💌 12 - Excluída 💌

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       - Você me traiu! - papai gritou, segurando o braço de Tissa.

       Olhei para os cacos dos porta-retratos que costumavam ficar na estante. Balancei a cabeça tentando colocar meus pensamentos em ordem e fiz menção de correr para pedir ajuda. Mas antes que eu pudesse, papai soltou Tissa, trancou a porta e apertou meu braço.

       - Vai para o seu quarto e não saia de lá. - olhou em meus olhos, me fazendo perceber que ele dormiria a qualquer momento por causa do álcool no sangue.

      Meu coração começou acelerar, assim como a minha respiração.

      Olhei para Tissa encolhida no canto da sala, os olhos vermelhos e inchados, um pequeno corte na sua sobrancelha esquerda e o canto da boca extremamente vermelho, indicando que logo ficaria roxo.

      Eu já tinha visto mamãe em situações parecidas… Claro que eu era praticamente um bebê, mas vê-la naquela situação acionou algo em minha memória e pude ver minha mãe ali. As imagens começaram a se misturar.

       Pisquei várias vezes tentando voltar para a realidade. Puxei meu braço, fazendo papai soltar e caminhei até Tissa.

       - Vem comigo. - peguei na mão dela.

       - Ela fica! - papai gritou, me empurrando para longe dela - Essa desgraçada fica!

       - Eu não fiz nada, meu amor. - a voz de Tissa saiu embargada - Eu juro... você precisa acreditar em mim.

       - Eu quero é que você morra! - sua mão acertou o rosto de Tissa, fazendo ela cair no chão.

       - Para, pai! - tentei segurar o seu braço para impedir que ele acertasse Tissa novamente, mas apenas senti seu cotovelo me acertar e quebrar meus óculos, me jogando para trás.

       Coloquei a mão no olho, sentindo a dor subir para a minha cabeça e comecei procurar o meu celular. Não conseguia ver quase nada sem meus óculos e com as lágrimas que ameaçam cair.

       - Por que?! - papai gritou, segurando Tissa pelo pescoço.

       - Para! - gritei. Não adiantou nada. O desespero começava tomar conta de mim.

      Onde estavam as drogas dos vizinhos agora? Eles escutavam quando papai decidia dar um show na sacada, mas não escutavam aquela gritaria?

       Digitei o número da polícia e coloquei para chamar.

       - A Sa... - Tissa resmungou, pela falta de ar - O celular...

       Papai soltou ela e se virou para mim. Senti meu coração acelerar e minhas mãos começarem a adormecer, assim como minha garganta fechar, indicando que um ataque de pânico estava começando. Não podia me descontrolar. Aquilo não podia acontecer.

       - Desliga o celular, Saphira. - sussurrou, agora suas mãos estavam no meu pescoço.

       - Departamento de Polícia, Boa noite. - ouvi a voz de uma mulher.

       - Desliga. - Tissa sibilou sem emitir som.

       - Eu... - comecei, enquanto as mãos de papai apertavam ainda mais meu pescoço, fazendo minha visão escurecer - Preciso...

    Minhas mãos perderam as forças e deixei o celular cair no chão, me desvencilhei das mãos dele ao sentir que o chão iria me engolir. Olhei para o sofá que parecia ter grandes olhos, então, perdi as forças das pernas e me sentei no chão, sentindo o aperto dentro do peito aumentar. Minha visão começou a ficar cada vez mais embaçada, enquanto eu tentava controlar minha respiração.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora