💌 40 - A vida 💌

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Meu pé suava e coçava tanto dentro da bota que, quando cheguei ao apartamento, me sentei no sofá e a tirei, suspirando aliviada ao sentir meu pé livre por alguns minutos. Olhei para a cozinha, percebendo que essa estava completamente suja, com a pia cheia de louças. Respirei fundo e me levantei, pegando a mochila e indo até meu quarto.

Teria que tomar um banho e dar um jeito naquela bagunça, talvez, isso me ajudasse a cansar mais ainda e dormir.

Quando estava na porta do quarto, ouvi uma tosse fraca dentro do quarto em frente ao meu, que estava com a porta fechada. Mal via Tissa desde a morte do meu pai; ela quase sempre estava no trabalho e eu saia cedo para a escola e só voltava meia noite depois do trabalho. Era como se eu vivesse completamente sozinha. Por uma parte, isso era bom, mas muito estranho também.

Coloquei minha mochila em cima da cama e manquei até o outro quarto, batendo na porta e ouvindo um murmúrio que pensei ser mandando entrar; por isso, abri a porta, torcendo para ter entendido certo.

- Tissa? - chamei, o quarto estava completamente escuro - Está tudo bem?

- Oi. - ligou o abajur ao lado da cabeceira, me fazendo ver seu rosto. Ela estava com grandes olheiras abaixo dos olhos, o branco do seu olho estava extremamente vermelho, seus lábios pálidos, seu nariz escorrendo e sua voz rouca - Crise de enxaqueca e a porra de um resfriado que está pegando todo mundo do hospital.

- Meu Deus. - me aproximei, sentando na beirada da cama e colocando a mão em sua testa, sentindo ela quente, mas molhada de um suor frio - Você está queimando em febre, Tissa. - olhei para os lados, pensando no que fazer - Você já tomou remédio? Comeu alguma coisa? Quer ajuda para tomar banho?

- Relaxa, Samira. - tirou minha mão de sua testa - Eu vou ficar bem.

- Claro que vai, mas precisa de remédios e um banho. - sorri e enruguei o nariz - Me desculpa, mas você está fedendo.

- Você também, odeio esse cheiro que suas roupas ficam quando você volta do trabalho. - abriu um sorriso fraco.

- Vem. - revirei os olhos e me levantei, estendendo a mão e a ajudando a se sentar na cama - Toma um banho que vou ver algum remédio para você tomar e arrumar alguma coisa para comer.

- Você precisa parar de ser boazinha. - comprimiu os lábios, se levantando - Você só vai sofrer e ser pisada se continuar assim.

- Eu não sou boazinha. - falei baixo, olhando para o meu pé machucado, enquanto andávamos lentamente para o banheiro.

- Você é. - encostou no batente da porta do banheiro - Pise nos outros antes que eles pisem em você.

- Isso não é conselho que se dá a uma pessoa. - franzi o cenho, ligando o chuveiro, enquanto ela tirava a roupa - A febre está te fazendo mal.

- Mas é um conselho que você deveria seguir.

Saí e fechei a porta do banheiro, ignorando o que ela disse.

Caminhei lentamente até a cozinha e abri a geladeira, procurando algo para fazer. Não era uma boa cozinheira, mas sabia me virar. Na verdade, sabia colocar umas coisas na panela e fazer sopa e, foi isso que fiz. Peguei alguns legumes da geladeira e coloquei para cozinhar com um pouco de tempero, torcendo para ficar comestível.

Enquanto cozinhava, comecei a lavar as louças, mas não consegui ficar em pé por muito tempo, apoiando só um pé no chão, portanto, tive que me sentar a cada cinco minutos.

Quando ouvi Tissa sair do banheiro, peguei a caixa cheia de remédios e comecei a ler as bulas. Achei um próprio para enxaqueca e outro para febre, os coloquei em minha mão e levei para ela com um copo d'água. Depois, voltei para a cozinha, coloquei a sopa em um prato e me dirigi ao quarto novamente, lhe dando o prato e me sentando na beirada da cama enquanto ela comia lentamente.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora