💌 21 - Storm 💌

66 7 0
                                    

- Não acredito nisso! - minha avó sorriu.

- Pode acreditar. - sorri, apontando para a cadeira de rodas.

- Que coisa maravilhosa, Saphira. - Naty, a enfermeira, se empolgou, me olhando com admiração.

- Ela pode, não é? - perguntei - Acho que seria bom passear um pouco.

- Claro que posso. - minha avó respondeu, sem dar atenção a Naty - Não vejo a luz do sol há meses!

- Ai, Dona Esmeralda! - Naty fingiu estar ofendida - O Vinicius sempre leva a senhora até o jardim.

- Minha filha, eu preciso ver o mundo mesmo, margaridas e capim não contam como isso. - respondeu em tom de brincadeira.

- Pode levar ela para passear. - Naty se virou para mim - Vem comigo, vou chamar o Vinicius para colocar ela na cadeira.

- Isso, Naty! - minha avó começou a rir.

Naty jogou um beijo no ar para ela e se dirigiu para a porta, dei alguns pulinhos em comemoração, fazendo vovó rir ainda mais e segui Naty.

- Muito obrigada, Naty. - agradeci, quando já estávamos do lado de fora.

- Vai ser bom para ela. - ela respondeu, se encostando na parede - Ela não sai daqui há 3 meses, desde que as pernas perderam a força.

- Você acha que pode ser bom de tal forma que ajude na situação dela? - perguntei esperançosa.

- Claro. - pigarreou - Se divertir é bom e isso é uma coisa muito maravilhosa... mas o cérebro dela é uma... árvore de natal.

- Vários tumores. - conclui - Assim como...

- O restante do corpo. - completou, comprimindo os lábios - É inevitável, Saphira.

- Aham. - respirei fundo, sentindo um aperto no coração - Meu pai está vindo aqui?

- Uma vez na semana, mais ou menos. Mas não demora nem 5 minutos. - suspirou, olhando para longe - Vinicius!

Vinicius era um dos cuidadores, uma pessoa incrível. Seus cabelos batiam em seus ombros, o que dava um visual um pouco praiano para ele.

- Diga. - Vinicius respondeu, se aproximando de nós.

- Precisamos de ajuda com a Dona Esmeralda. - falei, antes de Naty abrir a boca.

Eu só conseguia chamar ela de avó na minha cabeça, para mim mesma. Sentia que as pessoas não me viam como neta e, no fundo, tinha medo dela não ver desta forma também. Então, não tinha coragem de olhar em seus olhos e chamá-la de avó.

- O que a minha rainha aprontou? - Vinicius perguntou alarmado.

- Por enquanto nada. - Naty respondeu - Mas, ela vai dar um passeio!

- Você está louca, Naty? - Vinicius olhou para mim e depois para ela - Ela não está em condições para isso, o pulmão dela não está dando conta do recado.

- Eu sei, Vini. - Naty cruzou os braços - Mas a Saphira comprou uma cadeira de rodas muito boa e já que muitas coisas não estão nas nossas mãos, vamos dar essa felicidade pra ela.

- Por favor, Vinicius. - juntei as mãos, implorando - Por favorzinho... Eu só preciso que você coloque ela na cadeira.

- Ok. - bufou, um pouco contrariado - Mas eu vou com você.

- Ah, não. - balancei a cabeça - Ela já está cansada de ver essa sua cara.

- Você acha que é fácil carregar alguém na cadeira de rodas? - arqueou uma sobrancelha.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora