Avanço

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Pov Vi

Caitlyn e eu estávamos indo até os becos escuros onde ficavam as pessoas mais atingidas pela cintila.

- Então, você estava fora da cidade? - perguntei enquanto andávamos tentando jogar conversa fora pra não ficarmos naquele silêncio constrangedor que eu odiava.

- Sim, trabalhando. E parece que você andou brigando.

Eu estava com hematomas novos no rosto e ela havia notado.
- O mesmo de sempre, a subferia sempre tem uma briga esperando aqueles que procuram por uma. - Dei de ombros.

- Só tenta não se matar. - ela suspirou baixo.

Já estávamos chegando e Caitlyn procurava por alguém específico.
- Ele me ajudou quando você estava ferida depois da briga com Sevika. Disse que te conhecia, era amigo do seu pai, mas não me disse o nome. Espero que não seja difícil encontrá-lo.

- Vander tinha muitos amigos, não sei quem poderia ser...

Ao chegarmos lá, ouvíamos lamentações e sussurros vindo das barracas pretas. O ar era denso e cheirava mal. Caitlyn estava com uma pequena lanterna e ia passando pelas barracas em busca do homem que ela procurava. Alguns dos viciados estendiam as mãos na nossa direção.

Ela parou de repente e me chamou baixinho.
Um homem estava deitado no chão com uma mão cobrindo uma parte do rosto, quando a luz da lanterna o alcançou, eu o reconheci. Era Huck, um antigo amigo do Vander e meu.

Me aproximei com cuidado e abaixei em sua direção.

- Huck! Sou eu, Vi. - ele estava péssimo. Sua pele estava escamosa e ele tinha vários calombos grandes na cabeça que pulsavam e pareciam prestes a explodir.

- V-i-i... vai embora. - ele tentava se cobrir com as mãos com vergonha.

Caitlyn se abaixou perto dele também.

- Ei, está tudo bem. Nós temos algo que pode te ajudar, é só vir com a gente e prometo que você vai ficar bem.

Ele ergueu os olhos pra ela e pareceu reconhece-lá. Ela continuou falando com uma voz calma.

- Você me ajudou aquele dia, deixa eu te ajudar hoje, por favor.

- Moça gentil, acho que já é tarde demais pra mim - ele falava baixo, sua voz parecia um sussurro arranhado.

- Nós podemos tentar! - eu disse tentando soar positiva. - Qual é, Huck, você era o cara dos negócios perigosos da subferia. Vai superar isso aqui rapidinho.

Ele tentou sorrir mas um calombo novo surgiu em sua cabeça, ele esboçou uma expressão de dor. 

- Vamos! Qualquer coisa é melhor do que ficar assim. Você merece sua dignidade de volta. - Estendi a mão pra ele e ele a pegou depois de hesitar por alguns minutos.

Chegamos no laboratório e Heimer havia estipulado uma eficácia de 97% de sucesso, Huck ficaria bem e depois poderia nos ajudar a fazer o mesmo com as pessoas de lá.

O professor explicou o processo para Huck, e ele consentiu, permitindo a aplicação. Parecia nervoso e deixava o rosto escondido, envolto em uma manta surrada.

Ekko preparou tudo com uma destreza impressionante, aplicando o antídoto no braço de Huck com uma seringa esterilizada.

A princípio nada aconteceu, mas uns dois minutos depois, Huck começou a se debater na maca em que estava. O corpo dele vibrava e ele soltava grunhidos altos e dolorosos.

Caitlyn parecia assustada com a cena, mas segundo as explicações do professor Heimer, estava tudo certo. Eu estava acostumada, cresci vendo pessoas se enchendo de cintila e tendo quase os mesmos espasmos.

Love is a battlefieldOnde histórias criam vida. Descubra agora