💌47 - Janela💌

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As provas de final de ano estavam chegando e, pela primeira vez na minha vida, estava com a corda no pescoço em duas matérias: física e matemática. Contas já não eram as coisas mais fáceis de serem realizadas e, como nos últimos meses a minha vida estava conturbada demais, não conseguia me concentrar nas provas, muito menos naqueles números.

Mas agora não tinha opção. Não iria repetir o segundo ano por causa daquilo. Não podia repetir. Se isso acontecesse eu ficaria oficialmente louca.

Esse fato não parava de me preocupar enquanto caminhava com Coruja quando saímos da escola. O tempo estava nublado, grandes nuvens escuras cobriam o céu, indicando que logo começaria a chover; o vento fazia os pelos do meu braço se arrepiarem e sentia que meu nariz estava gelado, provavelmente muito vermelho também.

- Onde você vai almoçar? - Coruja quebrou o silêncio, balançando nossas mãos que estavam entrelaçadas.

- Não sei... acho que só vou passar no asilo um pouco e ir para o apartamento estudar. - respondi, olhando para nossas mãos - Estou muito preocupada com as provas.

- Pelo menos você precisa se preocupar com apenas duas matérias. - respirou fundo - Eu estou fodido, as únicas que não preciso me preocupar é inglês e português. De resto.... estou bem fodido.

- Mas você vai conseguir passar, você é super inteligente. - falei, abrindo um pequeno sorriso. E era verdade, quanto mais tempo passava com ele, mais percebia o quanto ele era inteligente; a única coisa que fazia ele ir mal nas matérias era não se importar com isso, apenas dormir nas aulas - Posso te ajudar em algumas coisas se precisar.

- Você que é super inteligente, não precisa se preocupar com essas provas. Você vai conseguir. - apertou a minha mão - Vamos lá para casa então, almoçamos e estudamos até mais tarde.

Pensei um pouco e dei de ombros, não tinha muito o que fazer mesmo, apenas estudar. Ter ele para fazer companhia iria ser mil vezes melhor.

Enquanto andávamos até sua casa, me peguei pensando no quanto parecia que estávamos namorando, as pessoas também comentavam isso, porém, nunca tocamos no assunto para saber o que realmente estava acontecendo entre a gente. Acho que no fundo, não queria conversar sobre aquilo também, estava confortável com o que estava acontecendo e da maneira como estava acontecendo.

Ele também não parecia se preocupar com isso e, por algum motivo, achava aquilo bom.

Almoçamos junto com Cris e Hugo, enquanto conversamos sobre coisas aleatórias do dia-a-dia, como sobre como Hugo estava aprontando na escola ou sobre como a Storm estava impossível nos últimos dias já que não parava de uivar durante a noite e não deixava ninguém dormir.

Após isso, Coruja e eu subimos para o seu quarto. Já havia entrado na casa dele algumas vezes, mas ainda não tinha ido para o seu quarto. Fiquei parada na porta um pouco incerta, não queria que Cris pensasse coisas sobre mim, mas ela não pareceu se importar, apenas continuou sentada na mesa da cozinha enquanto ajudava Hugo com as tarefas.

Hugo realmente odiava matemática e, não parava de expressar seu ódio, enquanto Cris pacientemente tentava ajudar ele com alguns palitinhos de dentes.

- Vai ficar parada aí? - Coruja perguntou, se sentando na cama e apoiando suas costas na cabeceira.

Olhei para ele e semicerrei os olhos, entrando e fechando a porta às minhas costas. Tirei minha mochila das costas e a coloquei no chão, ao lado da sua, me sentando na beirada da cama.

Olhei para o quarto ao meu redor, observando a grande estante de livros em um canto, assim como uma mesa com um computador ao lado; na outra extremidade estava uma bateria cinza muito bem cuidada e duas baquetas de madeira jogadas no chão. Ainda, havia uma porta que levava ao banheiro no canto direito do quarto, que cheirava a desinfetante.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora