💌 22 - Quando os animais falam 💌

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     - Boa noite! - papai me cumprimentou um pouco animado demais, assim que adentrei o apartamento, depois de chegar do trabalho.

     - Boa noite. - respondi, fechando a porta às minhas costas e andando em direção ao quarto.

     - Estava esperando você chegar. - falou, me fazendo parar e encará-lo.

     - Você nunca me esperou. - franzi o cenho, achando aquilo muito estranho.
Estava claro que ele não estava sóbrio, mas também não estava muito bêbado, talvez um pouco alterado.

       - Eu não sabia que animais eram alfabetizados. - falou em tom debochado.

       - Não entendi. - abri um sorriso nervoso.

       - É igual ao Harry Potter?

       - Do que você está falando?

       - Me diz você. - cruzou as pernas, pegando uma lata de cerveja em cima da mesa de centro e a bebericando.

       - Tissa está dormindo? - mudei de assunto.

       - Plantão. - suspirou - Iai?

       - Iai o que? - balancei a cabeça confusa -Você não está falando coisa com coisa, vou dormir.

       - Certeza? - se levantou e com a mão que não segurava a cerveja, me mostrou um envelope aberto.

       Senti meu corpo todo gelar, entendendo enfim o que ele queria dizer. Pisquei algumas vezes, pensando numa forma de pegar o envelope sem ele perceber, mas não consegui pensar em nada que não fizesse meu rosto amanhecer inchado.

       - Animais são alfabetizados agora, Saphira? - balançou o envelope e bebericou novamente a cerveja.

       - Se você conseguiu ler. - resmunguei.

       - Cala a boca! - gritou, sem qualquer animação ou humor - Quem te mandou isso?

       - Pergunte a quem te entregou. - devolvi.

       - Alex não sabe quem foi, mas falou que não é a primeira. - deu um passo a frente, me fazendo dar um para trás - Com quem você está trocando cartinhas de amor? Quem é idiota o suficiente para assinar como "Coruja"? Você realmente quer alguém que te chame de "Zumbi"?

       - Não são cartinhas de amor. - respondi simplesmente e estendi a mão - Mas é para mim, então me entrega.

       - Me responde quem é esse!

       - Desde quando você se importa?

       - Desde quando você virou uma puta? - me olhou indignado e levantou a mão, me fazendo dar dois rápidos passos para trás, me esquivando do tapa que viria.

       - Você está louco?! - comprimi os lábios.

       - Desde quando você beija, Saphira? - respirou fundo e abaixou a mão, como se estivesse tentando se controlar.

       - Eu tenho 16 anos, pai! - bufei, cruzando os braços - De onde você tirou isso?

       - O menino da carta quer te beijar! - me olhou com um misto de curiosidade, desespero e medo - Você é uma criança!

       - Era só o que faltava. - resmunguei.

       - Tissa tem razão, você está se tornando uma puta como sua mãe.

       - Não fale assim dela! - fiz menção de arrancar o envelope da sua mão, mas ele o levantou, tirando do meu alcance.

       - Não é culpa minha se você não aguenta ouvir a verdade sobre sua mãe. - abriu um sorriso vitorioso.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora