Jayce me encarava com olhos assustados após desabafar sua preocupação com seu parceiro de laboratório, Viktor.
Eu sabia que a saúde dele era extremamente debilitada e que segundo os médicos, não havia mais o que ser feito, o seu tempo estava contado.
Viktor era brilhante, sem dúvidas, e muito importante na vida e no trabalho de Jayce.
A dor de Jayce era quase palpável, Viktor tivera um mal súbito e precisou ser hospitalizado as pressas, não sendo possível saber como ele acordaria ou se acordaria.
Por mais que minha relação com Jayce tivesse estremecido pelos acontecimentos anteriores, eu ainda o via como um irmão e me compadecia de sua dor.
- Ele é muito importante pra mim, Cait. Não quero perdê-lo. - Jayce passou as mãos trêmulas pelos cabelos, nervoso.
Caminhei até ele cruzando a sala do laboratório e o abracei. Não havia muito o que ser dito naquele momento, nada faria aquilo passar, então só o apertei forte e o deixei chorar em meu ombro.
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Cheguei tarde no meu apartamento, eu estava mentalmente exausta com o trabalho, com toda a situação de Jayce e com a minha própria, embora eu tentasse não focar nessa última.
Torcia muito pra que Viktor se recuperasse, que houvesse um jeito dele ser saudável outra vez, ele merecia isso.
E quanto a mim, eu ficaria bem. Tentava não pensar muito no meu último encontro com Violet há umas semanas atrás e ocupava minha cabeça o tempo todo como já vinha fazendo há algum tempo.
Após tomar um banho demorado e preparar um chá, me joguei na cama soltando um pequeno suspiro de alívio por aquele dia finalmente estar terminando e por o próximo ser minha folga. Eu realmente precisava dormir um pouco mais, as olheiras embaixo dos meus olhos estavam mais evidentes nos últimos dias.
Fechei os olhos pelo que pareceram minutos, e acordei em um sobressalto com a claridade já entrando pela janela. Quase não acreditei que o relógio marcava 15h25, eu tinha dormido tudo isso? Devia estar muito mais exausta do que pensava.
Já que era minha folga e eu não tinha planos, tomei um banho, organizei algumas coisas em casa e fiz uma visita aos meus pais.
Tomamos chá juntos, respondi ao questionário extenso da minha mãe sobre meus últimos trabalhos e ouvi histórias do meu pai sobre sua juventude. Foi um fim de tarde agradável, minha mãe não cruzou limites e eu não precisei ficar na defensiva com ela. Pela primeira vez em muito tempo, éramos só pessoas comuns compartilhando um momento de paz e apreciando a companhia do outro, sem o peso esmagador do legado Kiramman.
Já havia escurecido quando me despedi deles e saí pelas ruas da cidade sentindo o ar frio contra o meu rosto. Mas o arrepio que fez um choque atravessar minha pele e me congelar no lugar nada tinha a ver com a temperatura baixa, mas sim com a mulher de cabelos cor de rosa encostada na parede em frente ao prédio em que eu morava.
Confesso que eu não estava no clima pra discutir de novo com ela ou me deixar levar como uma idiota apaixonada como na última vez que a vi... Mas eu não tinha escolha, ela ergueu a cabeça e seus olhos encontraram os meus. Senti meu coração acelerar, eu era uma idiota apaixonada, definitivamente.
Pude notar sua respiração acelerada pela forma em que seus ombros se moviam, ela estava nervosa também.
Me aproximei forçando meus pés a não falharem, tentando manter a postura.
- Oi. - Disse com a voz mais firme que consegui.
- Cait, a gente pode conversar? - sua voz era baixa.
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Love is a battlefield
Science FictionQuando Vi disse que as duas eram como "água e óleo", todas as esperanças de Caitlyn se foram. E por mais que Vi desejasse estar com ela, sabia que um abismo separava as duas. Seria possível achar uma forma de fazer isso dar certo, mesmo com a amea...