Imãs

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Eu estava largada na minha cama improvisada, cada parte do meu corpo doía de uma forma diferente. Os cortes no meu rosto ardiam e o sangue já seco formava cascas que repuxavam.

O calor no quarto era intenso, o ar não circulava ali e o suor escorria pela minha testa.

Ouvi o estrondo alto da porta batendo e nem me importei em ver quem era. Não que fosse preciso já que a voz aguda de Jinx atingiu meus ouvidos.

- Credo mana, você tá péssima. Não foi pra isso que eu te criei. - ela fez uma piadinha mas meu humor de ressaca não me permitia achar graça de nada.

Murmurei alguma coisa em resposta e ela se sentou nos pés da cama, me encarando com olhos imensos.

- Você ficou 7 anos na cadeia, lutou contra os varytianos e vai ficar assim por causa de uma...

Interrompi antes que ela cutucasse minha ferida.

- Não tem nada a ver. Eu sempre fui assim, Jinx. Bebida, caos, luta. Essa sou eu agora.

- E você reclamava de mim, né? - ela revirou os olhos. - Não dá pra você continuar assim ou então eu vou embora de novo. Melhor ficar sozinha do que ver você se destruindo assim.

Um arrepio percorreu minha pele ao ouvir aquelas palavras. Eu amava minha irmã e nossa relação estava tendo alguma evolução nos últimos meses, mas confesso que esse meu estilo de vida destrutivo impediu que a evolução fosse ainda maior.

Ela tinha razão, eu estava péssima. Me levantei lentamente de forma que meus ossos não doessem tanto e parei a sua frente.

- Você tá certa, pow... Jinx. Eu prometo que vou melhorar, ok? Por nós. E desculpa por tudo isso, eu sou uma imbecil.

- Tá tudo bem, mana. Você não teve a melhor vida, né? Coisas ruins acontecem com pessoas boas o tempo todo. Somos duas imbecis com um passado de merda, mas estamos juntas agora.

Sorri ignorando a pontada de dor no meu rosto devido ao movimento e a puxei para um abraço. Era surreal toda a mudança de Jinx, ela estava tão diferente. Ainda era maluquinha do jeito dela, mas toda aquela mágoa reprimida parecia em controle agora após os tratamentos médicos fornecidos por Piltover...

Diferente de mim que estava cada vez pior. Ela não merecia isso, não de novo. Eu seria melhor por ela.

- Valeu, irmã. Tudo vai ficar bem, eu te dou a minha palavra. - Falei mais pra mim mesma do que pra ela.

Ela se esquivou saindo do abraço com um olhar culposo, se endireitou e apontou o dedo no meu rosto.

- Nós vamos sair hoje. Eu, você, o Ekko e mais alguns dos fogolumes. E você vai ficar sóbria e sem arrumar briga, me entendeu?

Soltei um grunido da garganta em resposta.

- Quê? Por quê? - passei a mão pelos cabelos, meio frustrada. Eu não queria sair hoje, só queria deitar na cama e apagar depois de esvaziar mais uma garrafa de bebida, mas eu tinha acabado de jurar pra ela que melhoraria.

Ela apontou pra um calendário velho na parede fazendo uma cara de tédio.

- Dãrrrr, é o seu aniversário, palhaça. Nós vamos comemorar e não vai ser com você caindo de bêbada ou sangrando em algum beco. - Jinx analisava minhas feridas com cuidado enquanto falava. - Aliás, feliz aniversário, esquentadinha!

Antes que eu pudesse responder, Jinx me arrastou pro banheiro e começou a limpar as feridas do meu rosto depois de me fazer engolir dois comprimidos pra dor.
Aceitei de bom grado, era bom ter alguém cuidando de mim.

Love is a battlefieldOnde histórias criam vida. Descubra agora