Calmaria

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Piltover estava silenciosa e com a maioria das luzes apagadas. Vi e eu seguíamos lado a lado e meu coração acelerava conforme nos aproximávamos do meu apartamento. Eu não sabia o que ia acontecer mas tinha uma ideia do que eu gostaria que acontecesse.

Respirei fundo tentando não transparecer o nervosismo, eu não era mais uma criança.

Talvez eu estivesse deixando as coisas irem longe demais com a Vi, minha razão parecia uma amarelo piscante pulsando na minha cabeça. Ela já tinha dito que nós éramos diferentes, que era melhor esquecê-la e seguir minha vida. Na teoria isso pode parecer simples de se fazer, mas na prática é outra história. Ainda mais quando se tem algo assim com alguém, uma conexão desde o primeiro momento.

Enquanto minha parte racional achava melhor dar um gelo nela e focar em outras coisas, o meu coração gritava para que eu continuasse.

De qualquer forma, eu sempre dizia pra mim mesma que nós éramos adultas e eu tinha plena consciência de tudo que fiz naquela noite, sem fazê-la me prometer nada antes de tudo e sem prometer nada pra ela.

Essa é a parte humana que nos faz tomar decisões impulsivas, mas nesse caso, a minha decisão impulsiva era linda, cheia de tatuagens e com um beijo incrível. Acho que eu podia conviver com isso, afinal.

Chegamos no apartamento e Vi foi correndo pro banheiro, eu ri da cena.
- Preciso de um banho, urgente. Não temos uma banheira dessas lá embaixo. - ela dizia enquanto abria a torneira e jogava o sabão líquido exageradamente na água.

- Só não acaba com meu estoque, é o meu favorito. - Fui até o quarto e tirei minhas botas grandes e pesadas, meus pés agradeceram. Cai pra trás, me jogando na cama e percebi o quanto eu estava cansada. Ouvi a torneira se fechando e o barulho abafado das roupas de Vi caindo no chão.

- Você não vem, Cupcake? - ela me chamou e o cansaço se dissipou instantaneamente. Segui até o banheiro e encontrei uma Vi coberta de espuma até a altura dos seios - cabem duas aqui. - ela me chamou de novo e já que estávamos aqui, porque não?

Tirei as roupas na frente dela, fazendo questão de exibir os melhores ângulos do meu corpo. Eu podia ser má quando queria e percebi isso no olhar que ela me lançava enquanto assistia a cena sem sequer piscar. Entrei na banheira, erguendo a perna um pouco demais, só pra lhe dar uma visão melhor. Me sentei de frente pra ela.

- Já pode fechar a boca agora, esquentadinha. - Dei uma piscadinha pra ela.

- Meio difícil depois de você tentar me seduzir assim, Matilda. - Ela fez aspas quando usou o nome que tinha inventado pra mim quando fomos a um bordel na subferia atrás de pistas sobre o Silco.

- E funcionou, Violet? - mordi o lábio inferior e lancei o olhar mais indecente que pude.

Sem dizer nada, ela me puxou contra seu peito e me deu um beijo demorado.

Era uma sensação boa estar ali com ela, dividindo uma banheira, completamente nuas, não que já não tivéssemos visto tudo uma da outra, mas isso era diferente.
Quando finalmente nos afastamos, ela sorriu pra mim.

- Cara, isso que é vida boa. - Vi inclinou a cabeça pra trás, quase na mesma empolgação de quando ela foi comer uma comida esquisita e duvidosa depois que a tirei da cadeia.

Era estranho ver ela assim, sem a sua famosa pose de durona e mandona pronta pra arrumar briga e quebrar narizes. Comigo ela era assim, aquela dura armadura rochosa que ela construiu durante anos de culpa e sofrimento, caía.

- Vira, deixa eu esfregar suas costas - falei e ela se virou de costas pra mim sem contestar. Ainda não tinha tido a chance de ver com atenção as suas tatuagens. Suas costas eram cobertas até a metade por desenhos de engrenagens que desciam também pelos braços musculosos. Algumas eram formas abstratas e mais embaixo no canto, reconheci um desenho familiar, quase um rabisco infantil na forma de um macaco e um nome, Powder.

Love is a battlefieldOnde histórias criam vida. Descubra agora