𝘵𝘳𝘰𝘶𝘣𝘭𝘦𝘥 𝘨𝘪𝘳𝘭 - 𝘧𝘪𝘯𝘯 𝘸𝘰𝘭𝘧𝘩𝘢𝘳𝘥 + 𝘺𝘰𝘶

twenty eight

NARRADORA ON

As pessoas costumam dizer muito que a vida é feita de fases, falar delas seria um clichê, mas é inevitável não tocar no assunto quando se tem uma vida tão bagunçada quanto a de S/n.

Tudo o que ela viveu, tudo o que ela passou, todas as pessoas que a machucaram... Toda a dor e sofrimento parece algo tão pequeno agora. Ela tem traumas, tem cicatrizes que nunca vão desaparecer, mas neste momento, ela não consegue mais se lembrar de como foi viver anos com um pai abusivo. Como foi ter que aguentar toda a opressão e bullying na escola dia após dias. Como foi... Bem, quase ter seu corpo tocado sem sua permissão.

Isso porque agora ela inicia uma nova fase, um novo ciclo. A vida desastrosa de S/n vai mudar, e mesmo que isso implique em ter que "abrir mão" do relacionamento dela com Finn, é algo do qual ela não pode fugir. Ela precisa sair do país, precisa começar uma vida nova e precisa da mãe dela.

É o que está para acontecer. S/n está indo ao aeroporto, a garota está no carro ao lado de seu namorado Finn Wolfhard num silêncio completamente doloroso.

— Sua mãe já deve estar te esperando, não é? – Finn profere. Falando pela primeira vez desde que eles entraram no carro.

— Sim, possivelmente. – S/n o responde, olhando a paisagem pelo vidro do carro.

— Você pegou tudo? Passaporte, identidad...

— Sim, Finn. – O'connell inspira fundo, soltando o ar de seus pulmões pela boca.

Está sendo difícil para os dois. Finn sabia que em algum momento S/n iria sair de sua casa, sabia que ela iria escapar dos braços dele e viver uma vida onde ele não está, pelo menos não completamente. Mas ele definitivamente não esperava que fosse desse jeito, em outro país, com uma pessoa que já a machucou, longe dele... Longe da proteção dele.

Wolfhard confia cegamente na namorada e se ela acha que esse é o melhor para ela, ele não irá interferir. Mas eu estaria mentindo se dissesse que ele não tem medo do que isso possa resultar. E com razão.

Algum bom tempo depois, os dois chegam ao aeroporto, S/n desce do carro colocando o celular que segurava, no bolso da calça. O porta malas do carro é aberto, Finn ajuda a tirar as malas da garota, que possui tudo de que ela precisa. Roupas, sapatos, livros, enfim...

Então eles entram ao aeroporto ainda calados, não demora muito até acharem a mãe de S/n. Carol estava discando algo no celular, um óculos de sol grande em seu rosto, uma bolsa pendurada no braço com mais uma mala em frente a ela.

Assim que a filha e o garoto se aproximam, Carol sorri largamente, guardando o celular na bolsa e indo abraça - los. Ela da um abraço desajeitado em S/n, que não está acostumada com esse tipo de coisa e da um abraço mais calmo em Finn, que retribui calado.

— Você é mais bonito pessoalmente rapaz. S/n falou um pouco sobre você, mas não imaginei que seria isso tudo. – Ela diz olhando Finn de cima abaixo.

— Agradeço pela gentileza. – Wolfhard profere e força um sorriso. Ele ainda não consegue engolir ou confiar em Carol. S/n nota a tensão e conectada sua mão a dele, tentando acalma - lo.

Durante o tempo em que o vôo de S/n e a mãe não acontece, Finn compra uma água para ele e um suco que S/n pediu. Ele fica sentado com as duas mulheres enquanto a mãe de S/n não para de falar, não é que ela seja inconveniente ou faladeira, ela apenas está tentando amenizar o clima pesado, o que obviamente não está funcionando, mas piorando.