Capítulo 30

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Manuel, que foi pego de surpresa, fechou o livro e olhou para Lucero, que ainda estava parada ao lado da cama dele. Ela parecia séria e decidida. A essas alturas, Manuel se deu conta que não tinha muito o que fazer, não tinha como fugir dali. Com o seu joelho, recém operado, só tinha uma alternativa: ouvir o que ela tinha a dizer.

- Se você quer falar, então fala. – Respondeu ele friamente. – Mas fala rápido porque meu livro está muito interessante.

Lucero tomou o livro da mão dele disse:

- Acho que nenhuma leitura é mais importante do que essa conversa. – Começou ela, e colocou o livro na mesinha de cabeceira. - Eu não gosto quando ficamos assim. Sempre fui muito clara com você. SEMPRE. Esse nosso reencontro, recaída... esse nosso momento - Ela sinaliza com as mãos as aspas na palavra momento – Por mais maravilhoso que tem sido, nunca quis que chegasse a esse ponto.

- Que ponto você está falando? – ele começou na defensiva. – Esta arrependida?

- Estou. – Ela afirmou com muita sinceridade. – Estou porque já tinha me acostumado a não estar com você, a não sentir você, o seu toque... a sua voz rouca falando no meu ouvido, a sua barba roçando no meu pescoço, sua língua passeando pelo meu corpo... E agora, depois de ser sua, de novo, de me jogar nos seus braços, apesar de todas advertências, voltamos na fase de brigas antes do divórcio. – Sem querer, Lucero deixa uma lágrima escorrer.

Manuel ouvia em silencio, sabia que ela precisava desabafar.

- Assim que, antes de pensarmos em sermos um casal e anunciar para a mídia e para os nossos filhos, precisamos ter confiança um no outro. E não sinto que você confia em mim. Quando coisas acontecem, você já me culpa, e não quer me ouvir. – Ela andava de um lado para o outro dentro do quarto dele.

- Eu realmente pensei que já tivesse superado o amor que sinto por você, mas não. – Ela continuou. - E eu percebo o quanto te amo, e o quanto eu sou burra por te amar, quando você briga comigo, não me olha, age friamente, e eu sofro por isso. Não tenho conseguido dormir direto, comer direito. Estou preocupada com seu joelho, quero te ajudar, e você não deixa! Já te disse que tem coisas que o Ernesto faz e não me avisa... como curtir aquela foto. Foi tentando proteger a minha imagem? Sim. Mas ainda sim, eu discuti com ele... Achei que o meu amor fosse recíproco, e que você ainda me amasse apesar de qualquer coisa... E que pudesse confiar em mim. Superar o tempo que passamos separados. Que dessa vez, cumprisse a sua promessa, de lutar por mim, que ia morrer por mim... que não ia deixar de me amar.

Manuel ouvia tudo calado.

- Eu estou aqui, expondo a minha alma e o meu coração. E você, Manuel, não vai falar nada? – Ela perguntou.

Ele estava tentando digerir tudo o que a mulher havia lhe dito. Estava magoado, impactado. Ele estava pensando que Lucero nunca havia sido tão sincera com ele e por tanto, não conseguia falar nada.

- Entendi. Acho melhor tentarmos voltar a ser somente amigos, sócios e companheiros de trabalho. – Outra lágrima escapou dos olhos dela.

Então, Lucero partiu rumo a porta, deixando o quarto. Quando passou por Manuel, ele subitamente, segurou no braço dela, e a puxou para si, fazendo-a se desequilibrar e cair no colo dele. Manuel, sem pensar a beija loucamente.

Lucero corresponde ao beijo. Manuel para a olha naqueles olhos cor de mel, e diz:

- Eu nunca deixei de te amar. – Ele passou a mão pelo rosto dela, e colocou uma mecha, atrás da orelha dela. - Por que você acha que me mudei para o apartamento ao lado do seu? Não foi pelas crianças. Eu sempre fui um pai muito presente e isso não ia mudar. Eu mudei para este apartamento por você. Para que quando você se sentisse sozinha, eu pudesse estar próximo, e te abraçar... Como eu prometi.

Ele voltou a beijá-la apaixonadamente.

- Hum, Nena... – tentava falar enquanto ela ainda o beijava – fica comigo essa noite? – Pediu.

- Manuelito... – o beijo se transformou em um sorriso e o beijou novamente – e os meninos?

- Eu dispensei meus "enfermeiros" hoje a noite.

Ela levantou do colo dele, o olhou e perguntou na lata:

- Você fez isso para deixar o caminho livre, para que eu viesse aqui?

- Na verdade – começou ele – eu tinha esperanças... – Ele disse dando um sorriso torto, com aquela cara de culpado.

Então Manuel se afastou um pouco na cama, indicou para que Lucero se sentasse ao seu lado. Ela o obedeceu, sentado ao seu lado, enquanto encostava a cabeça no ombro dele, descansava a sua mão na coxa esquerda dele. Manuel, carinhosamente, pegou e beijou a mão dela. E como quem conta um segredo, cantou baixinho:

"Tu y yo, nos conocemos de otras vidas... De universo paralelos, de histórias que no se contaron, que nunca fueron. Las mismas almas, de otro tempo..."

- E isso? – Perguntou ela.

- Ninguém te conhece mais do que eu. – Afirmou ele – Não se esqueça. E pode parecer bobeira, mas sinto que nós fomos predestinados um para o outro.

Lucero levanta a cabeça para olhá-lo, e o beija.

- Eu nasci pra te amar Manuelito. – Ele sorriu ao ouvir a declaração dela – Nossa, como fui brega!

E ele começou a gargalhar de Lucero. Se tinha uma coisa que Manuel amava em Lucero era a maneira que ela naturalmente o fazia rir. E como ela ficava vermelha e sem graça nessas situações.

- Ain para Manuelito... – Ela falou com voz infantil, dando uma tapinha de leve – Vc é muito bobo.

E Manuel, automaticamente, isso fez Manuel lembrar da vez que o alarme disparou.

- Nena, outro dia o alarme de um carro disparou.

- YYYYYYYYY???? – Ela perguntou como se não soubesse quem tinha sido.

- Isso me fez lembrar, hahahhahahaha, daquela vez que os meninos estavam pequenos... – Lucero respirou aliviada... desencostou da cabeceira da cama.

- Não acho graça nessa história... foi um momento difícil – Ela respondeu fazendo beicinho.

- HAHAHHAHAHAHAHHA – Manuel não resistia e gargalhava alto – Tenho que te contar uma coisa...

- Ahhhh não começa Manuel, que eu vou embora – Disse isso ameaçando se levantar da cama para ir embora.

- Calma... – Ele segurou ela pelo braço e respirou fundo. – Vou tentar me controlar. – Respirou de fundo, fazendo um imenso esforço – Então... Eu tive que contar pra Beba!

- Ahhhhh Manuel, você não fez isso!! – Ela disse um pouco séria, até que encarou Manuel, e não resistiu uma risada, ao ver a cara de menino travesso dele.

Também, a essas alturas da vida, a Lucerito já havia se dado conta do tipo de motorista que a sua mãe era.

Ao ouvir a risada dela, Manuel, não segurou, e explodiu a gargalhada, o que levou Lucero a voltar a rir, mas dessa vez junto com ele. E entre risos e recordações, eles passaram a noite bem juntinhos, tranquilos. Manuel não sentiu dor no joelho e Lucero adormeceu profundamente.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2023 ⏰

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