twenty six

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S/N POV

Eu não posso acreditar. Não posso acreditar que depois de anos minha mãe está aqui, na minha frente, viva. Durante muito tempo eu me apeguei a idéia de que ela estava morta em algum lugar do mundo, eu simplismente não conseguia entender o motivo dela ter me deixado e o porquê de não ter me levado, o medo da rejeição era enorme então eu preferia pensar que ela estava morta e não por aí construindo uma vida próspera e perfeita sem mim.

Mas pelo visto, foi exatamente o que aconteceu. As roupas entregam tudo, a bolsa de grife e o cabelo pintado com os fios completamente lisos e alinhados.

Eu estou sentada durante meu expediente tomando um café com minha mãe que não vejo desde que eu era uma simples criança.

— Como você está crescida... – Ela sorri com os olhos me olhando atentando. — Tão bonita. Aquele com quem falava ao telefone era seu namorado?

— Por quê? – Pergunto simplismente. — Por quê voltou? O que é que está fazendo aqui?

— Minha filha...

— Não. – Aperto os olhos com força. — Não queira tirar o atraso agora, não me pergunte nada, não finja que se importa a essa altura do campeonato, você não está em posição alguma de me questionar algo, mas eu estou. E eu o farei.

— Certo... – Carol suspira. — Eu não sei nem por onde começar, pra ser honesta, tenho tantas coisas pra te falar.

— Por quê não começa me dizendo porque foi embora, sem mais nem menos? – Cruzo as mãos em cima da mesa, a olhando com um olhar firme.

— Você já deve saber o motivo, seu pai. S/n... Eu perdi minha juventude inteira ao lado de um homem que não me amava, que me tratava como lixo, então você nasceu e tudo piorou. Mesmo com todas as agressões, xingamentos, gritos... Eu tentei aguentar mais um pouco, por você minha filha. Acontece que chegou a um ponto que eu não pude mais aguentar, eu precisei sair de casa pra tentar recomeçar a minha vida do 0, foi o que eu fiz.

— E por que caralhos você não me levou? Ao menos deixou um bilhete? Eu passei esses anos todos achando que minha mãe não me queria! Tentei me convencer do contrário, me forcei a pensar que estava morta pra não me vir em mente que você simplismente podia não me amar o bastante pra me levar com você.

— Querida eu sinto tanto... – Ela tenta tocar minha mão mas desvio - a do toque imediatamente. — Eu era jovem S/n, eu não tô pedindo pra que entenda o meu lado, mas como eu poderia carregar uma criança comigo a um destino que era incerto mesmo pra mim? Eu agi por impulso, desespero. Foram os anos mais angustiantes da minha vida, eu pensei em você todas as noites, te via em todos os lugares mas eu não poderia voltar caso não fosse pra te dar um futuro melhor. Mas agora eu voltei, porque eu finalmente posso.

— Do que tá falando? – Indago.

Ela suspira porém mantém um sorriso singelo no rosto.

— Pouco tempo depois que fui embora eu conheci Joseph, ele costumava ser um empreendedor e estava aqui a trabalho, foi como... Não sei, como amor a primeira vista, tínhamos alguma conexão. Eu fiz todo tipo de trabalho por aqui, trabalhei em postos, fui diarista, trabalhei com crianças... Mas eu e Joseph nos apaixonamos, ele me levou pra frança e me ajudou a ser a advogada bem sucedida que sou agora. Não foi fácil, mas graças a ele e ao meu esforço eu tenho a melhor vida que tive em anos.

— Você tem um marido novo e é rica, isso é ótimo. Fico feliz por você. – Digo irônica, pois pra mim ainda não faz sentido o aparecimento dela.

𝘵𝘳𝘰𝘶𝘣𝘭𝘦𝘥 𝘨𝘪𝘳𝘭 - 𝘧𝘪𝘯𝘯 𝘸𝘰𝘭𝘧𝘩𝘢𝘳𝘥 + 𝘺𝘰𝘶Onde histórias criam vida. Descubra agora