37- Não se Pode Fingir o Amor

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TONI Point of View

A primeira coisa que vi ao abrir os olhos depois do feitiço proibido foi ver Cheryl dormindo na poltrona do quarto de enfermaria. Tentei falar algo, mas não consegui mexer a boca. Bem, um passo de cada vez. Sei que tem duas semanas, mas diante do que fiz, separar minha alma, tenho que estar feliz em estar viva.

Como se soubesse que eu estava observando, Cheryl acordou. Ela vem até mim apressada e me abraça. Tento mexer aos braços para retribuir, mas não consigo. A ruiva me olha profundamente nos olhos e sorri.

- Achei que nunca mais veria o tom de castanho que mais gosto.- consigo mover um pouco a boca, esboçando um sorriso do jeito que dava. Ela se deita ao meu lado e se aconchega.- Que bom que acordou. Eu te amo.- "Eu também", respondi na minha mente.

《Alguns meses antes》

Me encontro com Hope em um beco deserto da cidade. Ela tinha dito que era muito urgente, o que me deixou bastante preocupada com o que poderia ter acontecido.

- Diga.

- Cheryl e Betty foram capturadas pelas tropas de Alvarez.- arregalo os olhos e já me sinto em pânico.- Pelas informações que Helen conseguiu, elas vão ser trazidas como prisioneiras para o palácio.

- Isso não é bom... Avise para o Líder que vou arrumar uma forma de mantê-la vivas.

- Irei avisar. Toni, depois de cinco anos, você está pronta para ver a Cheryl de novo? Quero te relembrar que ela não sabe quem você é e vai ter que manter assim, tanto para sua segurança quanto a dela.

- Eu sei. Eu vou dar um jeito. Não se preocupe.

Sete dias depois, as duas chegaram. Eu já havia sondado a minha mãe e insistido que eu e Veronica queríamos uma serva, mas nada que fosse sobra de outro Goulie ou que já trabalhasse no palácio. De pouco em pouco, eu fui dando a ideia implícita de que Cheryl e Betty deveriam ser nossas servas. Esse foi o jeito que pensei para elas não serem executadas logo de cara e poder cuidar delas mais de perto. O problema era manter meu papel de alguém totalmente sem coração.

Quando Cheryl entrou na sala de treino, eu senti meu coração batendo mais rápido, porém tive que manter minha postura de indiferente. Ela tinha ficado mais bonita, se é que era possível. Só depois que ela me desafiou que eu percebi o quão difícil seria me manter fria. Eu tinha que ensiná-la a obedecer, não porque eu queria mandar nela, mas porque se ela desobedecer um Goulie, ela se daria muito mal. E eu não sei se conseguiria me manter calma se alguém a machucasse. Um dos motivos que foi bem difícil jogar a lança contra ela e causar um pequeno corte em sua orelha. Foi algo bem pequeno, mas fez eu me sentir um lixo depois.

Mas admito que quando ela me desafia algo se acende em mim e eu queria faze-la obedecer, só para provar que eu mandava. Talvez fosse algo do feitiço que minha mãe colocou em mim, embora eu sempre tenha gostado de controle e poder.

Eu não estava preparada para entrar no personagem padrão, por isso eu passei cinco dias me acostumando com a ideia antes de chamá-la para começar a trabalhar. O dia coincidiu com o que tinha que entregar a lacrima para Hope, por isso inventei uma desculpas para fazer compras. Cheryl nunca foi besta e percebeu um vulto passando perto demais de mim, obviamente ela estranhou. Quando o vulto passa perto de mim, era o momento em que eu entregava o pendrive.

Depois de fazer o que realmente importava, eu a levei num restaurante. Claro que arrumei mais uma desculpa tosca sobre ter energia para trabalhar, mas a verdade é que me preocupei com sua perda de peso. Eu precisava que ela estivesse bem para que eu também estivesse. Era incrível como bastou alguns minutos para que tudo que eu sentia voltasse. Talvez Veronica estivesse certa e ela seja o amor da minha vida... O que só me faz preocupar mais por minha mãe estar perto, preferia quando tinha um oceano as separando.

Sombra e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora