Era manhã de sábado e eu estava sentada na minha cama, tentando ler um livro e não surtar. Ainda eram 9:00 e eu estava acordada desde às 4:00 horas. Teria que esperar dar, pelo menos, umas 10:00 para ir ver a minha avó e, depois disso, não teria outro lugar para ir.
Suspirei e li a primeira frase do capítulo pela décima quarta vez, disposta a terminar pelo menos aquele capítulo. Mas, assim que terminei a frase, escutei o interfone tocar. Coloquei o livro no colo e esperei, provavelmente, ouvindo coisas. Não tinha ninguém que pudesse ir ali e Tissa tinha a chave, jamais tocaria o interfone.
Como esperado, o interfone não tocou por uns dois minutos, então peguei o livro novamente e li a primeira frase pela décima quinta vez. O interfone tocou novamente.
Bufei e coloquei o livro na cama, me levantando e indo até a sala. Tirei o interfone do gancho e deixei o fio balançar rente à parede. Pelo menos assim ele não faria mais barulho. Sabia que não era ninguém para mim, afinal, desde que eu estava naquele lugar, o interfone só havia tocado duas vezes e, as duas, era por engano, a pessoa havia errado o número do apartamento.
Voltei para a cama e peguei o livro, mas dessa vez ouvi o barulho de uma buzina. Franzi o cenho e olhei para a sacada. Devia ser qualquer carro que passou na rua. Outra buzina, seguida de um grito.
- Zumbi!
- Que? - balbuciei, me levantando rapidamente e correndo para a sacada. Foi quando vi Coruja, de braços cruzados, encostado em um carro, parecia o carro de sua mãe, com uma camiseta azul escura e sua touca preta - Que merda é essa?
- Zumbi, você tem 10 minutos para descer! - gritou.
- Não quero. - respondi, sem entender o porquê daquilo.
- Que?! - franziu o cenho - Você mora muito alto, não dá para ouvir!
- Por que você quer que eu desça? - falei um pouco mais alto, mas, pelo jeito, ele não ouviu, pois continuou me olhando confuso.
- Espera! - sorriu e abriu a porta do carro, me fazendo arregalar os olhos ao ver ele tirando um megafone de dentro - Zumbi. - falou perto do megafone, fazendo o som da sua voz ficar muito alta, de modo que todo o prédio deveria estar ouvindo - Olha, ainda funciona... Oi.
- Para com isso. - olhei para as janelas de baixo, vendo algumas cabeças aparecendo nas sacadas para ver de onde vinha o barulho.
- Oi para vocês também, nosy. - sorriu para as outras pessoas e voltou seu olhar para mim, falando mais alto ainda, o que não precisava, já que ele estava usando um megafone - Você tem 10 minutos para se arrumar e descer aqui, vamos sair! Você ainda está me devendo!
- Para com isso! - gritei para que ele pudesse ouvir, sentindo todo meu rosto queimar de vergonha - Estou te devendo o quê?
- Você está demorando, já está faltando praticamente 9 minutos. - respondeu.
- Droga. - resmunguei e sai da sacada, correndo para o quarto e procurando uma toalha para tomar banho. Eu iria acabar morrendo de vergonha se ele continuasse falando naquele maldito megafone.
Assim que liguei o chuveiro, ouvi ele falar "oito". Bufei e tomei o banho mais rápido da minha vida, talvez, o banho mais rápido da história, e corri para o quarto para procurar uma roupa, ficando ainda mais desesperada ao ouvir o "sete" sendo falado por ele.
- Desgraçado. - resmunguei, pegando uma calça jeans e a olhando.
Não sabia qual roupa deveria usar, afinal, para onde iríamos? Joguei algumas roupas na cama, precisava urgentemente comprar roupas novas. Acabei pegando uma jardineira e uma blusa cinza básica.
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Isso é um Adeus
JugendliteraturSaphira nunca teve uma vida fácil, porém desde que perdeu sua mãe e foi obrigada a morar com seu pai alcoólatra, viu sua vida começar descer uma ladeira sem direito a freio. Dois anos depois dos acontecimentos que arrasaram sua vida, assim que...