Heartache to heartache

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- Não, eu quero se foda o horário de visita. Eu vou ficar aqui até ela acordar. - reconheci a voz alta de Vi, abri os olhos lentamente tentando me acostumar com a luz clara do cômodo e reconheci o logo do hospital de Piltover na parede do quarto - CAIT! - ela correu até o lado da cama e me olhava com alívio. Senti as lágrimas quentes rolarem pelo meu rosto.

- O que aconteceu? E minha mãe? Quanto tempo eu apaguei? Por favor, Vi, me diz. - implorei, falando rápido demais e tropeçando nas palavras.

- Calma, Cupcake. Os conselheiros não se machucaram, parece que alguém que estava lá ativou um escudo com magia ou algo assim, mas o prédio já era, algumas pessoas se machucaram. E você se machucou bastante na última luta antes de ontem, seu corpo estava exausto e você desmaiou quando chegamos na cidade. - Ela fez um carinho leve na minha bochecha, senti meu peito apertar.

Cenas daquele dia na chuva voltaram com força na minha mente: "água e óleo, não era pra ser...", algo na minha expressão devia ter mudado pois Vi levantou meu queixo e olhou nos meus olhos.

- Fica tranquila, você está bem agora. - eu não estava, não por dentro. Forcei um sorriso e ela relaxou.

- Certo, mas agora preciso sair daqui, não sou fã de hospitais. - arranquei o acesso que estava na minha veia e levantei com rapidez. Roupas limpas estavam dispostas em cima da cômoda na lateral do quarto, obrigada mãe, e me apressei até elas.
Notei que Vi me encarava, e levantei uma sobrancelha pra ela.

- Tá bom, tá bom, tô me virando. - virou de costas levantando as mãos e soltou uma risada - mas não tem nada aí que eu já não tenha visto. - exclamei algum resmungo e ela riu de novo - visto em mim, Cupcake, mulheres desacordadas em hospitais não fazem meu tipo.

Pensei em perguntar qual era o tipo dela, mas meu psicológico já estava mal demais pra eu continuar cutucando a ferida.
Terminei de me vestir, troquei algumas palavras com enfermeiros que relutavam em me deixar sair, mas cederam após eu assinar um termo de responsabilidade.

Sai pela porta grande e branca, e segui pela cidade em direção ao meu apartamento, que ficava há uns 10 minutos dali. Vi me seguia em silêncio e chutava pedrinhas que achava pelo chão. Parecia perdida em seus pensamentos.

Meus olhos focaram o prédio do conselho, só o que havia restado eram alguns poucos andares baixos em ruínas.
Tentei ser positiva e me convencer de que ficaríamos todos bem, afinal éramos a cidade do progresso, não é!? Isso deveria significar alguma coisa.

O ar estava pesado com cheiro de pólvora e poeira, algumas bancas de vendedores cobertas de fuligem e totalmente arruinadas. Uma equipe trabalhava ali tentando limpar os escombros.

O relógio da praça marcava 17:48, suspirei. Eu teria muitas coisas para resolver dali pra frente, mas hoje eu só queria um bom banho quente, minha cama e..., bem, só isso.

Eu estava grata por todos que sobreviveram mas receosa com os acontecimentos que aquele ataque ao conselho desencadearia. Tinha plena certeza de que eu faria o possível para proteger as pessoas, tanto dali quanto da subferia.

Vi poderia achar que nossas cidades eram como água e óleo, e talvez fosse assim para a grande parte das pessoas, mas não pra mim. Queria que tudo fosse diferente, mas o conselho estava pouco se importando para o que acontecia lá embaixo, isso era algo pelo qual eu precisaria lutar para mudar.

Parei em frente ao meu prédio e me preparei para me despedir de Vi, de novo... mas para minha surpresa ela não parou de andar e foi entrando no pequeno saguão.

- Então você mora aqui? Aquele quarto na casa dos seus pais, achei que morasse lá. - Vi me seguia pelas escadas, eram somente três lances e já estávamos em frente a porta, digitei a senha e entrei com ela me seguindo.

- Eu vou lá com frequência, meus pais não conseguiriam se livrar do meu quarto nem que eu implorasse, mas eu precisava de um lugar só meu.
É bem menor do que a casa deles, mas eu não ligo pra esse tipo de coisa... Bom, é aqui que eu moro, fica a vontade.

Vi andou até a sala e eu observava cada passo que ela dava, não estava sendo nenhum pouco discreta.
Aqueles cabelos rebeldes cor de rosa, suas tatuagens, as mãos fortes e rápidas, seu corpo, os olhos, a boca. Tudo era extremamente atraente pra mim. Ela era durona, mas seu coração era gentil. Era como se uma corrente elétrica emanasse dela e me atingisse em cheio. Eu sentia a necessidade de abraçá-la, de protegê-la, como se ela fosse sumir.

Ela se virou pra mim de repente e começou a falar, sua voz estava embargada.

- Caitlyn, eu sinto muito por tudo. Foi culpa minha, a Powd... a Jinx, ter vindo atrás de você. Me desculpa. - ela me encarava com olhos repletos de angústia. Não queria que ela se sentisse assim, então, não deixei meus sentimentos virem à tona, mesmo que aqueles momentos tivessem sido perturbadores, eu não iria demonstrar. Eu me arrisquei também.

- Para com isso, Vi, você não teve culpa de nada. Como defensora de Piltover, eu teria ido pra lá de qualquer forma, foi um risco que eu assumi desde o momento que te tirei da cadeia e entrei na subferia, então não se culpe. Era o meu dever. - eu respondi com ênfase nas palavras.

Ela andou na minha direção com passos rápidos e me abraçou, um abraço forte, quente. Meu coração pulsava colado ao dela e ela disse próximo ao meu ouvido.

- Quase entrei em desespero quando ela colocou aquela bandeja na mesa. Achei que tivesse te perdido, eu poderia suportar mais 10 anos presa naquela cela em águamansa, mas não suportaria conviver com isso. Você é importante pra mim, Cupcake.

Me arrepiei quando ela disse o maldito apelido.

- Você também é importante pra mim, Vi. - falei sem jeito, enquanto apertava ela com força, sentia o seu cheiro e absorvia aquele momento com todo meu corpo.

Nos afastamos um pouco e nossos olhares se encontram. Era difícil raciocinar com ela tão próxima a mim. Aqueles olhos me hipnotizavam. Levei minha mão até sua bochecha, ela fechou os olhos e pôs a mão por cima da minha. Ficamos assim por alguns segundos, mas ela se afastou com delicadeza e eu soltei o ar.

- É... agora que está segura, acho melhor você tomar um banho e descansar. - concordei com a cabeça, ainda estava entorpecida com nosso contato próximo de segundos antes.

Ela andou em direção à porta e parou como se estivesse decidindo alguma coisa.
-  A gente se vê, Cupcake. - me lançou um último olhar e saiu antes que eu pudesse responder.

A porta se fechou e meus olhos lacrimejaram. Segui para o banheiro me reeprendendo por isso, tirei as roupas e entrei na banheira quente buscando algum conforto.

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