💌 2 - Queen's 💌

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     Observei meu novo quarto: pequeno, mas impressionantemente acolhedor. As paredes brancas me lembravam os hospitais e, como tinha passado os últimos meses dentro de um com minha mãe, também era algo familiar. Havia um relógio em cima da pequena penteadeira do lado esquerdo da porta da sacada, fazendo meu estômago roncar ao ver as horas.

       Ainda não tinha conhecido a Tissa, ela estava tomando banho quando chegamos e, sinceramente, não sabia se queria conhecer. Não sabia se ela seria uma madrasta da história da Cinderela ou se iria querer ser uma espécie de mãe para mim. Não sabia qual era pior. Claro que não queria ser maltratada, mas também não queria que alguém ocupasse o lugar da minha mãe. Enquanto os pensamentos rondavam minha cabeça, abri a mala e observei as poucas coisas que havia trago, tirei meus óculos, cocei meus olhos e voltei colocá-los. 

       - Vamos almoçar no Queen's. - a voz do meu pai me fez virar para encará-lo na porta - Tissa já está pronta, depois ela vai te levar para conhecer a cidade.

     - E você? Não vai junto? - passei a mão pelas minhas roupas, desamassando-as e peguei meu celular.

     - Depois do almoço tenho umas coisas para fazer. - tossiu.

     - Tudo bem. - respirei fundo.

     O segui para fora do quarto, andando pelo pequeno corredor até a sala e enfim, me encontrando com a Tissa. Ela não era feia, isso eu tinha que admitir, o cabelo loiro realçava a pele branca e lisa dela, mas minha mãe era mais bonita, com os cabelos negros iguais aos meus.

     - Oi, querida. - sorriu e me estendeu a mão.

     - Oi. - tentei sorrir e apertei a sua mão.

     - Espero que vocês se deem bem. - papai abriu a porta para passarmos.

     - Nós vamos. - Tissa entrelaçou os dedos dela nos de meu pai.

     - É. - dei de ombros e passei por eles. Depois, descemos de elevador e caminhamos pela rua deserta.

      - Me conta, Sasa. - Tissa começou - Como foi a viagem?

     - Saphira. - corrigi - Foi boa... bem aérea.

     - Pode chamar ela de Brita. - papai começou a rir - Eu chamava ela assim. - Nas raras ligações, completei mentalmente.

     - Isso mesmo: chamava. - respondi ríspida - Isso é totalmente o oposto do significado que a mamãe tanto falou para mim.

     - Mas eu também te chamava de Branca de Neve. - papai rebateu, me fazendo revirar os olhos.

     - Este apelido combina com ela. - Tissa falou, enquanto virávamos a esquina e o cheiro de fritura preenchia o ar - Se me permite falar, sua mãe não tinha muito bom gosto para nome, quem coloca o nome de uma pedra na filha? Temos que arrumar um apelido.

     - Eu gosto do meu nome. - parei para encara-lá, levantando o meu queixo - E não que seja da sua conta, mas minha mãe tinha um ótimo gosto.

      - Saphira, cuidado com suas palavras. - papai me repreendeu, fazendo sinal para continuar andando, obedeci, acelerando meus passos - É uma criança ainda, você tem que entender, ela só tem 14 anos. - o ouvi falar para Tissa.

       - Eu tenho 16 anos, pai. - resmunguei para mim mesma - E pelo jeito você também não se lembra que hoje é meu aniversário.

      Parei de andar ao chegar em um enorme restaurante, lanchonete, padaria... não sei o que aquilo era direito, e li o nome da fachada: QUEEN POTATO'S. Que diabos era aquilo? Por que o nome em inglês se estavámos no Brasil?

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora