindo da sua fã numero 1... é isso que dá.

- Ôoooooo, mais respeito com seu pai moleque! – replica rindo. – O marido dela só aguenta porque fica o dia todo fora de casa... e aposto que quando chega tem que ouvir a fofoca de meio mundo.

Aenfermeira entrou no quarto e disse que Manuel precisava descansar. Aplicou umremédio e logo o cantor caiu no sono.

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