Capítulo 10

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Era a hora do almoço e Lucero que já havia organizado as coisas para a entrevista. Ela queria sair de casa sem ser vista, porque ela não queria dar explicações para os filhos, e também não tinha pensado ainda em uma boa desculpa para essa entrevista. Estava ainda tentando assimilar essa ideia, que na cabeça dela poderia dar muito ruim, porque eles teriam que disfarçar muito, e pensar muito no que iria falar.

- Má, aonde a senhora vai com esse tanto de malas?

Lucero se assustou ao perceber que a filha estava parada ao final do corretor, enquanto ela, puxando as malas, tentava abrir a porta da casa.

- É... Eu estou indo.... estou indo fazer uma entrevista e tirar umas fotos. – Tentando parecer natural – "Droga! Essa menina não dá ponto sem nó e me pegou no pulo... pensa rápido... seja natural" – Pensou.

- AH! Que legal! – Respondeu a menina- Mas a senhora tá um pouco estranha.

- Eu??? – Lucero responde dando uma risadinha desesperada - Naaan... Não meu amor, é só uma entrevista.

- Sozinha?

- Que? – Lucero tenta ganhar tempo pra pensar.

- A entrevista, é sozinha ou do show com meu pai?

"Por que Deus essa menina tem que ser tão esperta?" – pensou Lucero.

- Eu estou atrasada – Desconversou - Te amo Nena ... até mais tarde, avisa para o seu irmão. – E sai batendo a porta.

Lucero vai caminhando em direção ao salão de festa do condomínio onde estava marcada a entrevista, andando meio apressada, puxando as malas. De repente, ela para, encosta na parede do corredor, tentando organizar os pensamentos. Lucero não sabia explicar para os filhos, o porque todas as vezes que pai deles é mencionado, um sorriso automaticamente surge em seus lábios, um brilho em seus olhos... não conseguia disfarçar.

"Meu Deus, como vou fazer?" – pensou. – "Como que atua mesmo? Se eu conseguir disfarçar durante essa entrevista, vou merecer o Oscar!"

- Repira Lucero, respira... – Disse para si mesma fechando os olhos e tentando se acalmar.

- Oi vizinha? Tá tudo bem?

Lucero não tinha percebido, mas a vizinha do 402 estava parada encarando-a com seu cachorro.

- Tem show hoje? – Disse mostrando as malas.

- Ah, Ana Martha não te vi. Tudo bem, e com você?? Oi Cookie – disse se dirigindo ao cãozinho, e faz carinho – Ah, Isso aqui é para uma sessão de fotos. – Lucero responde simpática, com um sorriso no rosto.

- Lucero, queria comentar algo com você... acredita que um top feminino foi encontrado na academia, no dia seguinte ao apagão?

O sorriso de Lucero se desfaz automaticamente, e rapidamente ela responde: - Sério? Que estranho. Deve ter caído da mala de alguém que fez exercício e tomou banho lá no vestiário, né?

- É, deve ser... – Disse a vizinha desconfiada.

Manuel que tinha um carrinho desses de golfe e adorava andar com ele pelo condomínio, estava esperando por Lucero, para ajudá-la com as malas. Vendo a Lucero e a vizinha de conversa, ele buzinou para chamar a atenção.

- Oh, Manuel está me esperando! – Já disse dando três beijos na vizinha, despedindo-se - Foi um prazer encontrar com você, Ana.

E antes que a vizinha respondesse qualquer coisa, ela saiu puxando as malas.

Manuel, como um cavaleiro. Ajuda a Lucero colocar as malas no banco traseiro do carrinho, e ela entra e se senta na frente. Manuel dá uma ultima olhada em volta, e vê que a vizinha, que antes os observava, se afastava. Então, ele vai entrando no carro, e inclina para beijá-la.

- Não quero beijo, estou muito irritada. – Ela disse.

- Porque? - Ele questiona com uma cara lerda.

- Por muitas coisas. Primeiro, porque eu sai correndo da Lucerito, sem dizer a ela que a entrevista era com o pai dela e você poderia ter negociado pelo menos as roupas né?

Ele começa a rir.

-Eu sou uma palhaça para você Manuel?

- Você quem decidiu não contar nada para as crianças ... – disse com calma - e não, você não é uma palhaça pra mim, você é minha Reinis lindis.

"Não, ele não tá fazendo essa vozinha que a gente sempre fazia quando éramos casados não, né?" – Ela pensou.

Lucero se rende, toda apaixonada, olha para ele e sorri. Acaba cedendo e dá umas bitoquinhas na boca dele.

- Yaa, vamos Manuel ou vamos chegar atrasados.

Ele suspira ligando o carrinho e dando partida.

- Simsenhora... Você manda e eu obedeço. – Responde Manuel.

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