Acabei acordando meia hora antes do despertador, sem me importar com o fato de ter dormido depois das 1 da manhã, afinal, a ansiedade tomava conta de mim. Na noite anterior, havia ficado conversando com Kayla e Jonas na praça que havia acontecido aquela festa e quando cheguei no apartamento, encontrei uma mochila com cadernos e um uniforme azul em cima da cama. Assim que os vi, não pude deixar de sorrir, pelo menos papai ainda lembrava que minha cor favorita era preto e não comprou nada rosa ou amarelo que eu odiava.
Levantei um pouco mais agitada que o normal, dei um beijo na foto da mamãe na minha cabeceira e fui para a sacada - aproveitando que ninguém tinha acordado - para ver o nascer do sol. Inspirei o ar puro e senti a brisa fria que o lago trazia, sentindo uma paz que eu quase nunca experimentava.
Ao inspirar outra vez, acabei sentindo um cheiro forte, engoli em seco e senti um calafrio percorrer meu corpo.
Caminhei pelo corredor até a sala, encontrando papai deitado no sofá, a mesa de centro, com duas garrafas de vodca que serviam para segurar uma folha de papel. Forcei meus olhos para ler o que estava escrito mesmo sem meus óculos.
- Pai? - chamei, mas não obtive resposta - Pai? Pai!
- Me deixa em paz. - resmungou, se revirando no sofá.
- Pai, você precisa ir trabalhar. - toquei seu ombro.
- Minha cabeça está explodindo! - falou alto, tirando minha mão do seu ombro e se levantando.
- Quer que eu procure um remédio para você?
- Não existe remédio para ressaca, Saphira. - caminhou para seu quarto.
- Talvez parar de beber seja uma opção. - resmunguei, entrando para o meu quarto e fechando a porta.
**
Eu e Kayla caminhávamos pelo corredor lotado de pessoas até onde ela disse ser nossa sala. Segurei a alça da mochila o tempo todo e não olhei para o rosto de ninguém, mas senti todos os olhares curiosos sobre mim. Tentei ficar séria a maior parte do caminho, mas não consegui segurar o riso quando Kayla parou duas vezes para amarrar o cadarço, no exato momento em que dois meninos passavam.
Ela estava de sapatilhas.
- Vamos esperar o sinal bater aqui. - ela me segurou na porta da sala.
- O Jonas também é dessa sala? - perguntei, encostando na parede ao seu lado.
- Provavelmente. - olhou as unhas pintadas de um verde escuro - A escola continua a mesma bosta, nem vi meninos bonitos.
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Isso é um Adeus
Teen FictionSaphira nunca teve uma vida fácil, porém desde que perdeu sua mãe e foi obrigada a morar com seu pai alcoólatra, viu sua vida começar descer uma ladeira sem direito a freio. Dois anos depois dos acontecimentos que arrasaram sua vida, assim que...