💌 28 - Detenção 💌

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Parei na porta da cozinha e encarei o rosto do papai com atenção.

Aquilo era novidade.

- Apanhou? - perguntei, me referindo á seu olho roxo.

- Vai logo pra escola. - abriu a geladeira e pegou gelo, colocando no olho.

- O que aconteceu?

Não era certo, mas tinha que admitir: ver o olho dele roxo me causou uma certa satisfação. Muita satisfação.

- Briga no bar.

- Então, você também apanha de vez em quando. - suspirei - Interessante.

- Você quer mesmo testar minha paciência hoje? - bufou.

- Jamais. - respondi sarcástica - Tissa tem corretivos poderosos, talvez ajude esconder.

Eu estava com um humor um pouco peculiar naquele dia.

- Sai daqui! - gritou, fechando os olhos e respirando fundo, quando fiz menção de sair - Não... espera. Tenho que falar uma coisa com você e estava me esquecendo.

- Fala. - apertei meus pulsos, por desconfiar do que se tratava.

- Você sabe que tudo que faço ou já fiz... foi pensando no melhor, não sabe? - continuou com os olhos fechados, parecendo sentir dor no olho machucado.

- Seja específico.

- Você sabe, Saphira.

- Que você considera viver bêbado o melhor. - balancei a cabeça - Legal.

- É tudo por amor.

- Amor?

- A diretora ligou para a Tissa.

- Sabia que tinha algo por trás dessa conversa.

- Cuidado com o que você vai falar para essa psicóloga. - avisou - Fale sobre os seus traumas de infância, sei lá.

- Você é o meu trauma de infância. - dei as costas a ele, indo para a sala.

- Estou falando sério, Saphira. - veio atrás de mim - Você pode acabar com a minha vida se falar demais, é isso que quer? Você quer acabar com a vida do seu próprio pai?

Balancei a cabeça e engoli em seco.

- Pense nisso. - colocou a mão no meu ombro, mas me afastei - Com quem você moraria se algo acontecesse comigo? Com a Tissa? Em um orfanato? Porque Raquel não quer responsabilidade para ela.

- Tchau. - abri a porta e sai, pegando o caminho para a escola. Não queria e não podia ouvir mais nada.

Nunca quis ir em uma psicóloga, não que achasse ruim, nem nada de tipo. Eu admirava qualquer pessoa que conseguisse ficar ouvindo sobre a vida alheia e tentasse ajudar com total discrição. Outra coisa me incomodava: todo mundo naquela cidade era um bando de fofoqueiro que julgava a vida alheia, por que essa psicóloga seria diferente?

Não iria correr aquele risco.

- Bom dia. - Jonas me cumprimentou sonolento, assim que me sentei na cadeira ao seu lado - Animada para a detenção?

- Super. - ironizei, olhando para o fundo da sala e encontrando Heitor dormindo.

- O que foi? - Jonas me olhou com atenção - Saphira, você está gostando...

- Não! - interrompi, arregalando os olhos - O que? Jamais... De onde você tirou isso?

- O jeito que você olhou para ele.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora