💌 14 - O ser invisível 💌

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       A casa de Jonas era quase na saída da cidade, o que não a tornava tão longe, apenas uns 20 minutos de caminhada, que com a conversa que fluía entre nós, parecia bem mais perto.

       - Lar doce lar. - Jonas apontou para uma casa verde mediana, com margaridas logo na entrada.

       Kayla não esperou ele abrir o portão, já que fez isso por si mesma e entrou, se agachando em seguida para brincar com um cachorro amarelado. Jonas estendeu a mão, me encorajando entrar e assim o fiz.

       - Qual o nome dele? - perguntei, me agachando para passar a mão no ser peludo e fofo.

       - Rodolfo. - Jonas sorriu.

       - Oi Rodolfo. - sorri e o acariciei, enquanto o mesmo abanava o rabo.

       - Kayla! - uma voz às minhas costas me fez levantar com um pulo.

       - Oi, Tia! - Kayla correu e abraçou uma mulher negra.

       - Oi. - sorri para ela, a abraçando rapidamente.

       - Você deve ser a Saphira. - me segurou pelos ombros - Entrou em uma briga, mocinha?

       - Uma briga com uma escada, mamãe. - Jonas falou, dando um beijo no topo de sua cabeça - O almoço está pronto?

       - Está sim, amor. - sorriu para ele e se voltou para mim - Se sinta em casa.

       - Obrigada. - abri um sorriso sem graça e os acompanhei, adentrando a casa.

       - O que tem para o almoço, tia? - Kayla perguntou, se sentando à mesa, assim como Jonas.

       - Fiz as panquecas que você adora. - piscou para Kayla - Você também vai adorar, Saphira.

       - Tenho certeza que vou. - ajeitei os meus óculos e a touca que ainda não tinha devolvido ao Coruja, me sentando ao lado de Jonas.

       - Carlos já deve estar chegando. - dona Laura colocou uma travessa sobre a mesa e se sentou.

       - Já vou avisando que não posso comer muito. - Kayla falou, estralando os dedos - Ouviram falar do curso de modelos? 

       Eu e Jonas balançamos a cabeça negativamente.

       - Eu vi alguma coisa sobre isso na televisão. - dona Laura deu de ombros.

       - É a minha melhor oportunidade de sair desse buraco. - Kayla sorriu.

       - Como assim? - arqueei uma sobrancelha.

       - Jovens de 15 a 19 anos vão se cadastrar e três serão escolhidas para participarem de um curso de modelos na capital. - Kayla soltou um suspiro sonhador - Lá nós vamos fazer fotos e quem sabe até propagandas... Vai ser demais!

       - Nós? - Jonas arqueou uma sobrancelha.

       - Claro. - deu de ombros - Com certeza eu serei uma das escolhidas.

       - É uma grande oportunidade. - concordei, com a voz distante.

       Não conseguia me concentrar naquilo. Meus pensamentos viajavam para a noite passada e para a manhã daquele dia. 

       Minha ficha ainda não havia caído.

       Toquei o corte na minha boca e tentei pensar no que eu poderia fazer a respeito. Eu achava que a diretora poderia me ajudar, afinal, ela deveria ter estudado para conseguir o cargo de diretora. Então, ela deveria ter lido livros e estudado sobre violência, não é?

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora