Pov Caitlyn
Já faziam dois dias que eu não tinha notícias da Vi. Quando acordei no dia seguinte à aquela noite que passamos juntas ela já tinha saído e provavelmente estava me evitando.
É claro que isso me deixava chateada, mas ao mesmo tempo éramos adultas, não fizemos promessas uma pra outra sobre nada, e é assim que as coisas eram, cada uma do seu lado lutando por aquilo que acredita.
Apesar de ter sido uma noite incrível junto dela, do seu toque causar arrepios, da sua boca ser tão macia e de todo o prazer que proporcionamos uma pra outra, não era como se tivéssemos um compromisso.
argh, eu precisava parar de pensar nessas coisas.Jayce havia me convocado para uma reunião particular em sua casa e lá estava eu, na sala do "Conselheiro Talis", o grande homem do progresso, puff...
Ele entrou na sala com o semblante preocupado que nunca abandonou seu rosto nos últimos dias.
- Espera que eu faça uma reverência? - falei ácida.
- Cait, eu sei que você tá puta comigo, mas eu faria qualquer coisa pelo bem da nossa cidade. - ele suspirou.
- Claro, até mesmo um acordo com o escroto do Silco. - revirei os olhos.
- Era isso ou uma guerra. - ele rebateu.
- E olha o que aconteceu, mesmo assim vocês quase foram mortos.
- Tivemos sorte da Mel ser uma Solari, ela conseguiu nos proteger da maior parte da explosão. Eu não tinha nem ideia sobre ela ser uma... - ele respirou fundo - Cait, a verdade é que eu estou perdido. As pessoas me dizem sempre o que fazer ou não fazer, eu nunca quis me envolver com política mas aqui estou eu e preciso tomar alguma atitude antes que entremos em guerra. Mel ia renegar o cargo antes de tudo acontecer, mas agora precisamos focar no bem de Piltover - uma pontada rápida de pena me atingiu ao ouvi-lo falar isso. Nós costumávamos ser melhores amigos, mas desde que ele foi escalado pro cargo de conselheiro, Jayce estava diferente.
Ela se lembrava da mãe a alertando sobre isso durante anos "Sempre tome cuidado com o poder, Caitlyn. Com as promessas grandiosas que o poder traz junto de si, e que podem corromper até mesmo um coração bom e leal.".
- Não dá pra querer o bem de Piltover e esperar que a subferia toda se exploda.
- Não, eu sei. E é por isso que te chamei aqui hoje. Quero que você me ajude, temos que pensar em alguma coisa, o que podemos fazer pra ajudar as pessoas de lá. É perigoso, eu sei, mas você já foi até a subferia, conheceu as vielas e é até amiga de um deles. - não sabia ainda se podia acreditar nele, daria um tempo pra decidir.
- Eu não vou virar seu pau mandado, Jayce. - falei levantando e batendo na mesa. - Eu sei como isso termina caso não dê certo. Mesmo como defensora, se vocês me pedirem qualquer coisa que faça mal pras pessoas boas de lá, eu me negaria e vocês poderiam me prender ou me matar se quisessem, mas eu não trairia meus princípios. Quero proteger Piltover, mas sem fechar meus olhos pra subferia.- ele me lançou um olhar suplicante.
- Só pensa no assunto, embora eu saiba que alguns grupos nunca vão parar de dar problema, eu quero ajudar as boas pessoas de lá também. - ele parecia sincero mas eu ainda tinha um receio grande.
Lembrei daquele lugar escuro onde estive antes. Vi havia me dito que lá era "o lugar onde as pessoas acabam e os do ladoalto nem querem saber". Eram pessoas viciadas em cintila desde que Silco inundou as vielas com ela, consumiram tanta em tão pouco tempo que acabaram deformadas e largadas esperando a morte.
Um deles me ajudou a conseguir a poção pra Vi. Eu precisava fazer alguma coisa, talvez eu pudesse ajudá-los.
- A gente se vê, Jayce. - sai batendo a porta atrás de mim ouvindo Jayce gritar "pense sobre isso, Cait".
Sabia exatamente onde tinha que ir e com quem falar. Só não fazia ideia de como entrar na subferia sem acabar morta por algum dos seguidores daquele maluco lunático, mas tentar fazer algo era melhor do que não fazer nada.
Pov Vi
É, talvez eu estivesse evitando a Caitlyn, mas ao mesmo tempo, era assim que as coisas eram.
Ela era uma defensora do ladoalto, filha de uma conselheira, e eu era uma arruaceira da subferia. Não era como se fizéssemos parte do mesmo clubinho de xadrez, éramos de realidades diferentes, você não via defensores andando saltitando pelas vielas e nem uma "perdida" fazendo comprinhas nos mercados de Piltover.
Aquela noite, merda... aquela noite tinha sido incrível. Ela era incrível. Lembrava das suas caras de prazer, do seu beijo, do seu gosto e isso me excitava. Mas eu precisava parar de pensar nisso, tinha coisas mais urgentes agora.
Eu havia procurado por minha irmã incansavelmente nos últimos dois dias, mas parecia que ela não queria ser encontrada. Ficaria de olhos bem abertos a qualquer movimentação suspeita. Eu precisava vê-la, falar com ela, tentar trazer a Powder pra superfície de novo.
Acho que não levaria muito tempo pra ela começar alguma coisa, eu precisava ficar em alerta. Senti falta dela a cada hora de cada maldito dia desde a morte do Vander e dos outros.
Me arrependia até o último fio de cabelo de ter gritado com ela. Sabia que ela havia feito tudo que podia pra sobreviver nesse inferno e no inferno que a vida dela havia se transformado, do mesmo modo que eu fiz na cadeia.
Infelizmente o passado não pode ser mudado e algumas coisas levam tempo para serem recuperadas - ou são irreparáveis - mas eu não queria pensar dessa forma.
Agora eu ficava com Ekko e seu pessoal na grande árvore. Eles eram boas pessoas, cuidavam uns dos outros, se ajudavam, e algumas crianças eram como nós antigamente. Sem família, se virando sozinhas e aprendendo a viver da forma que dava, mas pelo menos tinham uns aos outros. Eu sentia falta deles...
Rowina também morava aqui e me seguia diariamente, perguntando coisas aleatórias e tentando me conhecer nas entrelinhas. Ela era bonita e tal mas um grande pé no saco.
Eu estava responsável por ensinar uns golpes de combate à algumas das crianças menores, sobrevivência em primeiro lugar, mas Rowina estava lá no meio delas, fingindo não saber ou realmente não sabendo nada sobre defesa pessoal.
- Ei, Vi. - ela me chamou tentando usar uma voz de flerte - me ajuda nesse aqui. - revirei os olhos sem ela notar e fui ajudá-la. Dei a volta, me posicionando por trás dela e a ajudei segurando seus braços na posição certa.
- Você precisa manter suas pernas mais afastadas, suas mãos precisam estar nessa posição. Não, não levanta os pés agora. - segurei a cintura dela tentando mantê-la firme. Nessa hora, notei uma figura encapuzada saindo de um dos becos de acesso e nos encarando. A figura retirou o capuz e minha respiração falhou.
Caitlyn.
Corri na direção dela deixando pra trás uma Rowina resmungando alguma merda qualquer.
- O que você tá fazendo aqui? Perdeu a cabeça? Como chegou aqui ?
Depois que Silco bateu as botas de vez, Sevika e os baba ovo dela estavam sem escrúpulos, e agora que sabiam que Caitlyn era uma amiga, se a pegassem seria o fim.
- Tenho assuntos pra resolver. - ela respondeu seca e apontou com a cabeça na direção de Rowina - E parece que você também. - ela virou de costas e começou a subir a rampa de madeira que circundava a árvore.
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Love is a battlefield
Ficção CientíficaQuando Vi disse que as duas eram como "água e óleo", todas as esperanças de Caitlyn se foram. E por mais que Vi desejasse estar com ela, sabia que um abismo separava as duas. Seria possível achar uma forma de fazer isso dar certo, mesmo com a amea...