Assim que adentrei o apartamento, percebi que ele estava vazio, só havia um leve cheiro de cerveja e uma folha sobre a mesa de centro na sala. Peguei a folha para ler o que estava escrito nela.
Ótimo, eu tinha o final de semana todo para ficar sozinha. Aquilo era tudo que eu precisava.
Por mais que eu tivesse trabalhado até aquele horário, não me sentia cansada o suficiente para dormir. Então, caminhei até a sacada e me sentei no chão, observando o lago e construção que começa a ganhar forma. Apertei o papel que o Coruja tinha me dado, sem saber se deveria abrir ou não.
Mordi meu lábio inferior e abri cuidadosamente o papel, percebendo que não era um simples papel. Era uma carta. Senti meu coração acelerar.
Zumbi,
Isso pode parecer meio ridículo, afinal, ninguém manda cartas hoje em dia, mas acho que você não responderia se eu te mandasse mensagem. Jonas me deu o seu número hoje, depois de você me entregar minha touca e mal olhar na minha cara.
Mas eu olhei para você, para o seu rosto. E vi o quão roxo seu olho estava, assim como seu maxilar e o corte em sua boca. Jonas me falou que você caiu da escada... Sério? Não acredito. Desde que cheguei nessa cidade, já caí da escada aqui de casa umas 5 vezes, enquanto brincava com o meu irmão e em nenhuma das vezes fiquei do mesmo modo que você.
O que me leva a perguntar: O que de fato aconteceu?
Nem sei se vou te entregar essa carta ou seja lá o que isso for... se bem que acho que não resistirei e entregarei. Acho que carta combina com você... é um pouco peculiar, não acha?
Então, eu andei pensando e seja para o que for que você queira um emprego, eu vou tentar ajudar. Não sei porque vou fazer isso. Não tem uma explicação... Apenas senti que deveria fazer e geralmente eu faço o que eu sinto.
Me falaram algumas coisas sobre o seu pai, mas não vou cita-las. Odeio boatos e fofocas... afinal, a gente nunca sabe qual a história verdadeira por trás.
Eu sei que mal te conheço, mas quero te ajudar no que precisar. Seria demais pedir para você confiar em mim e não ficar tão na defensiva sempre que me aproximo?
Espero sua resposta,
Coruja.
Sorri ao olhar para a carta. Ele se importava... se importava de verdade.
Antes que eu pensasse demais e mudasse de ideia, corri para o quarto, peguei um caderno e uma caneta e voltei para a sacada, sentindo o vento frio que vinha do lago.
Batuquei com a caneta sobre o papel. Eu deveria contar? Se eu contasse, o que ele iria fazer? Provavelmente nada... Nos últimos dias eu nem tinha visto papai ou Tissa direito, nada demais tinha acontecido. Talvez fosse verdade, papai não perderia o controle de novo.
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Isso é um Adeus
Roman pour AdolescentsSaphira nunca teve uma vida fácil, porém desde que perdeu sua mãe e foi obrigada a morar com seu pai alcoólatra, viu sua vida começar descer uma ladeira sem direito a freio. Dois anos depois dos acontecimentos que arrasaram sua vida, assim que...